Criada em 27/03/2018 às 16h22 | Política brasileira

Apesar de queda brusca nos investimentos na Agricultura, Marcelo Miranda cita avanços rurais em vídeo de despedida

Cassado pelo TSE por uso de “caixa 2” na campanha de 2014, gestor faz questão de citar avanços do setor do campo como, por exemplo, benefícios aos pequenos agricultores tocantinenses, mesmo com números negativos em relação aos investimentos na principal secretária do setor.

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Marcelo Miranda: “Deixamos a agricultura familiar mais forte. Aumentamos mais de 300% a entrega de títulos de regularização fundiária. Na região Sudeste,colocamos fim ao sofrimento com a seca que assola os municípios." (foto: Pedro Barbosa)

DANIEL MACHADO E CRISTIANO MACHADO
DE PALMAS (TO)

Apesar de praticamente não promover investimento por parte da Seagro (Secretaria de Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária do Tocantins), o governador cassado Marcelo Miranda (MDB), em vídeo de despedida de 2min18seg, destacou alguns avanços rurais que, segundo ele, ocorreram na gestão que comandou de 2015 até esta terça-feira, 27 de março de 2018.

Na mensagem, Marcelo não cita a Seagro e nem qualquer valor financeiro da pasta. Tampouco faz referência direta aos outros órgãos do setor. O espaço reservador para o campo é de cerca de 20 segundos.

“Deixamos a agricultura familiar mais forte. Aumentamos mais de 300% a entrega de títulos de regularização fundiária. Na região Sudeste, colocamos fim ao sofrimento com a seca que assola os municípios. Entregamos mais de 11 mil cisternas, além das barraginhas, que ajudam o produtor rural a manter plantações e animais”, destacou o político.

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O pagamento de investimento da Seagro já havia despencado de 2015 para 2016, caindo 84,95%, conforme havia informado o Norte Agropecuário. Mas, em 2017, a situação foi muito pior, com a pasta pagando apenas R$ 689 mil de um total de mais de R$ 23,3 milhões.

Na época da reportagem, o governo deu uma série de explicações, entre elas que o investimento era maior, pois não se poderia considerar apenas os valores pagos e que outras pastas da administração estariam fazendo investimentos.

O governo atual chega ao fim também sem apresentar um balanço, com números e dados em relação aos feitos na área agrícola. Em abril do ano passado, o Norte Agropecuário publicou reportagem com produtores e empreendedores do campo de diversas regiões do Estado. Eles disseram o que a gestão estadual deveria fazer para atender aos anseios da classe produtora. Eles esperavam do governo do Estado menos burocracia, infraestrutura, carga tributária justa e atração de indústrias.

O governador do Estado, na época, não quis se pronunciar, a pedido do Norte Agropecuário em relação aos temas levantados pela classe produtora.

GESTÃO SEM COMANDO

O governo do Estado amanheceu a terça-feira, dia 27, sem comando em todas as secretarias. Motivo: exoneração de 70 gestores, entre secretários, secretários executivos, presidentes e vice-presidentes de autarquias e fundações. Todos são membros do primeiro escalão do governo Marcelo Miranda.

A falta de gestores também atingiu as pastas relacionadas ao agronegócio do Estado, que tem no setor a principal atividade econômica e vê no campo a fonte que mantém os números positivos da balança comercial. Isso porque entre os demitidos estavam os titulares e chefes imediatos da secretaria da Agricultura, da Adapec (Agência de Defesa Agropecuária) e Ruraltins (Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins).

A publicação das exonerações foi feita na noite dessa segunda-feira, dia 26. Porém, a medida vale para esta terça-feira, dia 27. A formalização das exonerações ocorreu no dia que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) publicou o acórdão do julgamento que culminou com a cassação do mandato do governador Marcelo Miranda e de sua vice, Cláudia Lélis, por crime de “caixa dois” na campanha de 2014. O TSE determinou ainda eleições suplementares no Estado. Nesta terça-feira, dia 27, o presidente da Assembleia Legislativa do Tocantins, Mauro Carlesse, assume o governo interinamente. Ele deve dar posse aos membros do primeiro e segundo escalões do governo transitório.

PREJUÍZOS AO SETOR

O Norte Agropecuário procurou ouvir representantes e líderes do agronegócio sobre os prejuízos ao setor com a instabilidade política no Tocantins. O presidente da Coapa (Cooperativa Agroindustrial do Tocantins), Ricardo Khouri, lamentou que o Estado tenha sofrido a terceira interrupção de gestão do Palácio Araguaia num intervalo de menos de nove anos, com reflexos para todos os setores.

Para ele, o setor produtivo, como um todo, sofre as consequências. “O que nos causa preocupação e apreensão é que pela terceira vez sofremos interrupção de governos. Isso causa estranheza muito grande no público fora do Estado, que é o público que atuamos”, disse, se referindo ao fato da perplexidade com a insegurança jurídica no Estado de investidores de outros Estados e países que compram os produtos agrícolas produzidos no Tocantins.

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