A JBS informou que vai retomar as atividades em sete frigoríficos de bovinos em Mato Grosso do Sul. A empresa havia suspendido a operação nas unidades na última quarta-feira (18), alegando insegurança jurídica, após a ter mais de R$ 730 milhões bloqueados na Justiça a pedido da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do estado que investiga irregularidades na área tributária. As unidades retomam suas operações a partir da próxima terça-feira (24).
Em meio a este momento do grupo, o Mafrig avança em locais que antes eram dominados pelas empresas dos irmãos Batista. A Marfrig acaba de reabrir cinco frigoríficos para praticamente dobrar sua produção. A Marfrig, que é dona de marcas de carnes como Bassi e Montana, voltou a operar nos municípios de Nova Xavantina (MT), Pirenópolis (GO), Paranaíba (MS), Alegrete (RS) e Ji-Paraná (RO).
A companhia começou 2017 com capacidade de abate de 170 mil cabeças de gado por mês. Com a expansão, calcula que terminará o ano com capacidade de 300 mil cabeças por mês. A estimativa de geração de empregos é de 4.500 vagas. Além das novas unidades, a empresa decidiu abrir um segundo turno de operação da unidade de Mineiros (GO) e concluiu na quinta-feira (19) o arrendamento de um frigorífico em Pontes e Lacerda (MT), ainda sem prazo de abertura definido.
RETOMADA DAS ATIVIDADES
A decisão de retomar as atividades da JBS foi tomada após reunião entre a empresa, o governo de Mato Grosso do Sul, representantes do Ministério Público e da Assembleia Legislativa.
Segundo nota divulgada pela JBS, a discussão foi positiva e o acordo firmado “será capaz de manter as condições necessárias à preservação das suas operações em uma região tão importante para a empresa e para o país, protegendo os empregos dos 15 mil colaboradores diretos e 60 mil indiretos no estado, além de garantir as relações de negócio que a empresa mantém em Mato Grosso do Sul”.
Em média, a JBS abate 6 mil bovinos por dia no estado, que detém o quarto maior rebanho do país. Segundo a CPI, a empresa não cumpriu os compromissos assumidos nos Termos de Ajustes de Regimento Especial (Tare) para o recebimento de incentivos fiscais do governo de Mato Grosso do Sul.
MAFRIG EM EXPANSÃO
O presidente da companhia, Martin Secco, diz que o atual projeto de expansão é anterior aos eventos que abalaram seus principais concorrentes neste ano. Parte da ampliação de capacidade corresponde a um resgate de cinco fábricas que haviam sido fechadas em 2015, num momento de baixa oferta de gado.
A reabertura era projetada inicialmente para o fim deste ano ou para 2018. Mas, com o cenário que surpreendeu o mercado em 2017, os planos se anteciparam, permitindo uma reabertura em 90 dias, tempo considerado recorde.
AS TURBULÊNCIAS
Em março, com a Operação Carne Fraca, os frigoríficos BRF e JBS estavam na mira, mas a Marfrig não foi citada. O novelo em que se enrolou a JBS depois que veio à tona a delação dos irmãos Wesley e Joesley Batista, em maio, deixou sequelas ainda imensuráveis na gigante do setor.
Na última terça (17) a JBS anunciou a paralisação das atividades de compra e abate de carne bovina em suas sete unidades em Mato Grosso do Sul -a decisão foi revertida na sexta (20), mas sinaliza a instabilidade a que estão submetidos os negócios da empresa.
Questionado, Secco evita fazer associação direta entre o crescimento da Marfrig e as dificuldades da JBS, mas seus cálculos sinalizam uma correlação. "Nós crescemos 25%, mas o volume de abate nacional não mudou", diz.
Segundo o executivo, o mercado como um todo mudou em abril, após a Carne Fraca. "Veio uma indefinição, com fortes dificuldades durante duas ou três semanas." Em junho, o setor sofreu mais um golpe, quando os EUA anunciaram a suspensão das importações de carne bovina "in natura" do Brasil devido aos abcessos provocados pela vacinação dos animais contra febre aftosa.
A Carne Fraca foi vista no início como uma avalanche para todo o setor, influenciando preços internos e o volume exportado, com o fechamento de alguns mercados externos. Meses depois, porém, o aumento da oferta de gado se transformou num acelerador para as reinaugurações da Marfrig.
O retorno dessas unidades deve vir em cerca de 12 meses, pelas expectativas da companhia, que conta com a recuperação econômica e aguarda a reabertura do mercado americano de carne ainda neste ano. (Com informações da Agência Brasil e Folha de S.Paulo)
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