Criada em 23/01/2019 às 11h36 | Exportações

Presença de toxina no Estado faz exportações de milho do Tocantins despencarem mais de 70% no ano passado

Em dinheiro, queda ficou acima de US$ 38,5 milhões em relação a 2017; conforme a Aprosoja-TO, aflatoxina no milho prejudicou as vendas para o exterior. O valor nominal de milho vendido pelo Tocantins a outros países é o menor desde 2014, quando o montante ficou em US$ 12,66 milhões.

Imagem
Em 2018, os países que mais compraram milho tocantinense foram Espanha, Egito e Arábia Saudita (foto: Mapa\Divulgação)

DANIEL MACHADO*
DE PALMAS (TO)

As exportações de milho feitas pelos produtores e empresas do Tocantins despencaram 72,34% em 2018 em relação a 2017. Em dinheiro, enquanto em 2017 o Estado vendeu US$ 53,31 milhões (R$ 201,51 milhões na cotação desta terça-feira, 22 de janeiro) de milho para o exterior, no ano passado o valor ficou em US$ 14,74 milhões (R$ 55,74 milhões) A diminuição, de um ano para outro, foi de US$ 38,56 milhões (R$ 145,77 milhões).

Em volume, a queda das exportações ficou em patamar semelhante, caindo 74,94% em 2018 na comparação com 2017. Ao todo, no ano passado, os produtores e as empresas tocantinenses comercializaram ao exterior 86,36 milhões de quilos de milho, enquanto o volume do ano anterior ficou em 344,57 milhões. Os números foram apurados pelo Norte Agropecuário no sistema Comex Stat, administrado pelo governo federal sobre regras internacionais do comércio exterior aplicadas no Mercosul.

SAIBA MAIS SOBRE O ASSUNTO

Aflatoxina no milho: 500 mil sacas foram barradas para venda no Tocantins; produtores rurais temem mais reflexos financeiros

Detectada “em níveis altos” em grãos produzidos no Tocantins, microtoxina causa preocupação a agricultores

Produtores e técnicos terão orientações sobre identificação e manejo da micotoxina em milho

O valor nominal de milho vendido pelo Tocantins a outros países é o menor desde 2014, quando o montante ficou em US$ 12,66 milhões. Já em 2015, o Tocantins registrou recorde desse tipo de comércio, com mais US$ 75,31 milhões do produto comercializado para outros países.

Em 2018, os países que mais compraram milho tocantinense foram Espanha, Egito e Arábia Saudita. A Espanha liderou com US$ 4,61 milhões, o que representou 31,31% do total. Já em 2017 os espanhóis haviam comprado mais de US$ 20,15 milhões de dólares em milho.

UM DOS MOTIVOS

Conforme o presidente da Aprosoja-TO (Associação dos Produtores de Soja ou Milho do Tocantins), Maurício Buffon, a quantidade de milho plantada no Estado em 2018 foi praticamente igual a de 2017, mas a safra foi contaminada por uma toxina, que faz com que o produto não seja apto para exportação. “Essa toxina não faz mal para ração animal, mas existem restrições no mercado internacional. A maioria do nosso milho não deu exportação e precisou ser vendida no mercado interno, dentro do Estado, ou nos outros estados do Brasil”, salientou Buffon.

Segundo ele, o problema da toxina no milho, que entre os fatores foi causada pelo clima, é preocupante e a entidade está trabalhando para tentar contorna-lo, tendo em vista que o mercado exterior fechado é um problema grave para os produtores do Estado.

AFLATOXINA NO MILHO

O Norte Agropecuário já havia noticiado o problema da toxina. Em novembro do ano passado, 150 produtores e técnicos se reuniram para tratar do problema da presença da aflatoxina no milho produzido no Tocantins. A reunião se deu por solicitação dos próprios produtores e cooperativas que armazenam os grãos para comercialização exportação.

Na oportunidade, o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo de Sete Lagoas (MG) Rodrigo Veras da Costa disse que o problema é bastante sério, apesar de em geral as pessoas conhecerem pouco sobre o assunto. “Esses fungos têm o potencial de causar problemas à saúde humana e animal, é um problema de saúde pública", disse, durante a palestra. O palestrante explicou também onde e como o fungo cresce e em quais condições. “O problema pode acontecer desde o plantio e vai até o final da comercialização e industrialização. Os cuidados devem começar com o plantio, escolha de sementes e tratos culturais, no manejo enfim”, explicou.

OS PREJUÍZOS

O Norte Agropecuário noticiou também que levantamento da Secretaria do Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária (Seagro) do Tocantins constatou que aproximadamente 500 mil sacas de milho foram barradas para a venda após identificação de aflatoxina durante fiscalização sanitária. A situação foi apresentada na palestra “Aflatoxinas em Milho: Identificação e Manejo”. (*Colaborou Cristiano Machado, da Redação do Norte Agropecuário)

Tags:

Comentários


Deixe um comentário

Redes Sociais
2024 Norte Agropecuário