Tocantins, 3º maior produtor do país, concentra venda de arroz para mercado interno; Venezuela foi única compradora de fora neste ano

DANIEL MACHADO
DE PALMAS

Com estimativa de produzir, conforme a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), 5,6% de todo o arroz brasileiro (terceiro maior percentual do país) em 2017, o que representa 674 mil toneladas, o Tocantins, a exemplo dos outros estados do país, engatinha no quesito exportação do produto.

Dados verificados pelo Norte Agropecuário no Alice Web mostram que, neste ano, sem computar eventuais operações de dezembro, o Estado exportou US$ 49,4 mil, o que representou R$ 163,25 mil na cotação desta segunda-feira, 11 de dezembro. A grande parte da produção tocantinense é vendida dentro do Brasil.

Em quantidade, foram comercializados ao exterior 66 mil quilos, ou seja, apenas 0,01% do total da produção. Todos esses quilos de arroz foram comprados por uma empresa a serviço do governo da Venezuela. O país sul-americano-caribenho passa por grave crise institucional, inclusive com escassez de alimentos nos supermercados.

No ano passado, o Tocantins vendeu mais arroz ao exterior, com 273.300 quilos, comercializados a US$ 244,27 mil. Do total de 2016, US$ 234 mil foram para a Venezuela e o restante para o Vietnã. Nos três anos anteriores, o Tocantins não exportou um quilo de arroz sequer. 

PRODUÇÃO NACIONAL

O Norte Agropecuário ouviu dois especialistas para saber os motivos das exportações de arroz serem tão pequenas. O principal deles, conforme Corumbert Leão de Oliveira, engenheiro agrônomo do Ruraltins (Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins), é que o mercado interno é muito forte e paga razoavelmente bem. Segundo ele, o arroz do Tocantins é vendido em vários estados do Nordeste, em São Paulo e em Goiás. Além disso, o produto tocantinense, e boa parte do brasileiro, é de uma variedade diferente do que é consumido tradicionalmente na Ásia. “Nosso arroz é de qualidade e muito bem avaliado no mercado”, destacou o especialista.

Já o produtor Jaime Café, ex-secretário estadual de Agricultura e Pecuária, lembrou que o Brasil ainda não é autossuficiente na produção de arroz. “Produzimos 10,9 milhões de toneladas (quantidade da safra 2016/2017), mas consumimos mais de 12 milhões. Temos que importar arroz para atender o nosso mercado consumidor, que é muito grande”, frisou Jaime Café.