Criada em 12/05/2022 às 07h25 | Piscicultura

Produção de peixes em tanques-rede é debatida durante a Agrotins

Produção de peixes em tanques-rede é debatida durante a Agrotins. A pesquisadora Flávia Tavares, da Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO), defendeu a diversificação de espécies produzidas.

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Flávia, da Embrapa, apresentou resultados de pesquisa com tambaqui em tanques-rede. (Foto: Clenio Araujo)

No segundo dia da Agrotins 2022, uma das discussões girou em torno das muitas possibilidades de desenvolvimento da cadeia produtiva de valor da piscicutura no Tocantins. Reconhecidamente dono de grande potencial de produção de peixes em tanques-rede, o estado ainda não conseguiu aproveitar as condições naturais que possui, como a adequada temperatura média da água nos reservatórios de hidrelétricas. Uma das instituições que vem buscando alterar essa realidade é a Embrapa, cuja Unidade que trata diretamente de aquicultura fica na capital tocantinense.

A pesquisadora Flávia Tavares, da Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO), defendeu a diversificação de espécies produzidas. Segundo ela, o desenvolvimento da tilápia (que possui um pacote tecnológico mais avançado que outras espécies e uma cadeia produtiva de valor mais organizada) ajuda no desenvolvimento de outras cadeias de peixes. Ela lembrou a capacidade produtiva anual dos quatro reservatórios situados no Tocantins no rio de mesmo nome: podem ser produzidas 290 mil toneladas de peixes nos reservatórios de São Salvador, Peixe Angical, Luis Eduardo Magalhães e Estreito. De acordo com a Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), no ano passado foram produzidas pouco mais de 16 mil toneladas no Tocantins. Esse número coloca o estado apenas como o 18º na produção nacional, muito aquém de onde pode figurar.

Flávia falou sobre a importância da geração de indicadores tanto zootécnicos (conversão alimentar e uniformidade do lote, por exemplo) como econômicos (investimento e mão de obra, por exemplo). No caso da produção de tambaqui em tanques-rede, a Embrapa avançou no desenvolvimento de um protocolo. Uma de suas pesquisas chegou a um ciclo produtivo menor, passando de 12 para 9 meses, e a uma conversão alimentar mais eficiente, passando de 2,2 para 1,74. No entanto, ainda não existe viabilidade econômica para a produção dessa espécie em escala. Em outras palavras, é necessário continuar melhorando os indicadores. A pesquisadora citou como exemplos de projetos que trabalham com produção de peixes em tanques-rede o BRS Aqua, o Tilatech Recria e o Tilatech Engorda.

A geração e a disponibilização de dados e de informações técnicas é um dos principais objetivos das pesquisas da Embrapa. Ao fazer chegar aos diferentes atores da cadeia produtiva de valor da piscicultura resultados efetivos, a empresa colabora para o desenvolvimento sustentável dessa cada vez mais importante atividade econômica no Brasil. A piscicultura nacional ainda carece de um grande número de dados e informações confiáveis e atuais sobre o setor; mas a situação tem mudado e a Embrapa colaborado para essa mudança. Dois exemplos são o Centro de Inteligência e Mercado em Aquicultura (CIAqui) e o Sistema de Inteligência Territorial Estratégica (SITE) para Aquicultura. Ambos foram apresentados na reunião técnica realizada na Agrotins 2022.

Organização

Manoel Pedroza, também pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura, falou sobre o CIAqui. Nesse espaço digital, estão organizados dados e informações sobre diferentes aspectos econômicos da produção aquícola e não apenas de peixes. O pesquisador contextualizou o centro, que é resultado do chamado projeto componente de Economia do BRS Aqua. Manoel apresentou funcionalidades e as diversas categorizações dos conteúdos constantes do CIAqui. Os interessados podem acessar, por exemplo, publicações recentes relacionadas a economia aquícola, cotações realizadas por outras instituições e orientações a respeito de drawback para exportações de tilápia.

Seguindo a mesma lógica de organização e disponibilização de dados e informações referentes à aquicultura, a Embrapa lançou no ano passado o SITE Aquicultura. São conteúdos espacializados, com destaque para o formato de mapas. Voltado para diferentes atores da cadeia produtiva de valor, como produtores de diferentes portes, empresários e investidores da iniciativa privada, associações e cooperativas, o sistema tem recebido uma média diária de 25 consultas, inclusive de fora do Brasil. Recentemente, foram acrescentadas novas camadas, como legislações por estado e por bacia hidrográfica. Quem apresentou o SITE Aquicultura na reunião técnica foi Marta Ummus, analista de Pesquisa da Embrapa Pesca e Aquicultura.

Já o piscicultor Moisés Labre, que está iniciando produção em tanques-rede em Lajeado, município vizinho de Palmas, relatou sua experiência. Comentou sobre prazos que a atividade precisou seguir e sobre visitas técnicas realizadas para servir como inspiração ou referência para seu negócio. Moisés pode ser considerado um pioneiro no estado como piscicultor de médio a grande porte. Ele disse que sua área tem potencial de produção de 25 toneladas mensais, quantidade ainda acima da atual. Empolgado, Moisés tem vencido desafios para colocar em prática o que o Tocantins oferece de oportunidade para a piscicultura.

Após as quatro falas, que podem ser consideradas complementares e refletem diferentes aspectos da piscicultura nacional e tocantinense, houve roda de conversa com a participação de outros produtores e técnicos que trabalham na área no estado. Toda a reunião teve coordenação de Thiago Tardivo, da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Aquicultura (Seagro) do Tocantins, instituição que está à frente da Agrotins 2022. O evento vai até o próximo sábado, 14 de maio, no Parque Agrotecnológico do Tocantins, que fica no km 23 da rodovia TO 050, entre Palmas e Porto Nacional. (Da Embrapa)

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