Criada em 23/02/2020 às 07h06 | Equinos

Somente 4,2% dos equídeos do Tocantins foram submetidos a exames de mormo em 2019, apontam registros oficiais

Números comprovam que o controle não é eficaz. Governo contesta. Nesta semana foi confirmada nova ocorrência no Estado, em Formoso do Araguaia. Equino foi sacrificado na quarta-feira, dia 19. A propriedade está interditada. Exames em animais em fazendas vizinhas foram realizados.

Imagem
Desde a confirmação do primeiro foco, em junho de 2015, ocorreram 36 casos positivos da doença, sendo que o último foco saneado da doença ocorreu em 22 de novembro de 2017 (foto: Mapa/Divulgação)


Clique no ícone acima e assista o programa 

Do total de 246.896 equídeos existentes no Tocantins em 2019, apenas 10.420 foram, oficialmente, submetidos a exames para detectar  doença de mormo no Estado. É o que indicam os registros que médicos veterinários particulares credenciados à Agência de Defesa Agropecuária (Adapec) submeteram ao órgão no ano passado. Pelas normas vigentes no Estado, é obrigatório exame negativo da doença para qualquer finalidade de trânsito dos animais, sejam dentro ou fora do território tocantinense, sejam para vendas, transferência de propriedades e, principalmente, eventos como feiras agropecuárias, exibições e competições em geral.

Nesta semana, foi confirmada a ocorrência do mais recente caso de mormo no Tocantins, mais precisamente no município de Formoso do Araguaia (283,2 km de Palmas).

SAIBA MAIS

Sem laboratório credenciado para mormo no Tocantins, criadores têm que pagar mais caro e sofrem com demora dos resultados

Tocantins já registrou 36 casos de mormo desde primeiro, em 2015; nota técnica é emitida sobre confirmação em Formoso

LEIA AQUI A NOTA TÉCNICA SOBRE CONFIRMAÇÃO DE CASO EM FORMOSO DO ARAGUAIA

VEJA TAMBÉM: Após quase três anos, Estado do Tocantins volta a registrar caso de mormo; Adapec informa ter tomado as providências

CLIQUE AQUI E SAIBA MAIS SOBRE A DOENÇA DE MORMO NO TOCANTINS


Clique no ícone acima e ouça a entrevista

Questionada pelo Norte Agropecuário, a Adapec informou que em 2019 o plantel de equídeos no Tocantins era de 246.896 animais e, comprovadamente, foram submetidos a exames 10.420. Já no ano anterior, ao todo, 13.734 foram examinados, de um total de 270.400 animais.

INEFICÁCIA DO CONTROLE

Os números comprovam que o controle  não é eficaz. Em entrevista ao Norte Agropecuário nesta semana, a veterinária Mary Jane de Abreu, dona de laboratório particular em Palmas, relatou que proprietários rurais burlam normas na questão da locomoção dos animais. “Os criadores devem ser conscientes e comprometidos realizando exames periódicos e só adquirir animais com exame negativo para o mormo”, disse. Ela critica a existência dos chamados “bolões”, os eventos clandestinos, organizados de última hora no interior sem a devida fiscalização por parte das autoridades de defesa agropecuária. “Eventos clandestinos são um risco. Há também promiscuidade grande do trânsito de animais entre as propriedades.”

A entrevista repercutiu no segmento. O Norte Agropecuário recebeu dezenas de mensagens e relatos de problemas em relação à conscientização dos produtores e falhas em fiscalização.

Este caso chamou a atenção para outro problema grave: necessidade do credenciamento de laboratório para detectar a doença no Estado. O Tocantins não conta com laboratório para tal finalidade. Os mais próximos ficam em São Luís, capital do Maranhão, ou Brasília (DF). Com laboratório no Tocantins, ocorreria a redução dos custos e do tempo de retorno dos laudos laboratoriais. Cada exame, por exemplo, custa R$ 45. Já o frete, varia de R$ 70 a R$ 100, e o tempo para entrega dos resultados pode chegar a 15 dias.

AS EXIGÊNCIAS

O responsável pelo Programa Estadual de Sanidade dos Equídeos do governo estadual, Raydleno Mateus Tavares, declarou ao Norte Agropecuário no Rádio, da Jovem FM, de Palmas (TO), que desde junho de 2015, quando houve o primeiro registro da doença no Estado, a agência tomou medidas sanitárias para prevenir e controlar o mormo. “A Adapec exige exame negativo para mormo para qualquer finalidade de trânsito no Estado. É uma medida necessária para ter eficiência na prevenção e controle do mormo. O exame é realizado pelo médico veterinário [credenciado na agência] da iniciativa privada”, explicou.

Por meio de sua assessoria de comunicação, a defesa agropecuária detalhou como é o processo de vacinação: “O produtor rural para movimentar equídeo, deve apresentar entre outros, o exame negativo para o mormo, que é feito pelo produtor em laboratório particular. Se o resultado der negativo, ok. Caso dê positivo, esse laboratório envia a amostra ao Lanagro. Então, o Lanagro realiza exame complementar confirmatório. Se der positivo, o Lanagro avisa a Adapec, que deverá proceder com as medidas sanitárias: sacrifício do animal, bem como coletar material dos equídeos da propriedade foco e dos demais que estão nas propriedades vizinhas. Esse material deverá obrigatoriamente ser enviado ao Lanagro”.

