Criada em 12/11/2024 às 14h10 | Pesquisa

Espécies de cochonilhas são registradas pela primeira vez no Vale do São Francisco

A ocorrência de seis espécies de cochonilhas-de-escama foi registrada, pela primeira vez, no Submédio do Vale do São Francisco. Cochonilhas-de-escama são pragas que podem causar danos graves às culturas, inclusive a morte das plantas.

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Fazenda de manga do Vale do São Francisco, a mais importante zona de produção de frutas tropicais do País. Foto: Divulgação

Seis espécies de cochonilhas-de-escama foram registradas pela primeira vez no Submédio do Vale do São Francisco, a mais importante zona de produção de frutas tropicais do País, localizada na região semiárida. As pragas foram encontradas em pomares de manga e uva, causando danos diretos aos frutos e comprometendo sua qualidade e o desenvolvimento das plantas.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Semiárido Tiago Cardoso da Costa Lima, a identificação correta das espécies que causam danos à cultura é a base para o manejo integrado de pragas. “A partir dessa informação podemos conhecer melhor sobre a biologia do inseto e quais medidas de controle podemos adotar. Tem sido um trabalho constante conduzido na Embrapa Semiárido para ajudar os produtores no monitoramento dessas pragas”, destaca.

O pesquisador explica que as cochonilhas podem provocar a despigmentação da casca dos frutos e, mesmo mortas, continuam presas à superfície, prejudicando sua aparência. “Por isso, é importante que os produtores monitorem essas cochonilhas com cuidado na fase vegetativa, impedindo o aumento populacional e a posterior migração para os frutos”, ressalta.

Infestação e primeiros relatos

Os primeiros relatos de problemas causados por essas pragas foram feitos por produtores de manga, entre 2021 e 2022, que comunicaram à Embrapa sobre danos em folhas e frutos. Já em 2023 foi a vez dos produtores de uva relatarem infestação de cochonilhas no tronco da videira, provocando, inclusive, a morte das plantas.

Em resposta, a Embrapa Semiárido realizou um levantamento em diferentes fazendas nos municípios de Petrolina (PE), Belém de São Francisco (PE) e Curaçá (BA) para coletar uma amostragem desses insetos. O material foi enviado para o Centro Estadual de Pesquisa Agronômica (Ceagro) do Rio Grande do Sul, onde foi identificado pela taxonomista Vera Wolff. Os resultados foram publicados em artigo no International Journal of Tropical Insect Science.

Espécies identificadas

Em videiras, foi identificada a ocorrência de duas espécies. A primeira, que ataca os troncos da planta, é a Melanaspis arnaldoi, restrita ao Brasil, com registros anteriores nas Regiões Sudeste e Sul. Essa praga acarreta maiores custos com o manejo, pois os produtores têm adotado a prática de retirada da casca dos troncos para, em seguida, conduzir as pulverizações.

A segunda foi a Aonidiella orientalis, que infesta folhas, pecíolos, entrenós e bagas. A espécie é amplamente distribuída no mundo e possui uma elevada gama de plantas hospedeiras, sendo conhecida como praga de citros, mamão e manga.

Já em mangueiras foram identificadas quatro novas ocorrências de cochonilhas para a região: Mycetaspis personata (foto acima mostra o efeito da presença da praga na manga), Aonidiella comperei, Chrysomphalus aonidum e Hemiberlesia lataniae. As três primeiras foram observadas em folhas e frutos e a última apenas em folhas. A Aonidiella comperei foi a única espécie que ainda não havia sido registrada em cultivo de manga em nenhum país. (Da Embrapa)

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