Criada em 11/04/2023 às 09h50 | Pesquisa

Rede fornece informações meteorológicas a agricultores do Semiárido

Estações meteorológicas estão distribuídas em três estados: Bahia, Pernambuco e Sergipe. Produtores podem planejar atividades como irrigação e manejo integrado de pragas a partir dos dados fornecidos e guardar o histórico dos registros climáticos.

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Nas estações, são geradas informações que podem apoiar o trabalho de pesquisadores, estudantes, profissionais da assistência técnica e produtores nas decisões de produção. (Foto: Magna Moura)

Dados climáticos de uma rede de 16 estações meteorológicas mantidas pela Embrapa Semiárido (PE), além de servir à pesquisa científica, agora também englobam todo histórico de dados disponibilizados gratuitamente para acesso pelos interessados (acesse aqui). O serviço visa apoiar o trabalho dos pesquisadores e estudantes e auxiliar técnicos e agricultores nas decisões de produção com base nos dados agrometeorológicos.

Nas estações, são geradas informações sobre temperatura e umidade relativa do ar, velocidade do vento, evapotranspiração de referência, radiação solar global e precipitação. A rede conta com equipamentos distribuídos em diferentes localidades do Submédio do Vale do São Francisco, englobando áreas da Embrapa e propriedades de parceiros, nos estados de Pernambuco, Bahia e Sergipe.

A partir de 2023, a forma de apresentação dos dados passou por modernização. Até 2022 as informações eram disponibilizadas por meio de tabelas no site da Embrapa, e o produtor só tinha acesso a dados dos últimos dois meses. "Recebemos diversas demandas de técnicos para consultar o banco de dados completo, mas na antiga estrutura de disponibilização não era possível organizar essas informações”, explica a pesquisadora Magna Soelma Beserra de Moura, responsável pela administração da rede de estações.

Agora com o novo site, qualquer usuário pode verificar o histórico das estações agrometeorológicas, desde a data de instalação de cada estação, que difere entre si. “Temos um volume de dados de mais de vinte anos disponibilizados. Essas são informações muito importantes para estudos e avaliações dos padrões climáticos da região.”

A ferramenta escolhida para a organização do banco de dados foi o dashboard (painel) do Google Analytics, que possui design amigável e formato interativo. Ao abrir o site das estações, basta escolher aquela de interesse e selecionar o período para visualização. Automaticamente é atualizado um painel com gráficos e tabelas.

A cientista destaca ainda outra melhoria do serviço: a possibilidade de fazer o download das informações categorizadas. “É um formato moderno e que vai trazer muitos benefícios para os produtores do Semiárido”, completa.

Utilização dos dados

De acordo com a pesquisadora, os produtores que acessam as informações climáticas têm basicamente dois objetivos: realizar o manejo de irrigação das culturas ou fazer o manejo integrado de pragas, a depender da praga presente na propriedade.

Para o manejo de irrigação, ao acessar o site, o produtor pode buscar o dado da evapotranspiração de referência, computar o número de horas e, então, calcular a quantidade de água necessária para irrigar a cultura.

“Na região do Vale do São Francisco, o manejo de irrigação é realizado de forma diária, às vezes duas ou três vezes ao dia, dependendo da intensidade do sol e das condições da cultura. Assim, na prática, os produtores fazem a programação diária ou semanal, neste caso acumulando os dados de evapotranspiração de uma semana para fazer o cálculo da quantidade de água a ser aplicada nas culturas”, explica Moura.

Em relação ao manejo integrado de pragas, a pesquisadora ressalta que cada praga tem uma faixa de temperatura e umidade relativa do ar ideal para o seu desenvolvimento. “Conhecendo esses dados climáticos e as pragas presentes, os produtores podem antecipar ações, e obter maior eficiência no controle dentro da propriedade”, aponta.

Periodicidade

Atualmente todas as estações que compõem a rede agrometeorológica da Embrapa Semiárido são automáticas no que se refere à obtenção dos dados em campo, mas a transmissão das informações ao servidor é feita de forma manual. Por essa razão, ainda é necessário o deslocamento para coleta e posterior atualização no site.

“Para algumas estações localizadas em fazendas parceiras, o técnico da própria fazenda faz a coleta dos dados e nos envia por e-mail, agilizando o processo. Para as demais, programamos viagens de coleta a cada semana. Assim, a média de alimentação das informações no site é semanal”, relata Moura.

Histórico de implantação

As primeiras estações agrometeorológicas do Vale do São Francisco foram instaladas ainda na década de 1960, pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), nos perímetros irrigados de Bebedouro (Petrolina, PE) e Mandacaru (Juazeiro, BA).

Essas estações foram as responsáveis pela caracterização climática do Submédio do Vale do São Francisco. Os técnicos e produtores utilizavam os dados para definir parâmetros de sistemas de irrigação com base na evapotranspiração potencial, informações que ajudaram a dimensionar os projetos, conforme as culturas a serem irrigadas.

A Embrapa Semiárido assumiu a gestão das duas estações da Sudene a partir da década de 1970, assim como o banco de dados gerado. Com o passar do tempo, a rede foi crescendo, e as estações convencionais foram sendo substituídas por estações automáticas.

“O que a gente tinha de convencional, que precisava de um observador para ir ao campo três vezes por dia, em horário padrão da Organização Meteorológica Mundial [OMM], coletar os dados, as estações automáticas fazem a cada 30 minutos. Esse avanço permitiu a geração de uma maior quantidade de dados e de informações mais precisas,” relata a pesquisadora.

Nos anos 2000, com a implantação do programa de Produção Integrada de Frutas (PIF) no Submédio do Vale do São Francisco, a rede foi ampliada, chegando a dez estações, distribuídas em fazendas produtoras de manga e uva, bem como nos campos experimentais da Embrapa.

Hoje são 16 estações automáticas funcionando em três estados no Semiárido. Em Pernambuco, as estações estão distribuídas nos municípios de Lagoa Grande e Petrolina; na Bahia, há estações em Pilar, Juazeiro e Casa Nova; já em Sergipe, os equipamentos foram instalados no município de Nossa Senhora da Glória. As estações convencionais foram desativadas.

De acordo com a pesquisadora, a perspectiva é continuar realizando a manutenção dos equipamentos já instalados, viabilizando a geração de dados de qualidade, e avaliar a ampliação da rede, conforme novos investimentos. (Da Embrapa)

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