Dando prosseguimento à abordagem, conversamos, dessa vez, com Alberto Figueiredo, da ABRALEITE, e Diretor Técnico da SNA.
Viés de alta
Para Figueiredo, essa redução de renda torna a atividade financeiramente inviável para a maioria dos produtores. Embora haja um dever de casa que precisa ser feito, visando reduzir custos de produção, a causa mais expressiva dessa “crise” está em um desequilíbrio entre a oferta e a procura, provocada por dois fatores principais: aumento de oferta por conta de importações, principalmente do MERCOSUL, cujos países de origem subsidiam diretamente os produtores, e manipulam, à revelia do mercado, a cotação do dólar, para estimular exportações, conjugada com uma redução de consumo interno de produtos lácteos, provocada pela incerteza e pelo achatamento de renda da população.
Diante desse quadro, e considerando que os preços dos produtos lácteos, principalmente na Argentina, carregam fatores concorrenciais inadequados (subsídio e cotação artificial de câmbio), a principal reivindicação é a de que o Governo Federal limite essas importações danosas à economia de um setor tão importante para o país, quer sob o ponto de vista econômico, de médio e longo prazos, e, principalmente social, dado o número de famílias e empregos diretos e indiretos envolvidos.
Aceno do governo
Por questões políticas, há resistência do Governo Federal em adotar qualquer restrição às importações.
Houve um aceno do Governo, no sentido de produzir e publicar um decreto que diminui o percentual de aproveitamento de crédito presumido de impostos federais para as indústrias que manipulam leite “in natura”, que realizarem importação de produtos lácteos. Decreto esse que só entrará efetivamente em vigor 90 dias após a publicação, e que afeta um percentual relativamente pequeno dos responsáveis pelo processo de importação de lácteos.
Diante do impasse, as entidades representativas da cadeia produtiva do leite, entre as quais a ABRALEITE, continuam debatendo possíveis soluções de curto e médio prazos, enquanto o mercado não regula, pela única lei, que não foi escrita ou votada, que é a da oferta e da procura, a remuneração a cada segmento da cadeia produtiva do leite.
O ideal seria que as margens de cada segmento fossem negociadas previamente, permitindo que parâmetros éticos prevalecessem sobre as distorções que ocorrem, por conta de uma constante medição de forças entre os setores envolvidos, principalmente indústrias e varejo. Esse jogo de perde e ganha constante, torna a cadeia leiteira pouco competitiva, diferentemente das demais, que conseguiram convivência mais ética e harmoniosa, complementou Figueiredo. (Da SNA)
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