Um estudo recente do Departamento de Agricultura dos EUA mostrou que o consumo médio anual de carne por pessoa na China chegou aos 70 Kg, em comparação a menos de 10 kg, na década de 70. A tendência, segundo as conclusões da pesquisa, é que o número possa atingir 94 kg até 2031.
Dois desafios, no entanto, podem abalar esse potencial. Além da recente crise imobiliária, que fez cair o poder de compra das famílias chinesas, os surtos de febre suína africana afetaram milhões de animais em anos recentes, levando ao sacrifício dos rebanhos afetados.
Mesmo com a doença controlada, ficou claro que a produção local não consegue mais acompanhar o crescimento da demanda. Assim, no ano 2000 cerca de 1% das carnes consumidas pelos chineses tinha de ser importado. Esse percentual se elevou para 9,1% em 2021.
A mudança no perfil demográfico da população também desempenha papel nesse cenário. Os jovens estão mais ligados à cultura ocidental, o que inclui a culinária, fazendo com que o desejo pela carne vença até mesmo os preços em alta. A carne de porco, ainda de acordo as análises, vem perdendo espaço, embora mantenha o protagonismo. O frango e a carne bovina seguem se destacando no aumento geral.
As despesas com carne representam cerca de 6% do orçamento médio de uma família chinesa. Mesmo assim, a defasagem entre essa procura e a produção nacional, especialmente entre 2015 e 2020, levou o país a comprar mais grãos, destinados à ração dos rebanhos, além das carnes em si. Com isso, a China ultrapassou México, Coreia do Sul e Japão, até então os maiores importadores do produto.
No entanto, o consumo médio ainda está abaixo dos países vizinhos em termos de comparação, embora essa lacuna deva se estreitar. Ainda faltaria bastante para chegar ao patamar de países como EUA, Canadá, Argentina e o próprio Brasil.
Produtores nacionais devem se beneficiar dessa demanda, pois, apesar de oscilações pontuais de preço, as transações tendem a ser benéficas aos brasileiros, por se tratar de um comprador com laços comerciais já consolidados.
Especialistas indicam que, justamente pela excelente oportunidade, os cuidados com a conformidade sanitária devem ser redobrados, pois eventuais surtos locais de doenças ou problemas de higiene já levaram à suspensão das importações de carne por parte da China e de outros parceiros tradicionais no passado. (Da CNA)
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