Criada em 10/11/2020 às 19h00 | Meio Ambiente

Simpósio ajuda a ‘popularizar’ árvore em sistemas integrados de produção

Árvores em sistemas integrados será tema de um dos painéis do simpósio

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Árvores em sistemas integrados será tema de um dos painéis do simpósio. (Foto: José Ricardo Pezzopane - Embrapa)

Quando se fala em ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta), o produtor rural e técnicos que atuam em propriedades ainda apresentam muitas dúvidas em relação ao componente arbóreo no sistema integrado. Para ajudar a esclarecer e até a “popularizar” as vantagens das árvores junto às áreas de pecuária e agricultura, a Embrapa Pecuária Sudeste e a Esalq/USP estão promovendo o 6º Simpósio de ILPF do Estado de SP. O evento, gratuito e online, acontece nos dias 19 e 20 de novembro, das 16h às 19h, pelo canal da Embrapa no YouTube.

O Painel “Árvores no Sistema ILPF” começa às 17h30 de quinta (19) e terá a participação dos pesquisadores Marcelo Dias MullerMaurel BehlingVanderley Porfírio da Silva e José Ricardo Pezzopane. Após a palestra dos três primeiros, Pezzopane coordena uma mesa redonda com todo o grupo.

IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA

Porfírio, da Embrapa Florestas (Colombo-PR), vai abordar o tema “Importância da Estratégia ILPF na obtenção de outros produtos (e serviços) nas florestas plantadas”. Segundo ele, a importância da estratégia ILPF é a de proporcionar a produção de mais produtos na mesma área. “Por exemplo, uma área de pastagem, ao ser convertida em silvipastoril, mediante a adequada introdução de árvores na pastagem, poderá produzir madeira além do produto animal, como carne, leite, couro, bezerros”, explicou.

Ainda segundo o pesquisador, ao mesmo tempo o silvipastoril provê melhoria das condições ambientais para o conforto térmico animal com reflexo positivo sobre o desempenho produtivo. E a presença das árvores, ao capturarem carbono atmosférico, pode proporcionar valoração ambiental do sistema de produção pecuário com reflexo positivo na imagem, no negócio pecuário. “A integração lavoura-pecuária-floresta é estratégica para a intensificação do uso da terra com sustentabilidade”, descreveu Porfírio.

O pesquisador espera que o evento coopere para a promoção e difusão dos conceitos acerca da integração lavoura-pecuária-floresta. O componente arbóreo é o que tem despertado maior curiosidade por parte dos produtores, por ainda não ser adotado de forma ampla por pecuaristas e agricultores. A popularização do uso da árvore em ILPF passar por vários caminhos, segundo Porfírio.

“Eventos como este, focados nos aspectos conceituais e práticos, disciplinas ministradas em cursos acadêmicos (ainda são poucos os cursos das ciências agrárias que tratam do tema) para promover o aumento de massa crítica dos profissionais que atuam no campo, engajamento de instituições de Assistência Técnica e Extensão Rural e cooperativas, eventos específicos de capacitação profissional para a difusão e desmistificação de conceitos e práticas, são algumas veredas que podem ser trilhadas para ‘popularizar’ o tema e promover a transferência de conhecimento e tecnologias sobre essa estratégia de uso da terra. Porém, vale lembrar que não é uma panaceia”, afirmou.

REGIONALIZAÇÃO

Pezzopane disse que a mesa redonda terá três especialistas da Embrapa que trabalham com árvores em sistemas integrados em diferentes regiões do país. “Teremos um enfoque sobre a presença e o manejo das árvores no sistema ILPF nas diferentes regiões e as diversas finalidades que esse produto pode ter quando é inserido num sistema de integração”, explicou.

“Será ainda uma oportunidade de mostrar quais desafios a pesquisa tem trabalhado para tornar a presença do componente arbóreo o mais rentável possível, seja na obtenção de outros produtos ou mesmo no aspecto de serviços ecossistêmicos”, disse ele, que atua na equipe de pesquisa da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP).

Pezzopane lembrou que o evento em formato virtual é uma nova realidade que as instituições de pesquisa e acadêmicas estão experimentando em função da pandemia. Essa forma de transmissão permite que a discussão seja acompanhada em todo o país. “Em geral, temos observado nesse tipo de evento uma grande presença de público. O fato de eles ficarem gravados também permite acessos posteriores. Além disso, temos uma expectativa positiva em função dos quatro painéis programados para o evento”, falou. 

Os temas do simpósio abordam assuntos relativos às características de produção, serviços ambientais, características de comercialização de produtos de sistemas ILPF, buscando experiências de diversas instituições e diversas regiões do país. “Os sistemas integrados apresentam uma dinâmica muito interessante em função das características de cada região, em aspectos ligados ao solo, ao clima, à comercialização.”

Pezzopane também vê na presença da árvore o maior desafio para a ILPF. “Esse componente traz maiores necessidades de manejo e representa mais novidade para os pecuaristas. A gente está desenvolvendo tecnologias exatamente para ampliar esse uso, para tornar a presença da árvore mais rentável, buscar os maiores benefícios e abrir novos caminhos para a comercialização dos produtos via cadeias de certificação”, afirmou.

Para levar informações e tecnologias ao público de interesse, esse tipo de evento é um dos caminhos, de acordo com o pesquisador. Outra forma de popularizar os sistemas integrados é por meio da condução de unidades de referência tecnológica e de pesquisa (URTPs), implantadas pela Embrapa e outras instituições para aproximar esses sistemas de produção dos atores que vão trabalhar com isso, sejam eles produtores ou técnicos da extensão rural e consultores.

“Esses experimentos de longa duração e treinamentos de técnicos são ações que a gente faz no nosso dia a dia para tentar tornar esse tema mais conhecido e mostrar aos produtores os benefícios que a presença da árvore traz ao sistema de produção, tanto na pecuária de corte como na de leite”, concluiu. (Da Embrapa)

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