O uso da tuberculina é a única maneira de diagnosticar e prevenir a ocorrência de tuberculose em animais de produção. O imunobiológico, produzido no Brasil pelo Instituto Biológico (IB-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, é considerado o grande pilar dos programas de controle de tuberculose em todo o mundo, sendo, na visão da pesquisadora do IB, Cristina Corsi Dib, uma estratégia de prevenção da doença e, consequentemente, aumento da produtividade do rebanho.
Segundo Cristina, o diagnóstico da tuberculose bovina é feito a campo por meio do teste intradérmico da tuberculina. Todos os animais a partir de seis semanas devem ser submetidos a tuberculinização por médico-veterinário habilitado. “Por se tratar de uma doença sem sinais clínicos evidentes, a tuberculina é a única maneira de diagnosticar a enfermidade no rebanho, e eliminar os animais positivos para evitar a disseminação da infecção. Os animais positivos devem ser eutanasiados na propriedade ou enviados para abate sanitário em abatedouros”, explica a pesquisadora.
Para ela, o uso do produto é mais do que uma forma de diagnóstico de tuberculose em animais vivos, mas uma grande estratégia de prevenção da doença, já que elimina os animais infectados do rebanho. “Não há tratamento para a tuberculose bovina e, portanto, os animais devem ser eutanasiados ou abatidos, o que pode ser irreversível para o rebanho se a prevalência da doença estiver muito alta. Quanto maior a distância entre os testes tuberculínicos, maior a possibilidade de não detectar animais positivos que permanecerão no rebanho, aumentando a transmissão da enfermidade e tornando seu controle mais difícil, por isso, a importância da utilização desse produto”, afirma.
IB é a única instituição brasileira autorizada a produzir tuberculina
O Instituto Biológico mantém em São Paulo o Laboratório de Imunobiológicos, responsável pela produção da tuberculina bovina e demais produtos utilizados para diagnóstico de tuberculose e brucelose em animais. O Instituto é a única instituição brasileira autorizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) a produzir esses imunobiológicos, atendendo ao Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal (PNCEBT).
Desde 2019, o Instituto passa por atualização de seu portfólio, graças a investimentos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Os recursos foram fundamentais para que o IB aumentasse, em 2020, o prazo de validade dos frascos de tuberculina para triagem e confirmatório de tuberculose, que passaram a ter dois anos, o dobro do que era disponibilizado anteriormente. Para o AAT, o aumento na validade foi de seis meses, passando de 12 para 18 meses. “Isso tem ajudado muito na rotina de compra e de armazenamento dos produtos pelos profissionais que atuam no campo, além de também reduzir o desperdício”, afirma o médico-veterinário do IB, Ricardo Spacagna Jordão.
Em 2020, foram produzidas 5.484.430 doses de imunobiológicos no Instituto, um aumento de 20% em relação a produção de 2019. No mesmo período foram comercializadas, 4.995.680 doses, o que representou um crescimento de 46,6% na arrecadação total de 2020, em comparação ao ano anterior.
Tuberculose
A tuberculose bovina é uma doença infecciosa causada por uma bactéria denominada Mycobacterium bovis. Embora ocorra com mais frequência em bovinos e bubalinos, pode infectar uma ampla gama de animais domésticos, como caprinos, ovinos, suínos, cães, gatos, animais selvagens como cervídeos e javalis, e também o homem, em quem causa uma enfermidade com os mesmos sinais e sintomas da tuberculose de origem humana.
De acordo com a pesquisadora do IB, nos bovinos e bubalinos, a tuberculose é uma doença crônica e na maior parte das vezes subclínica e inaparente, que na ausência de diagnóstico pode passar despercebida, embora cause prejuízos econômicos consideráveis.
“A tuberculose bovina pode causar diminuição na conversão alimentar acarretando em queda no ganho de peso e na produção de leite; atraso na primeira lactação e diminuição no número e duração das lactações; condenação de carcaças, descarte precoce; eliminação de animais de alto valor zootécnico; morte de animais; diminuição da fertilidade das fêmeas afetadas, entre outros. Além disto, a doença também causa impacto do ponto de vista socioeconômico com a perda de credibilidade da unidade de criação, e o risco de transmissão a tratadores, médico-veterinário e demais profissionais envolvidos com as atividades de manejo dos animais”, afirma.
A principal via de transmissão entre os animais é respiratória, onde a bactéria é eliminada por aerossóis gerados na respiração e eliminação de descargas nasais. A ingestão é também uma via importante, devido à contaminação de pastagens, alimentos e água por animais infectados, embora também possa ser transmitida por meio do leite para os bezerros ou por via intrauterina.
A entrada da tuberculose nas propriedades se dá, principalmente, devido a introdução de animais infectados no rebanho, adquiridos sem exames prévios de tuberculina ou provenientes de propriedades que não estejam classificadas como livre de tuberculose. “Isso constitui um grande problema para sanidade do rebanho como um todo e um grande entrave para o controle e erradicação da doença”, diz a pesquisadora do IB. (Da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo)
Deixe um comentário