A agropecuária, a silvicultura e as mudanças no uso da terra são responsáveis por cerca de 18,4% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE). Comparativamente, o setor de energia lidera o ranking, com 73,2% das emissões. Apresentando esses dados, o chefe-geral da Embrapa Territorial, Gustavo Spadotti, é enfático: “A agropecuária compartilha o problema e sofre com as consequências, mas tende a ser protagonista dentre as soluções na questão das mudanças climáticas”. Ele falou sobre o tema no painel sobre mudanças climáticas e sustentabilidade do II Encontro Nacional de Mudanças Climáticas para o Setor de Energia e Agronegócio (Emsea). O evento foi realizado pela Climatempo, no dia 25 de julho, em São José dos Campos, SP.
Spadotti mostrou como a Embrapa vem investindo no desenvolvimento e aprimoramento de soluções para reduzir as emissões de GEE. A primeira delas é o uso eficiente de resíduos para a geração e uso de biocombustíveis nas propriedades rurais, tais como o biodiesel, o biogás e o biometano. Outras iniciativas estão relacionadas aos bioprodutos, para controle biológico de pragas e doenças e para fixação biológica de Nitrogênio e para a solubilização de outros nutrientes, por exemplo. Há ainda as práticas que melhoram a retenção de carbono e promovem melhores balanços no sistema solo-planta-atmosfera, como o plantio direto, a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta e os protocolos de soja de baixo carbono e carne carbono neutro.
Além dessas iniciativas para reduzir as emissões, o gestor também falou sobre as pesquisas para adaptação da agropecuária brasileira às mudanças climáticas. É o caso do desenvolvimento de cultivares mais resistentes a condições extremas de seca, calor e salinidade, por exemplo. Para guiar a produção em novos cenários, há também o uso da Inteligência Territorial Estratégica, combinando o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) e a aptidão agrícola das terras para auxiliar gestores públicos e a iniciativa privada quanto à tomada de decisões relacionadas ao ordenamento territorial mais adequado. “Porém, para ter os melhores direcionamentos das pesquisas e práticas agropecuárias direcionadas à adaptação às mudanças climáticas, urge um sistema agrometeorológico mais robusto e preditivo”, destaca.
Para o chefe-geral, é fundamental desenvolver soluções que resolvam problemas reais enfrentados pelos produtores rurais. “A agropecuária brasileira está alinhada com práticas sustentáveis e inovadoras que não só mitigam as emissões de gases de efeito estufa, mas também preparam o setor para os desafios das mudanças climáticas. A Embrapa está trabalhando em métricas e protocolos nacionais para mensuração dos balanços de carbono, com o objetivo de reduzir custos e aumentar a visibilidade e aceitação científica para ecossistemas e agricultura tropicais, visando à aceitação do tier 3 no IPCC”, diz.
O painel de que Spadotti participou foi mediado pela advogada e professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Samanta Pineda. Participaram da discussão o gerente de Soluções e Projetos Agrícolas da Raízen, Hamilton Jordão, e a coordenadora do cluster do Agropolo Vale e Projetos Sociais, Giane dos Santos. (da Embrapa)
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