Criada em 31/08/2022 às 10h33 | Agronegócio

Déficit de armazenagem no Brasil pode chegar a 270 milhões de toneladas na próxima década

Diretor técnico da SNA, Chequer Jabour Chequer, disse que o crescimento da produção de grãos no Brasil, apesar de contribuir para elevar o PIB do País, ainda não está sendo acompanhado por um aumento da infraestrutura de armazenagem.

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Déficit de armazenagem no Brasil pode chegar a 270 milhões de toneladas na próxima década. (Foto: Divulgação)

Alguns setores especializados do agro preveem, para o início da próxima década, uma safra de 500 milhões de toneladas de grãos. Porém, para esta produção, a estimativa é de um déficit de armazenagem de 270 milhões de toneladas, informou o diretor técnico da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Chequer Jabour Chequer.

Para ele, o crescimento da produção de grãos no Brasil, apesar de contribuir para elevar o PIB do País, ainda não está sendo acompanhado por um aumento da infraestrutura de armazenagem.

“É um cenário que exige urgentes investimentos, objetivando cobrir um déficit significativo de 122 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Afora isso, há de se considerar a temporalidade das safras, permitindo a utilização de armazéns para o atendimento de safra de grãos diferentes, o que arrefece um pouco o déficit”.

Dados da Conab indicam que somente 14% das fazendas brasileiras contam com silos de armazenagem. No Canadá, segundo a Companhia, o percentual é de 85%; nos Estados Unidos, esse índice chega a 65%, e na vizinha Argentina, que hoje atravessa uma séria crise política e econômica, o percentual é de 40%.

Mais recursos

“Há de se destinar maiores recursos para a construção de armazéns e aquisições de silos, que até agora demonstram ser insuficientes para atender as necessidades dos agricultores. O armazenamento inadequado de grãos acarreta aproximadamente em 15% de perdas, segundo estudos da Embrapa, implicando também na qualidade do produto”, ressaltou Chequer, lembrando que o governo federal tem criado condições para que os produtores possam implementar a infraestrutura de armazenagem no País, como é o caso do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA).

“Além disso, temos a convicção de que a indústria nacional, altamente desenvolvida e competitiva, em futuro breve virá com alternativas de armazenamento dentro de novas concepções construtivas, conjugando tempo de construção, qualidade, vida útil do equipamento e custos menores, com o emprego de novos materiais”.

Plano nacional

No entanto, o diretor da SNA acredita que “não basta somente implementar a armazenagem e trazê-la a um patamar satisfatório”, sem que o País conte com um Plano Nacional de Logística, capaz de equilibrar a matriz de transportes, “hoje ainda descompassada”.

“A eficiência do escoamento dos grãos armazenados está diretamente ligada a uma logística que interopere com os diversos modais de transporte. É mister que tenhamos um Plano Nacional de Logística que permita ao produtor escolher as melhores opções de escoamento de seus produtos, para atendimento dos mercados interno e externo, a um custo de transporte que lhe permita uma melhor competitividade”, afirmou Chequer.

Nesse contexto, o especialista destacou “o louvável esforço do governo federal em avançar com as imprescindíveis construções ferroviárias, com a modernização de portos e aeroportos, o incentivo à cabotagem, o aumento do transporte fluvial” e dar continuidade aos programas de concessões, “aliviando o Estado brasileiro de investimentos perfeitamente absorvidos pela iniciativa privada, e assegurando equações econômico-financeiras factíveis com a taxa de retorno e fórmulas paramétricas de reequilíbrio contratual, caso seja necessário”.

Logística dos transportes

Na retaguarda dos investimentos necessários à melhor arquitetura no planejamento de novos armazéns, a logística dos transportes, segundo o diretor da SNA, é uma importante ferramenta, pela qual se projeta, para 2025, uma movimentação portuária de mais de 190 milhões de toneladas de grãos, com aumento de 2,14%.
“Paralelamente, a operação portuária deveria sofrer sensível melhora no movimento das cargas, otimizando o tempo por processos avançados da telemática, haja vista que o tempo de espera nos portos é da ordem de 70 horas”, complementou Chequer. (Da SNA)

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