Criada em 16/06/2021 às 14h47 | Agronegócio

Plano ABC+ é tema de discussão na Agrotins 2021

A diretora-executiva de Inovação e Tecnologia da empresa, Adriana Martin, falou dos benefícios dessa prática e de como a Embrapa vem colaborando com o plano.

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Dos atuais mais de 2.200 pesquisadores da empresa, muitos desenvolvem atividades diretamente ligadas ao ABC. (Foto: Divulgação)

A Embrapa participou nesta terça (15 de junho) de painel de discussão sobre o Plano ABC, que preconiza a prática de uma agricultura com baixa emissão de carbono. Foi durante a Agrotins 2021, evento que está acontecendo nesta semana de maneira virtual. A diretora-executiva de Inovação e Tecnologia da empresa, Adriana Martin, falou dos benefícios dessa prática e de como a Embrapa vem colaborando com o plano. Com o fim do prazo estipulado pelo Plano ABC, ocorrido ano passado, foi lançado recentemente o ABC+, com perspectiva de ações até 2030. É uma sequência natural de ações e atividades na linha da sustentabilidade da produção agropecuária brasileira.

De acordo com Adriana, a empresa contribui, em ambos os planos, em diferentes frentes. Desde a revisão do primeiro plano, passando pela elaboração conceitual e estratégica e pela formulação do manual de operação do ABC+, chegando até ao planejamento das estratégias de monitoramento, governança e avaliação da adaptação e do controle de emissões de gases de efeito estufa dentro desse novo plano. Além disso, a Embrapa tem se envolvido com a discussão da estratégia de inteligência do ABC+. Dos atuais mais de 2.200 pesquisadores da empresa, muitos desenvolvem atividades diretamente ligadas ao ABC.

Sobre os benefícios da agricultura de baixo carbono, Adriana listou alguns, como maior sustentabilidade dos sistemas produtivos, o chamado efeito poupa terra (que diminui a necessidade de abertura de novas áreas para produção agropecuária), uma água e um solo de melhores qualidades e estímulo à regularização ambiental. “A gente pode resumir (os benefícios do ABC) em conservação e produtividade. O que nós temos que fazer?  Menos é mais: aumentar a produtividade, devastando menos e conservando mais. Temos que produzir mais e buscando a maior conservação”, afirmou.

Quem também participou da discussão sobre o Plano ABC+ foi César Halum, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Ele fez um histórico do plano ABC, citando os compromissos que o Brasil assumiu voluntariamente até 2020: "o país é uma referência (em praticar agricultura sustentável). Eu não sei porque atacam tanto o Brasil em termos de sustentabilidade. Um país que se coloca como voluntário, coloca uma meta ousada e supera essa meta; então, não sei porque nos acusam tanto”.

O secretário disse que o país superou a meta compromissada de implantação de tecnologias ligadas ao plano. Dos 35,5 milhões de hectares (área correspondente à Alemanha), o compromisso que o Brasil voluntariamente assumiu estava distribuído da seguinte maneira: 15 milhões de hectares com recuperação de pastagens degradadas; 4 milhões de hectares com integração lavoura-pecuária-floresta; 8 milhões de hectares com sistema de plantio direto; 3 milhões de hectares com florestas plantadas; e 5,5 milhões de hectares com fixação biológica de nitrogênio. Além disso, havia o compromisso com um volume de 4 milhões de metros cúbicos com tratamento de dejetos animais. De acordo com César Halum, a área efetivamente com alguma tecnologia do plano chegou a 52 milhões de hectares, o que equivale a quase uma Alemanha e meia em extensão.

Como próximos passos com relação à sustentabilidade da produção agropecuária brasileira, foram lembrados os trabalhos que a Embrapa e parceiros vêm realizando em diferentes cadeias produtivas de valor. Hoje, já existe inclusive um selo que certifica a produção de carne carbono neutro, está previsto um lançamento em breve de outro selo, este sobre carne baixo carbono, e há trabalhos na mesma linha com soja, café e leite. “São projetos que estão em desenvolvimento e em breve haverá lançamentos referentes a eles. Hoje, podemos falar que estamos sendo muito procurados pelos parceiros para desenvolver projetos em agricultura de baixo carbono. É um tema que está, neste momento, muitíssimo procurado, principalmente por grandes corporações”, relata a diretora da Embrapa.