CASO RECENTE

Ainda em relação ao caso de Formoso do Araguaia, a Adapec confirmou que o animal foi sacrificado na quarta-feira, dia 19. “Já foram coletadas amostras dos animais susceptíveis da propriedade foco e dos vínculos epidemiológicos, que são as propriedades limítrofes ao foco. As amostras serão encaminhadas ao Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro)”, informou, por meio de sua assessoria de comunicação.

A propriedade foi interditada. “Desde o início da suspeita do foco, no dia 26 de janeiro, que ocorreu pela a notificação do resultado positivo no método de diagnóstico Elisa que é o exame de triagem, o produtor foi imediatamente notificado, a propriedade foi interditada, o animal foi isolado e a amostra foi enviada ao Lanagro que é Laboratório Oficial do Ministério da Agricultura para realização do exame complementar confirmatório”, relatou. “Enquanto isso, a vigilância ativa na propriedade continuava. A partir do resultado positivo, o animal foi sacrificado e colhido material dos animais susceptíveis na propriedade e dos equídeos das propriedades vizinhas”, complementou.

Anteriormente, também a pedido do Norte Agropecuário, o governo do Estado havia informado que em 2019 foi testado apenas um animal via Lanagro, com gastos de R$ 600, incluindo material de envio e transporte. Em 2018, foram testados nove animais. O valor dos exames chegou a R$ 2.400,00.

MAIS NÚMEROS

Desde a confirmação do primeiro foco, em junho de 2015, ocorreram 36 casos positivos da doença, sendo que o último foco saneado da doença ocorreu em 22 de novembro de 2017, relata a Adapec.

A DOENÇA

O Mormo é uma doença infectocontagiosa causada por bactéria que acomete principalmente os equídeos (asininos, equinos e muares). Nos equídeos, os principais sintomas são nódulos nas narinas, corrimento purulento, pneumonia, febre e emagrecimento. Existe ainda a forma latente na qual os animais não apresentam sintomas, mas possuem a enfermidade.

OUTRO LADO 

O governo do Estado, por meio da Adapec, enviou nota ao Norte Agropecuário que contesta a informação. 

Confira a manifestação na íntegra:

O Governo do Tocantins, por meio da Agência de Defesa Agropecuária (Adapec) contesta a informação veiculada no site Norte Agropecuário de que o número de exames realizados para trânsito de animal comprova controle ineficaz do Mormo. É preciso esclarecer que, em relação a doença, a instituição cumpre a legislação federal, Instrução Normativa nº 06 de 16 de janeiro de 2018 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que exige a realização de exame de mormo para trânsito do animal ou investigações de suspeita de ocorrências da doença. Isto para garantir que o animal que vai ser inserido em um novo plantel não seja o portador da doença para os demais equídeos de outro rebanho em propriedades rurais, eventos que tenham aglomerações de equídeos, bem como qualquer outra unidade epidemiológica que tenha animais suscetíveis.

A Agência tem alertado os produtores rurais para exigir exame negativo para doença ao comprar equídeo e colaborar na denúncia de trânsito irregular desses animais, pois é a forma principal de disseminação. O Programa Estadual de Sanidade dos Equídeos, executado pela Adapec está atento aos cuidados e as medidas sanitárias necessárias para contenção de focos de forma imediata a notificação de suspeita da enfermidade. Não há vacinação para mormo e nem tratamento.

É preciso informar ainda que quando a Adapec é notificada pelo produtor rural por suspeita da doença no plantel, o órgão toma as medidas sanitárias necessárias, incluindo a realização de exames. Em relação ao trânsito de animal o produtor rural para movimentar equídeos, deve apresentar entre outros, o exame negativo para o mormo, no qual a coleta de material é realizada pelo Médico Veterinário credenciado no PESE e enviado por ele ao laboratório particular credenciado pelo MAPA. Se der negativo, está liberado. Caso dê positivo, o laboratório que realizou o exame envia a amostra ao Laboratório Nacional Agropecuário do Mapa (Lanagro).

O Lanagro realiza outro exame para confirmação ou não do resultado. Se o resultado for positivo, o Lanagro notifica de imediato a Adapec, que deverá proceder com as medidas sanitárias: sacrifício do animal, bem como coletar material de todos equídeos existentes na propriedade foco e dos demais que estão nas propriedades vizinhas, é realizada também a investigação da movimentação dos animais da propriedade foco nos últimos 180 dias antes da confirmação. Esse material deverá obrigatoriamente ser enviado pela Adapec ao Lanagro.

A Adapec reafirma seu compromisso com a sanidade agropecuária e com as suas atividades no campo e na cidade, que conta com vigilâncias ativas constantes e ainda com auxílio das barreiras fixas nas divisas do Estado e móveis para garantir que o trânsito dos animais ocorra dentro dos procedimentos sanitários corretos.

Tags:

Comentários


Deixe um comentário

Redes Sociais
2024 Norte Agropecuário