Amanda Oliveira
DE PALMAS (TO)
Com a proposta de incentivar novos hábitos alimentares, a oficina sobre Plantas Alimentícias não Convencionais (PANCs), ocorrida nesta quarta-feira, 29, no Centro Agrotecnológico de Palmas, ofereceu informações importantes sobre as várias espécies de plantas disponíveis, as formas de manejo e uso na alimentação. A iniciativa teve a frente o Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins), a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuaria e Aquicultura (Seagro), o Centro Universitário Luterano de Palmas (Ceulp/Ulbra), e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), fazendo parte da programação da Semana dos Alimentos Orgânicos, com ações até esta quinta-feira,30 de maio.
Conduzida de maneira participativa, a capacitação promoveu ampla interatividade entre os participantes, que dividiram experiências e saberes locais. As PANCS, conhecidas como alimentos saudáveis por serem ricas em nutrientes e livres de agrotóxicos, foram apresentadas por meio de palestras e visitações a unidade demonstrativa, implantada no espaço do Ruraltins, dentro do Centro Agrotecnológico.
Para o Presidente do Ruraltins, Fernando Silveira, o evento foi de grande importância porque teve a função de difundir conhecimentos sobre o que são as PANCs, além de divulgar e organizar o crescimento dessa cadeia produtiva.
“O mercado das plantas alimentícias não convencionais vem crescendo muito e chamando a atenção da sociedade. A agricultura familiar tem contribuição significativa no setor, porque já utiliza várias espécies dessas plantas na alimentação, de geração em geração, e cabe a nós incentivar o resgate da cadeia que diversifica e fortalece o setor”, disse o presidente do Ruraltins.
Fernando Silveira, presidente do Ruraltins ressaltou o trabalho do órgão no sentido de incentivar o crescimento do mercado das Pancs - Amanda Oliveira/Governo do Tocantins
A gerente de Sociobiodiversidade da Seagro, Dilciane Barbosa, destaca que a pasta também busca a qualificação da atividade, no intuito de contribuir com os produtores rurais na identificação deste nicho de mercado.
“Nossa proposta na difusão de conhecimentos é ampliar a produtividade, incentivando os produtores a entenderem as formas de comercialização, e como se adequarem ao mercado”, avaliou.
De acordo com a pesquisadora da Embrapa, Hellen Christina Guerreiro de Almeida, diversas tecnologias, tanto de domínio publico quanto desenvolvidas pela instituição, são voltadas para o desenvolvimento da agricultura familiar. “As Pancs estão na pauta da Embrapa e já têm várias pesquisas sobre a temática”, frisou.
A Coordenadora da Comissão de Produtos Orgânicos do Tocantins e Unitas Agroecológica, do Ceulp/Ulbra, Conceição Previero, ressalta que o consumo de plantas alimentícias não convencionais, embora não pareça, já está incluso na nossa alimentação. “Podemos citar como exemplos a folha da taioba, a vinagreira, as plantas regionais como o pequi, o buriti, as palmeiras, enfim, hoje o consumo está vinculado aos hábitos e até a uma questão cultural. Isso faz com que muitas pessoas, que ainda não conhecem, passem a valorizar essa diversidade de alimentos de alto valor nutricional, o que acaba sendo bastante positivo”, avalia.
A estudante de permacultura, que visa sistemas agrícolas mais produtivos e sustentáveis em equilíbrio e harmonia com a natureza, Adriene Rodrigues, destaca a importância da oficina.
“Vendo do ponto de vista mais amplo, acredito que é uma forma de quebrar o sistema. Quem estuda permacultura acredita nisso, entendendo que as pessoas sejam capazes e consigam produzir seus próprios alimentos e sejam sustentáveis, independentes de ter um sistema. Através de oficinas como essa é que se ensina os produtores e futuros consumidores de alimentos não convencionais, de que existem outras formas de produzir e consumir. É muito importante obter esse conhecimento e que seja disseminado”, observou.
Acley Rodrigues Silva, engenheiro ambiental e consultor de meio ambiente, disse que o objetivo em participar do curso foi conhecer um pouco mais sobre as PAncs, e multiplicar esse saber, já que trabalha com recuperação de áreas degradadas.
“Podemos utilizar essas espécies para ajudar algumas comunidades, e por questão de saúde. São plantas que agregam muito valor nutricional e são livres de agrotóxicos. Isso é importante para que cada dia estejamos familiarizados com esse tipo de alimento. Meu objetivo foi alcançado, quero multiplicar esse conhecimento ao publico que assisto e levar como alternativa de recuperação de áreas degradadas”, disse.
Ao final da oficina os participantes degustaram um delicioso cardápio alternativo com receitas utilizando plantas alimentícias não convencionais, a exemplo de arroz com tomates e beldroegas.
Receita servida na oficina (Arroz, tomates e beldroegas)
Ingredientes: 1 xícara de arroz integral, 3 xícaras de água,1 cebola picada, 3 tomates cortados em pedaços, sal grosso marinho e 2 xícaras de beldroegas (as folhas e alguns caules mais tenros).
Modo de preparo:
Refogue a cebola em um pouco de azeite. Junte o tomate, o arroz e deixe refogar um pouco, mexendo frequentemente. Junte a água e tempere com sal. Tampe e deixe cozinhar por 15 minutos. Passado esse tempo inclua as beldroegas e envolva. Deixe cozinhar por mais 10 minutos ou até o arroz estar seco. Desligue e deixe descansar por uns 5 minutos. (Do Ruraltins)
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