Abertura da Agrotins

Na abertura do evento, que aconteceu também ontem, o secretário estadual de Agricultura, Pecuária e Aquicultura Jaime Café citou a parceria entre o estado e a Embrapa. Segundo ele, “a Embrapa tem um papel fundamental no desenvolvimento do Tocantins. Nós temos aqui bons parceiros e diversas parcerias com o governo do estado, que têm rendido muitos frutos no desenvolvimento do Tocantins, na pecuária, na agricultura, apoiando o pequeno produtor também. Isso pra nós é de uma importância ímpar”.

Em sua fala, o secretário resgatou números da produção agrícola tocantinense e destacou a evolução da atividade no estado. De acordo com Jaime Café, no início dos anos 2000 a área de plantio de soja no Tocantins era de cerca de 40 mil hectares; número que, hoje, supera 1,1 milhão de hectares. Ou seja, em duas décadas houve aumento de mais de 27 vezes na área cultivada com o grão, que assim como em outros estados é o principal produto agropecuário tocantinense. O secretário afirmou que “a cada ano que passa, a produtividade aumenta, a área de produção aumenta, especialmente em áreas de pastagens degradadas, acompanhando o Plano ABC. No Tocantins, fomos pioneiros na aplicação dessa tecnologia e hoje a gente é referência pro Brasil inteiro”.

A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Tereza Cristina participou da abertura do evento por meio de uma gravação. “Eu acredito no potencial desse estado, tanto da agricultura, quanto da pecuária, e quero desejar muito sucesso a todos vocês na Agrotins 2021, principalmente por tratar de startups, novas tecnologias que o produtor brasileiro moderno cada vez vai precisar mais”, disse, referindo-se ao tema da feira neste ano, que é Agro 4.0 – Tecnologia no campo.

Outra autoridade que participou da abertura da Agrotins 2021, este presencialmente, foi o governador Mauro Carlesse. Lembrando do pequeno produtor, ele disse que “temos muitos assentamentos, muitas pessoas precisando de oportunidade. A feira traz isso: muitas oportunidades; nós vamos apresentar na área da piscicultura uma oportunidade imensa. Não é só pros grandes; é pro pequeno, pro médio e também o grande. Oportunidades de negócio, oportunidade de tirar as pessoas do risco da pobreza, oportunidade de fazer com que a pessoa tenha a sua empresa, tenha o seu negócio e tenha a dignidade de cuidar da sua família com qualidade e segurança”.

Em especial, o governador do Tocantins aposta na tilapicultura: “vai ser um dos grandes avanços do estado, porque vai conseguir pegar do pequenininho até o grande e fazer com que vire uma produção grande, talvez seja a maior do Brasil e uma das grandes produções do mundo”. A produção de tilápia em tanques-rede foi autorizada há pouco tempo no estado, que apresenta condições muito propícias à piscicultura nesse sistema produtivo. A Embrapa tem estudado a viabilidade dessa produção, tanto em termos zootécnicos como econômicos. Em vídeo que pode ser acessado neste link, está relatada a pesquisa da empresa com tilápia em tanques-rede no município de Brejinho de Nazaré, região Centro-Sul do Tocantins.

Em sua fala, o presidente da Embrapa Celso Moretti citou as várias Unidades da empresa presentes no evento: “os nossos centros de pesquisa de todas as regiões geográficas do Brasil estão participando da Agrotins 2021 para trazer conhecimento e tecnologia, para falar um pouco desse tema extremamente importante que é a digitalização no campo, o agro 4.0, a transformação digital que vem acontecendo no agro brasileiro ao longo desses últimos anos”.

Referindo-se à extensa programação da Embrapa na feira, ele destacou o lançamento do arroz BRS A 704, desenvolvido em parceria entre duas Unidades: Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás-GO) e Clima Temperado (Pelotas-RS): “é uma cultivar de arroz tropical, com grãos de excelente qualidade, permitindo inclusive a obtenção de produtos de qualidade premium. Ela tem um alto potencial produtivo, rusticidade e características almejadas pela indústria para atender a um mercado consumidor exigente”.

Um diferencial dessa nova cultivar de arroz da Embrapa é que ela foi desenvolvida em parceria com o setor privado. “Esta é a primeira cultivar desenvolvida em cooperação técnica celebrada pela Embrapa com sementeiros que atuam no Tocantins, buscando o desenvolvimento regional da cultura no estado e o incremento da oferta de sementes oficiais da genética Embrapa para os produtores do Tocantins”, contextualizou Celso Moretti. (Da Embrapa)

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