Criada em 09/11/2021 às 08h41 | Pesquisa

Hortas medicinais, uma farmácia viva que todos podem ter

Uma das demandas mais frequentes de produtores rurais, grupos e outros órgãos governamentais são as capacitações sobre as plantas medicinais, cujo atendimento é feito pela equipe técnica da CATI/CDRS.

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Uma das demandas mais frequentes de produtores rurais, grupos e outros órgãos governamentais são as capacitações sobre as plantas medicinais, cujo atendimento é feito pela equipe técnica da CATI/CDRS. (Foto: Divulgação)

“Cultivar saúde implica cuidar do corpo, da mente e do espírito. Nesse sentido, a prática de plantar e manejar uma horta é uma terapia para se obter essa saúde integral, pois produz alimentos e remédios, promove atividades saudáveis para o corpo, com a importante exposição ao sol, principal fonte de vitamina D, e proporciona momentos de reflexão, meditação, contemplação e de sensações (aromas e sabores) que beneficiam a mente e o espírito”, diz a engenheira agrônoma Maria Cláudia Silva Garcia Blanco, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo e que atua na Divisão de Extensão Rural da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CATI-CDRS/SAA).

Segundo Maria Cláudia, as perguntas e demandas de capacitação sobre as hortas medicinais são frequentes e a CATI/CDRS é referência em todo o Estado de São Paulo, quando se trata de solicitação de treinamento nessa área. As demandas vêm tanto de prefeituras como de escolas públicas, órgãos ligados à assistência social, bem como de grupos de produtores rurais que querem implantar uma horta medicinal e/ou conhecer mais sobre o poder curativo das plantas.

Durante a pandemia, quando as pessoas passaram a ficar mais tempo em casa, montar uma horta tornou-se uma atividade saudável para toda a família e, também, por esse motivo, as demandas foram ainda maiores. “Os cursos presenciais não foram mais possíveis, assim como a realização da conhecida Semana de Fitoterapia, evento em parceria com a Prefeitura de Campinas, o que acabou ocorrendo on-line, porém as demandas, durante todo esse tempo, só se intensificaram”, relata Maria Cláudia.

E a técnica, especialista nessa área, afirma que é possível ter uma horta medicinal cultivada das mais variadas maneiras, junto com hortaliças, no meio de um pomar, no jardim, no quintal e até mesmo em apartamentos, pois pode ser montada em recipientes como vasos, garrafas PET, caixotes, entre outros. Basta escolher aquelas que mais agradam ao paladar ou que irão auxiliar em algum problema de saúde. A seguir, um pouco dos cursos oferecidos para aqueles que quiserem se aventurar a iniciar essa saudável atividade terapêutica.

“Para iniciar essa atividade produtiva deve-se, primeiramente, ter uma ideia de onde essa horta será montada e a área disponível, se será em terra, em vaso, enfim, o local. Também será importante conhecer um pouco sobre cada planta medicinal que se pretende cultivar, como a sua identificação botânica; o tipo de crescimento ou porte, se erva, arbusto, trepadeira, árvore etc., de acordo com o local de plantio; a necessidade de luz, que pode ser tanto a pleno sol quanto meia-sombra ou sombra; e, por fim, a necessidade de água, se será preciso fazer regas abundantes, regas moderadas, frequentes ou, até mesmo, se as plantas escolhidas têm pouca necessidade de água, dependendo, nesse caso, das épocas do ano”, explica Maria Cláudia, afirmando que é preciso ter todas estas indicações para poder escolher as plantas que farão parte da horta medicinal que se pretende cultivar e para que ela seja produtiva durante o ano todo.

Escolhido o local, o segundo passo é a escolha de mudas e/ou sementes sadias, de boa procedência, e a preparação do solo para recebê-las. “Se forem direto no solo, os canteiros precisam ter cerca de 30cm de altura para proporcionar uma boa drenagem; recomendam-se utilizar 100g/m2 de calcário para correção da acidez do solo e cerca de 3 a 5kg/m2 de húmus ou composto orgânico para adubar e proporcionar boa textura ao solo. Já se a escolha forem recipientes, deve-se utilizar uma mistura de terra, composto orgânico/húmus ou torta de mamona”, explica Maria Cláudia.

Quanto aos adubos e/ou calcário, entre outros nutrientes e corretivos, o melhor é seguir as recomendações das embalagens e para uma horta de maior porte consultar um engenheiro agrônomo, mas uma dica importante para iniciantes é lembrar de colocar no fundo dos recipientes pedriscos, cacos ou argila expandida para drenar o excesso de água. Outra observação a ser considerada para o sucesso da horta é fazer a semeadura na profundidade certa, ou seja, quanto menor a semente, mais superficial deve ser a semeadura. No caso de mudas, todo o cuidado deve ser tomado ao retirá-las dos saquinhos ou copinhos onde costumam ser vendidas, e, ao colocá-las em buracos na terra, um leve apertão com as mãos ao redor ajudará a fixá-las. Para completar, regar bem sem encharcar e cobrir o solo do canteiro ou do vaso com capim seco, casca de arroz ou outra cobertura, evitando a erosão e os respingos de terra nas plantas quando forem regadas.

As mudas podem ser adquiridas no mercado ou em viveiros ou, também, ser cultivadas a partir de sementes, estacas de galhos ou outras estruturas propagativas como os rizomas e os rebentos, dependendo de cada planta. E não se deve esquecer de adubar com composto orgânico ou torta de mamona a cada dois ou três meses, para o bom desenvolvimento das plantas. Outro detalhe primordial para uma farmácia viva é evitar o contato de animais domésticos e, ao colher, escolher a época adequada, além de usar instrumentos limpos e afiados para não machucar a planta.

Para dar início a uma horta medicinal ou farmácia viva, algumas plantas medicinais são essenciais e não podem faltar: alecrim, babosa, boldo, capim-cidreira, hortelã comum e manjericão. A nutricionista Beatriz Cantúsio, também da Divisão de Extensão Rural da CATI-CDRS/SAA e que acompanha e promove cursos na área de nutrição e saúde, recomenda alguns usos medicinais dessas plantas. “O chá das folhas de alecrim, por exemplo, é anti-inflamatório, antisséptico, cicatrizante, antioxidante e contra má digestão e distúrbios circulatórios. Já o chá de boldo é digestivo e usado contra o mal-estar ocasionado por intoxicação alcoólica. O capim-cidreira é um calmante e combate a ansiedade e insônia leve. A hortelã pode ser usada como antiparasitário para amebas e giárdia; as folhas secadas à sombra podem ser trituradas até virarem um pó para ser usado misturado com mel ou em sucos. O manjericão, tão conhecido na culinária, também tem poderes digestivos e seu chá combate os sintomas da gripe, além de ser antioxidante”.

A engenheira agrônoma Maria Cláudia pode ser acionada pelo e-mail [email protected] e a nutricionista Beatriz Cantusio Pazinato pelo e-mail [email protected] publicações e reportagens, assim como vídeos envolvendo as duas extensionistas, podem ser vistos no www.cdrs.sp.gov.br e/ou no YouTube/cdrs. (Da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo)

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