Criada em 30/06/2021 às 10h05 | Piscicultura

Ruraltins apresenta proposta para criação de peixes para comunidade indígena Krahô-Kanel

Proposta foi apresentada durante Seminário e Feira de Frutos, Produtos e Sementes das Roças do Povo Kraho-Kanela, realizado pela aldeia indígena Lankraré.

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Proposta foi apresentada durante Seminário e Feira de frutos, Produtos e Sementes das Roças do Povo Kraho-Kanela, realizado pela aldeia indígena Lankraré. (Foto: Ruraltins/Governo do Tocantins)

EDVÂNIA PEREGRINI
De Palmas (TO)

Uma equipe do Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins) participou nessa segunda-feira, 28, do Seminário e Feira de Frutos, Produtos e Sementes das Roças do Povo Kraho-Kanela, realizado pela aldeia indígena Lankraré, situada no município de Lagoa da Confusão. O evento, que ocorre entre os dias 28 e 30 de junho, na Base de Vigilância, Fiscalização Pãre Jõ Pykati, próximo ao Rio Formoso, tem como finalidade discutir propostas acerca do processo de inclusão do território indígena e da exposição dos frutos para o fortalecimento alimentar e sustentável da comunidade.

Para o evento, o presidente do Ruraltins, Fabiano Miranda; o diretor de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), Marco Aurélio Gonçalves; e os técnicos Irismar Leão e Mário Otávio Célla levaram orientações sobre a Implantação e manejo de avicultura caipira; Sistemas de Cultivo de Peixe e Comercialização Institucional de Produtos Agrícolas pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA)/Compra Direta.

 “Estamos aqui para trazer algumas propostas para melhorar a produção agrícola da comunidade, mantendo a cultura local, mas visando uma maior produtividade, garantindo o sustento das famílias e também a geração de renda com a comercialização do excedente no comércio e na feira da cidade. A equipe do Ruraltins estará à disposição para oferecer essa assistência técnica, desde o cultivo ao apoio na comercialização dos produtos, pelos programas do Governo”, destacou o presidente do Ruraltins, Fabiano Miranda.

Na ocasião, o diretor Marco Aurélio apresentou uma proposta que já está em andamento para elaboração de projetos de criação de peixes. “Nós fomos provocados, há dois meses, pela Seagro [Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Aquicultura] e pela Semarh [Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos] para elaborarmos projetos na área de piscicultura para as comunidades tradicionais indígenas e quilombolas. Então com isso, nós entramos em contato com o Wagner Katamy e fizemos uma proposta para a aldeia Lankaré, por meio de um recurso disponibilizado pelo Consórcio dos Governadores da Amazônia, do qual o Governo do Tocantins participa. Aqui, nós pretendemos fazer um projeto com viveiro elevado para desenvolver uma criação de peixe mais intensiva, que vai servir tanto para o consumo, quanto para a rentabilidade onde as famílias da aldeia Lankraré, eles poderão ter sua renda e mais uma diversificação na alimentação. A proposta está em análise e esperamos que seja positiva, para em breve fazermos os levantamentos visando mapear e construir esses projetos de acordo com as necessidades, ambiente e cultura de cada comunidade”, explicou.

Na mesma linha de complementação alimentar e geração de renda, o zootecnista do Ruraltins, Mário Otávio Cella, abordou sobre a criação de galinha caipira, e o técnico Irismar Leão sobre as vantagens de comercializar produtos para o programa de Aquisição de Alimentos.

Sobre as propostas, o presidente da Associação Indígena Apoinkk, Wagner Katamy Kraho-Kanela, reforçou a importância do apoio do Governo estadual e municipal em apresentar as políticas públicas voltadas para a comunidade. “A proposta que chegou para gente hoje, sobre a criação de peixes, é muito bem-vinda, é um produto que a gente sabe trabalhar, temos área e água disponíveis, então estamos satisfeitos e otimistas com este projeto. Sobre a criação de frangos, também é uma boa alternativa. Nosso objetivo é sempre melhorar nossa produção de roças tradicionais, e o Ruraltins já é parceiro da comunidade, já fizemos projetos da agricultura familiar com crédito para a criação de gado e, com essa nova proposta, só temos que agradecer pelo apoio do Governo do Tocantins”, frisou Wagner.

A aldeia Lankraré conta, atualmente, com 32 famílias cadastradas, onde as principais lutas são o processo de inclusão do território indígena e a revitalização da língua e da cultura e Krahô-Kanela. Dentre os projetos desenvolvidos, o presidente destacou a implantação de um viveiro de mudas nativas, com apoio da Funai e da GEF Brasil; e a formação de brigadistas para a prevenção e combate ao fogo na aldeia e entorno.

Também participam do evento representantes da coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), da Prefeitura Municipal de Lagoa da Confusão; e aguardam ainda a chegada de representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Coiab

A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), fundada no dia 19 de abril de 1989, é a maior organização indígena regional do Brasil, que surgiu por iniciativa de lideranças de organizações indígenas existentes na época, e como resultado do processo de luta política dos povos indígenas pelo reconhecimento e exercício de seus direitos, em um cenário de transformações sociais e políticas ocorridas no Brasil após a Constituição Federal de 1988.

A missão da Coiab é defender os direitos dos povos indígenas à terra, saúde, educação, cultura e sustentabilidade, considerando a diversidade de povos, e visando sua autonomia através de articulação política e fortalecimento das organizações indígenas.

A Coiab atua em nove estados da Amazônia Brasileira (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), e está articulada com uma rede composta por associações locais, federações regionais, organizações de mulheres, professores, estudantes indígenas, e subdividida em 64 regiões de base. 

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