A crise no Leste Europeu está atingindo o agronegócio brasileiro no pior momento possível, disse o diretor da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Marco Fava Neves.
Segundo ele, a inflação e os custos de produção no agro já estão muito elevados e as cadeias de suprimentos estão com rupturas. “A guerra acentua esses fatores e também interfere no quadro de fertilizantes no Brasil, já que importamos o produto da Rússia.”
Fava afirmou que a crise afeta toda a cadeia produtiva. Para o consumidor brasileiro, acrescentou o especialista, “a inflação atinge produtos como o trigo e também ovo, carne e leite, em razão da alta das commodities.”
Além disso, disse ele, o transporte mundial também é fortemente afetado pelo conflito, seja pelo fechamento de portos ou pela alta do petróleo.
“Caso a situação se acalme (no Leste Europeu), a valorização das commodities e a ligeira desvalorização do real pode abrir uma janela importante para a tomada de decisão de vendas”, indicou o diretor da SNA.
Dependência
Quanto à dependência do Brasil na importação de fertilizantes, Fava disse que o País “despertou para a necessidade de produção interna” e que isso é um sinal positivo. “Há um plano no governo em andamento nesse sentido”, informou o especialista.
“O fluxo de fertilizantes é essencial para a humanidade, e não deve entrar em qualquer tipo de embargo, caso contrário teremos um cenário de fome e falta de alimentos.”
Demanda
No contexto da crise, o diretor da SNA lembrou que, mesmo com a pandemia, a demanda no agro não recuou. “A demanda mundial por grãos cresce 40 milhões de toneladas por ano. Precisamos de um choque de oferta para plantar mais, encontrar demanda, começar a derrubar os preços e que isso possa chegar ao consumidor final.”
Risco
Com relação à safra 2022/23, Fava considerou a possibilidade de que uma super oferta de grãos no segundo semestre possa vir acompanhada de queda sensível nos preços das commodities na hora da colheita, mesmo que elas estejam com estoques um pouco mais baixos.
“O custo de produção estará extremamente elevado e os preços baixos. É preciso que o produtor tome cuidado com essa possibilidade, pensando as relações de troca para evitar esse pior cenário.” (Da SNA)
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