Criada em 17/06/2021 às 07h22 | Agricultura

Organização e mercado da agricultura familiar é tema de painel na Agrotins 2021 100% Digital

Painel abordou fatores que contribuem com o crescimento da organização da agricultura familiar e dos mercados para o segmento

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A agricultura familiar foi o foco do painel Cadeia de Valor, Mercado Institucional e Privado. (Foto: Wilson Rodrigues/Governo do Tocantins)

BRENER NUNES
De Palmas (TO)

A agricultura familiar foi o foco do painel Cadeia de Valor, Mercado Institucional e Privado, que aconteceu nesta quarta-feira, 16, na Feira Agrotecnológica do Tocantins - Agrotins 2021 100% Digital. Mediado pela diretora de Agricultura Familiar da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Aquicultura (Seagro), Francisca Marta Barbosa, o painel abordou os fatores que contribuem para o crescimento acelerado da organização da agricultura familiar, incluindo o cooperativismo e associativismo que fazem com que a agricultura brasileira se torne mais forte.

Os mercados para a agricultura familiar crescem a cada dia. A pesquisadora e colaboradora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e coordenadora técnica do projeto Cadeia de Valor em Plantas Medicinais (ArticulaFito), Joseane Costa, destacou que a realização de um diagnóstico participativo possibilitou visualizar os processos produtivos no seu elo mais elementar. “São exatamente os agricultores familiares das populações tradicionais, como eles estão se organizando e quais são os desafios e as oportunidades que podemos alavancar. E a partir deste diagnóstico conseguimos estruturar um plano de ação voltado a esses empreendimentos mapeados”, explicou.

No Tocantins, Joseane ressaltou produtos como a pílula de babosa, o chá medicinal de hortelã, óleo de macaúba e a semente de sucupira. “Com esse projeto compreendemos a necessidade de um novo modo de produzir, mas também de consumir. É muito importante que essa relação entre produção e consumo se estabeleça de uma forma que possa ser sustentável, que ela possa garantir renda, emprego aos trabalhadores e trabalhadoras rurais, aos povos e comunidades tradicionais, a partir dessa biodiversidade fenomenal que existe no nosso país. No entanto, é preciso que a gente fortaleça essa base produtiva a partir de capacitações, de intercâmbios. Enfim, um conjunto de ações para superar esses gargalos que encontramos durante esse nosso diagnóstico”, afirmou a pesquisadora.

Cadeia de Valor

O coordenador-geral de Acesso a Mercados, na Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mateus Soares da Rocha, afirmou que o Brasil tem uma diversidade imensa de produtos, um clima que colabora para ter essa diversidade e um conhecimento cultural que vem sendo passado de geração em geração. “Dentro de uma cadeia de valor, precisamos entender quais são os atores que estão envolvidos e quais são as relações que esses atores constroem, tanto com suas produções, como com os outros processos até chegar no consumidor final. Vemos que é um leque de possibilidades quando paramos para analisar uma cadeia de valor. É sempre importante manter esse bom relacionamento, entender e fazer as conexões necessárias entre pessoas, atores, sociedade civil e governo para que possamos ter resultados positivos”, ponderou.

O coordenador Mateus Soares da Rocha pontuou os dois grandes programas de compras públicas: o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Ele afirmou que o PAA vem em momento muito oportuno. “Nós tivemos em 2020 um aporte de R$ 500 milhões buscando garantir esse fortalecimento das duas principais linhas que o PAA trabalha, que é a questão de garantir o alimento da família que se encontram em situação vulnerável, e o fortalecimento da agricultura familiar, que é o grande fornecedor de alimentos para o programa”, explicou.

Sobre o PNAE, Mateus Soares da Rocha destacou que vê uma diversidade de riquezas de alimentos que estão na mesa dos nossos alunos. “Hoje temos alimentos que não encontrávamos há anos. Se olharmos há 10, 15 anos, nós tínhamos uma alienação mais deficitária nas nossas escolas. E hoje temos a participação da agricultura familiar, 30% desses alimentos vem dessa agricultura. E são alimentos que valorizam o consumo local. Alimentos que eles comem em casa, que dialogam com seus costumes e cultura”, detalhou.

Produtos

A empresária Rose Bezecry, fundadora da Cativa Natureza, relatou seu trabalho com cosméticos sustentáveis. “Trabalhamos com produtos que têm a rastreabilidade dos insumos orgânicos escassa. Existem pelo menos 126 químicas nocivas que não contém nos nossos cosméticos. É fácil formular um cosmético quando se tem toda a matéria prima pronta. E nosso desafio é ao contrário, nós temos essa matéria-prima muito escassa porque tem a rastreabilidade menor e temos um compromisso minucioso com a matéria-prima. Preciso saber se tem sustentabilidade, se não tem agrotóxico, tem todo esse parâmetro”, explicou a empreendedora.

A agricultora familiar do Projeto de Assentamento Piracema, em Marianópolis, Zilma Cunha, produz açafrão, urucum e farinha de jatobá. Ela também destacou a participação dos produtores na Feira Digital. “Ainda temos alguns gargalos. Plantar, nós plantamos. Nós trabalhamos com sistema agroflorestal, sem nenhum tipo de adubação química. Transformamos as folhas em adubo. E agora, depois de tudo isso, como a gente vai trabalhar neste processamento? O que falta é mercado, a questão de estruturação. Temos o produto in natura, mas ele precisa ser processado, precisamos das certificações. Esse é nosso gargalo”, esclareceu Zilma Cunha.

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