Daniel Machado
De Palmas (TO)
As exportações de carne bovina do Tocantins no primeiro quadrimestre do ano cresceram 70% em relação ao mesmo período do ano passado, quebrando com sobras o recorde registrado em 2021. De janeiro a abril, o Estado comercializou para o exterior 28,9 mil toneladas de carne bovina por US$ 162,5 milhões (R$ 810 milhões). Em volume, a elevação ficou em 32%.
Os dados foram apurados e analisados pelo Norte Agropecuário no Comex Stat, sistema oficial do governo federal para transações comerciais internacionais. Os números tão positivos são impulsionados, principalmente, pela China, maior parceira comercial do Brasil e, disparada, principal compradora do Tocantins.
Desde o final de 2019, quando o mercado da China continental foi aberto para a carne brasileira, o gigante asiático intensificou a compra de proteína animal bovina do Estado de forma muito rápida. Em 2022, a participação chinesa nas exportações de carne do Estado alcançam a quantia de US$ 108 milhões (cerca de R$ 510 milhões). O valor representa 67% do total arrecadado de dinheiro pelo Estado com vendas externas de carne.
Já em volume, os chineses adquiriram 16.270 toneladas, o que representa 58% do total. O percentual maior em dinheiro do que em quantidade indica que os chineses pagam mais caro por cada quilo de carne na comparação com os demais países.
Preço médio por quilo sobe e beneficia frigoríficos exportadores
Assim como os agricultores com os grãos, os pecuaristas e os frigoríficos foram beneficiados pela subida no preço internacional da carne. De janeiro a abril de 2021, cada quilo de proteína animal tocantinense era vendido para o exterior por US$ 4,33. Agora, o valor saltou 29% e alcança US$ 5,61.
Essa elevação também é sentida no Brasil e reflete diretamente no aumento dos preços da carne nas prateleiras.
Sindicarnes-TO destaca trabalho de qualidade da cadeia de carne do Estado
Conforme o presidente do Sindicarnes-TO (Sindicato das Indústrias de Carnes Bovinas, Suínas, Aves, Peixes e Derivados), Gilson Cabral, a elevação das exportações era esperada, mas não há como deixar de destacar a variação percentual tão expressiva, resultado do bom trabalho do setor como um todo. “À medida que a economia mundial vai se movimentando, o mercado vai se adequando, mas realmente é excelente o percentual de 70%. Isso é muito expressivo e só vem coroar tudo que a indústria e a cadeia da carne vêm fazendo”, destacou Cabral.
Sobre a China, ele destacou que o país é muito importante para toda a cadeia do Tocantins. “A China é um mercado que precisa de muita importação de alimentos, mas é um mercado que se deve trabalhar com precaução, pois eles podem suspender (as compras do Tocantins) sem prévio aviso”, pontuou o presidente-executivo, ao reafirmar, também, que a China segue sendo um excelente parceiro, pois é o maior consumidor da carne tocantinense.
Em relação ao consumo local, Gilson Cabral reconheceu que o mercado da carne do Estado, assim como no Brasil, sofreu com retração dos últimos anos por causa da economia. “O mercado do Tocantins tem problemas, mas tem todas as vantagens também. Temos um mercado pequeno em função da nossa população, mas o consumo tem se mantido”, destacou.
Segundo levantamento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o consumo de carne no Brasil é estimado em 26 quilos por habitante por ano em 2021. A quantidade é menor que em 2020 e bem menor que a de 2019 (23,3% a menos). Os preços, que vêm aumentando, e a perda do poder aquisitivo dos brasileiros, são as principais razões.
Confira, abaixo, a evolução das exportações de carne tocantinense nos primeiros quatro meses do ano:
Clique aqui e ouça a reportagem completa
Deixe um comentário