O furacão Milton, que passou pelos Estados Unidos no início de outubro deste ano, causou efeitos diretos na citricultura da Flórida, um dos maiores produtores de frutas cítricas do mundo. Para além deste evento climático, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) ainda estima uma redução de mais de 16% na produção de laranjas para esta safra em decorrência do Greening nos pomares norte-americanos.
A produção total de laranjas nos EUA deve ser de 2,62 milhões de toneladas na safra 2024/2025, configurando uma queda de 5% em relação à temporada anterior, segundo dados do USDA.
Momento adverso
Em terras brasileiras, a produção de laranja no Cinturão Citrícola, que envolve São Paulo e o Triângulo Mineiro, também deve recuar em torno de 215,78 milhões de caixas de 40,8 kg, correspondendo a uma redução de 16,6 milhões de caixas.
Para Antônio Carlos Simonetti, produtor, vice-presidente da Associação Brasileira dos Citros de Mesa (ABCM) e presidente da Câmara Setorial da Citricultura do Estado de São Paulo, a citricultura está passando por um momento complicado.
“As questões climáticas, falta de água e altas temperaturas têm impactado bastante nesta atividade; não só no Brasil, mas no mundo. Sem contar com o Greening, a principal doença da citricultura no mundo, que está ganhando cada vez mais força”, disse Simonetti.
Enquanto o clima tem causado prejuízo na qualidade dos frutos, o Greening avançou sua incidência no Cinturão Citrícola em 44,35%, somente neste ano.
Vantagens do Brasil
De acordo com o vice-presidente da ABCM, a grande diferença entre o Brasil e os EUA, no que se refere à produção de citrus, é que no Brasil ainda tem bastante área para migrar esta atividade. Enquanto nos Estados Unidos, o ramo imobiliário está concorrendo com as terras onde está a citricultura.
Sucessão familiar
A sucessão familiar dos negócios neste setor produtivo tem sido um outro obstáculo tanto no Brasil, quanto nos Estados Unidos, como disse Antônio Carlos Simonetti. “Continuar tocando a citricultura tem sido um desafio para as famílias. Isso também tem feito a atividade migrar para outras fronteiras, regiões com altitude mais elevada, áreas mais isoladas. Muitas vezes, há a necessidade de aumentar os investimentos em irrigação, mas vamos continuar produzindo citrus para o mundo como sempre fizemos”, enfatizou o presidente da Câmara Setorial da Citricultura do Estado de São Paulo.
Exportações de suco
Dados do Comex Stat apontam que, no mercado externo, na parcial da atual safra 2024/25 (de julho/24 a setembro/24), a receita obtida com as exportações brasileiras de suco de laranja (em equivalente concentrado) totaliza US$ 905.3 milhões; uma forte alta de 42,30% em relação ao mesmo período da temporada anterior (US$ 636.1 milhões).
Já o volume exportado segue em queda, assim como vem ocorrendo desde a safra 2023/24. De julho a setembro, foram embarcadas 207.500 toneladas de suco, queda de 27% em relação ao mesmo período de 2023. Pesquisadores do CEPEA destacam que a redução no volume exportado está diretamente ligada à baixa oferta. (Da SNA)
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