Uma solenidade na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília, marcou os cinquenta anos de relações comerciais entre Brasil e China. O evento, realizado no último dia 17 de abril, teve como tema “cooperação para um mundo sustentável”. Idealizado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), o painel contou com a presença do vice-presidente da CNA, José Mário Schreiner, além de embaixadores, parlamentares, autoridades e do presidente da República, Geraldo Alckmin.
Em suas manifestações, os presentes destacaram o sucesso da parceria de meio século, que se tornou paradigma no comércio bilateral, uma vez que boa parte dessa relação se dá pela compra e venda de gêneros alimentícios e insumos para o setor. Nesse sentido reveste-se de especial simbolismo que o encontro tenha ocorrido na sede da CNA, entidade que representa o setor agropecuário brasileiro e os produtores rurais. Os dois países desempenham papel determinante em temas de interesse global, tais como segurança alimentar, economia de baixo carbono e uso de fontes renováveis de energia.
De acordo com o vice-presidente de Relações Internacionais da CNA,Brasil e China são dois países continentais e monumentais que se desenvolveram rapidamente nos últimos 30 anos. Ele falou ainda do avanço da agricultura tropical e de como Brasil passou, em um curto espaço de tempo, de importador para um dos maiores exportadores de alimentos do mundo. Para Martins, o Brasil se transformou em uma potência agrícola, energética e agroecológica, e a China é corresponsável por esse crescimento.
Geraldo Alckmin ecoou isso em sua fala, salientando que o mundo está focado em três grandes temas: segurança alimentar, energética e clima. Para ele, o Brasil assume protagonismo diante desses desafios, tendo tudo para expandir ainda mais a parceria, amizade e investimentos com a China. Cabe lembrar que Alckmin acumula o cargo de Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços
A senadora Tereza Cristina, que já foi Ministra da Agricultura, frisou que a parceria entre Brasil e China gera ganhos para ambos os países, e ainda proporciona para os produtos nacionais uma importante porta de entrada no competitivo mercado asiático. Em suas palavras: “A relação é boa para os dois lados. A China, como maior importador de alimentos, precisa de fornecedores confiáveis que possam atender a demanda em quantidades necessárias e bases sustentáveis. O Brasil faz isso com maestria. Nós somos um dos países com maior potencial de expansão da produção agrícola de base sustentável”.
Números, nuances e olhar para o futuro
Os representantes diplomáticos dos dois países deram ênfase ao caráter geopolítico e estratégico da parceria, uma vez que Brasil e China são economias emergentes em desenvolvimento cuja relação fortalecida transcende o âmbito bilateral e aumenta a sua influência em outras tratativas globais. O embaixador da República Popular da China no Brasil, Zhu Qingqiao, e o secretário de Ásia e Pacífico do Ministério de Relações Exteriores, embaixador Eduardo Saboia, lembraram que os governos brasileiro e chinês têm trabalhado para ampliar as convergências, tendo como fundamento interesses e visões de mundo comuns.
O intercâmbio de conhecimento, pesquisa e tecnologia também foi destacado na fala da diretora do Instituto de Economia Industrial da Academia Chinesa de Ciências Sociais (CASS), Shi Dan. Ela reforçou a importância da cooperação e o diálogo entre Brasil e China, principalmente entre estudiosos e academia.
O otimismo de todos dá a dimensão das cifras movimentadas nessa parceria, da qual a agropecuária é protagonista. A China tornou-se, com o tempo, nossa principal parceira comercial, respondendo por 34% das exportações do agro nacional, ao passo que o Brasil também passou a ocupar a posição de segundo maior fornecedor de produtos alimentares à China, atrás apenas da União Europeia.
O relacionamento entre as duas nações ocorre de maneira pragmática, pelo encontro da oferta brasileira de produtos como soja, milho, celulose, carnes, açúcar e algodão, com a demanda emergente do país asiático, mesmo sem um acordo formalmente assinado, o que torna tudo ainda mais impressionante.
Mas a proeminência chinesa no cenário internacional tem também seus efeitos deletérios: a constante tensão com os EUA, o alinhamento com regimes antidemocráticos e a própria governança interna e inflexível do Partido Comunista geram cobranças. Para que o Brasil não fique refém desses atritos, precisando se posicionar a todo momento a favor de seu principal parceiro, é salutar que se busque, sempre, encontrar novos mercados para assimilar a pujante produção nacional. (Da SNA)
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