Criada em 14/04/2021 às 10h42 | Mercado

Com redução de até 45% na produção, frigoríficos suspendem abates; situação de pequenos e médios é 'dramática', diz Abrafrigo

A partir de agora, no entanto, economistas alertam que os valores podem aumentar ainda mais para o consumidor final. É que, com a decisão dos frigoríficos de suspender o processamento de carne, a demanda pode superar a oferta.

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O presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Paulo Mustefaga, classificou de “dramática” a situação de indústrias de médio e pequeno porte no Brasil. Com redução nos abates por falta de gado, alguns empreendimentos suspenderam as atividades. “Uma planta que opera com 50%de ociosidade ou às vezes até mais fica numa situação muito difícil. Porque ela tem custos elevados e a receita está baixa por estar operando muito abaixo da capacidade, com dificuldade de honrar os compromissos”, pontua Mestefaga. As informações são da Revista Globo Rural e da Scot Consultoria. A informação está disponível no portal da Abrafrigo na internet.

Este é o pior cenário que uma empresa do setor poderia enfrentar, já que a carne desossada possui maior valor agregado. Segundo ele, a situação dos pequenos e médios frigoríficos voltados para o mercado interno é “dramática” e o fechamento de unidades cada vez mais frequente. “Às vezes, é a única opção que a empresa tem. Ela não tem como continuar abatendo porque compra matéria-prima cara e o retorno para vender a carne no mercado interno é negativo”, destaca o representante do setor.

Nem a Abrafrigo nem a Scot têm um levantamento sobre o número exato de frigoríficos que fecharam as portas nos últimos meses, mas destacam casos emblemáticos, como a Frigol em Goiás, a uma unidade da JBS em Juína, no Mato Grosso. Sem perspectivas de uma melhora expressiva na oferta de animais no curto prazo, a situação da indústria para os próximos meses depende da melhora das condições da economia e a retomada do consumo no mercado interno. Neste sentido, o presidente da Abrafrigo considera fundamental o avanço da vacinação para a retomada da atividade econômica a níveis normais, com a reabertura dos canais de alimentação fora de casa, por exemplo. “Estamos ainda tratando de coisas muito incertas. Tudo são só hipóteses e cenários. A situação para a indústria vai continuar desfavorável neste ano e, dentro deste contexto, não é difícil a gente imaginar que devam ter outras empresas em situação de fechamento, nem que seja temporário”, conclui Mustefaga.

A ANÁLISE

A combinação entre escassez de matéria-prima, aumento de custos e um mercado interno enfraquecido já levou os frigoríficos brasileiros a reduzirem em mais de 45% sua produção neste ano, segundo levantamento da taxa de ociosidade do setor feito pela Scot Consultoria.

VALOR EM ALTA

Com a recessão econômica, muitos brasileiros tiveram que escolher o dia da semana para ter carne bovina no prato ou, ainda, substituir definitivamente o item por outros tipos de proteína, como frango e boi. O arrocho no orçamento se deu pela soma dos altos preços com a redução da renda. A partir de agora, no entanto, economistas alertam que os valores podem aumentar ainda mais para o consumidor final. É que, com a decisão dos frigoríficos de suspender o processamento de carne, a demanda pode superar a oferta.

Segundo o pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA-Esalq/USP), Thiago Bernardino, a pouca quantidade de boi disponível no mercado contribuiu para o aumento dos preços. Segundo ele, entre 2018 e 2019, o valor pago pelo boi gordo sofreu uma desvalorização, o que estimulou produtores a abaterem mais fêmeas. Em 2020, esse cenário, somado à maior demanda da China, teve por consequência a falta de bezerros. "No ano passado, tivemos inseminação recorde, com 22% do rebanho inseminado, quando o usual era de 16%. Tivemos também o menor número de animais abatidos desde 2012", contou. E os preços podem ficar ainda mais caros. (Com informações da Revista Globo Rural, Scot Consultoria e jornal Extra, do Rio de Janeiro)

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