Dinalva Martins
DE PALMAS
A Agência de Defesa Agropecuária (Adapec) a pedido da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Tocantins (Aprosoja-TO) promoveu uma reunião com instituições ligadas ao setor, entre elas a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Superintendência Federal da Agricultura (SFA), para discutirem a solicitação da Aprosoja, que visa a autorização para o uso do benzoato no Estado, para controle da lagarta Helicoverpa armigera. O encontro ocorreu nesta terça-feira, 09, durante a 17ª Agrotins.
O presidente da Adapec, Humberto Camelo, considera prematura a liberação do produto, pois de outubro de 2016 a março de 2017 foram realizadas 834 fiscalizações em áreas de soja, destas, apenas quatro tiveram a ocorrência da Helicoverpa sp. Neste período, também não houve nenhuma notificação de ocorrência da praga por parte dos produtores rurais na Agência. “Nosso monitoramento contínuo comprova que a praga não está em surto, portanto, não justifica declarar estado de emergência fitossanitária, uma vez que esse produto só é liberado mediante essa condição”, disse acrescentando que o órgão está à disposição para acompanhar e apoiar qualquer notificação de doença ou praga.
O pesquisador da Embrapa, Daniel Fragoso, disse que para o Estado declarar emergência fitossanitária, objetivando o uso do produto, precisa ter pelo menos dois requisitos legais: surtos e/ou situações fora do controle e a inexistência de produtos para combater a praga, o que não é o caso do Tocantins. “Com base no manejo integrado de pragas, controle e monitoramento fazemos o parecer técnico. O benzoato tem amplo espectro de ação e pode desenvolver, com o tempo, resistência da lagarta e outros problemas futuros”, alertou. “O benzoato pode mudar o ambiente, e o Tocantins está em equilíbrio porque ainda não usa esse produto”, complementou o chefe-geral da unidade da Embrapa Palmas, Carlos Magno.
O presidente da Aprosoja, Ruben Ritter, propôs então um estoque do produto com liberação de volume controlado, caso algum produtor rural necessite. Mas, foi orientado que a legislação não permite. “Temos a preocupação com custos de produção mais elevados e produtos menos eficazes. Mas consideramos a discussão proveitosa, já que cada um expôs seus argumentos. Confiamos no trabalho das instituições e somos parceiros”, ressaltou.
O gerente de Sanidade Vegetal da Adapec, Marley Camilo, reafirmou que em 1.260 lavouras de soja cadastradas, 834 áreas foram monitoradas especificamente para a Helicoverpa sp, porém só foram constatados quatro focos, não sendo verificado que se tratava da H.armigera ou H.zea. “Não encontramos problemas sanitários. E no caso do benzoato, cumprimos o que a legislação determina, pois compete a Adapec fiscalizar o uso do produto e ao Ministério da Agricultura declarar o estado de emergência fitossanitária, mediante parecer técnico. Não somos contra o benzoato, mas pensando em longo prazo, deve ser a última alternativa”, declarou.
Participaram também da reunião, o secretário da agricultura e pecuária, Clemente Barros, o superintendente da SFA/TO, Rodrigo Guerra, o presidente do Ruraltins, Pedro Dias, o diretor de defesa, sanidade e inspeção vegetal da Adapec, Carlos César Barbosa e demais representantes do setor.
BENZOATO
O benzoato de emamectina é um inseticida que atua no controle de larvas de lepidópteros (lagartas), que são pragas de espécies agrícolas de interesse econômico. A Embrapa entende que esse pode ser mais uma opção de produto para o controle de Helicoverpa armigera. Porém, é preciso considerar que existem pelo menos outros 24 produtos registrados emergencialmente, pelo MAPA para o controle dessa praga.
Segundo a Embrapa, nas regiões onde o uso emergencial do benzoato de emamectina for autorizado, é muito importante que o produto seja usado corretamente para se evitar danos à saúde humana e ao meio ambiente. Ao definir sua estratégia de manejo, o produtor deve procurar sempre optar por produtos mais seguros ao homem e menos impactantes ao meio ambiente, deixando o benzoato de emamectina apenas para casos extremos. (Da Adapec)
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