O Brasil exportou volume recorde de carne suína no primeiro semestre, mesmo com a China reduzindo suas compras do produto em 40%. O setor comemora a boa fase e seus representantes apontam que um crescimento ainda maior é possível, desde que novos mercados sejam abertos, além do incentivo ao consumo interno, onde já ocorre uma valorização. A avaliação é de que o mercado filipino impulsionou esse salto, já que o país importa 400 mil toneladas por ano e o Brasil atendeu boa parte dessa demanda. Para o segundo semestre, as expectativas seguem boas, mas é determinante que a prospecção de novos compradores aconteça rapidamente.
Entre janeiro e junho de 2024, o Brasil exportou pouco mais de 613 mil toneladas e o interesse se volta agora para consumidores mexicanos, sul-coreanos e, principalmente, japoneses. Essa grande quantidade, no entanto, ainda representa um faturamento 8% menor se comparado ao mesmo período de 2023, muito em parte pela cotação menor do dólar nos últimos meses. Mesmo assim, o setor está confiante em vender até 1,3 milhão de toneladas até o fim do ano.
Essa previsão inclui todos os produtos, desde os in natura até os processados. Esse preparo técnico e logístico, no entanto, precisa de compradores no outro lado da linha.
De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a retração dos pedidos vindos da China tem sido, gradualmente, substituída pelas encomendas de filipinos e japoneses. Assim, a diminuição de um lado foi compensada pelo crescimento do outro, mantendo o fluxo positivo e com tendência de alta. A entidade enfatiza o protagonismo e liderança de Santa Catarina no cenário das exportações brasileiras de carne suína, com 337 mil toneladas embarcadas para o mercado externo em 2024. Outros estados que merecem destaque são Rio Grande do Sul, com 131 mil; Paraná, com 80,2 mil toneladas; Mato Grosso, com 17,5 mil toneladas; e Mato Grosso do Sul, com 12,6 mil toneladas.
Ainda saltam aos olhos, além de Filipinas e Japão, remessas maiores para toda América do Norte e do Sul, observando-se uma alta especial nos casos de Chile e Peru. Isso reflete, segundo analistas de mercado, os resultados da nova estratégia brasileira de investir na ampliação e capilaridade de novos mercados.
Panorama interno
Internamente, entidades buscam incrementar o consumo de forma paralela à conquista de novos mercados. A Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) comemora a conquista representada pelos 14 quilos de consumo per capita na década passada, terem saltado para 20,68 em anos recentes.
A ABCS argumenta que, para além das melhores vendas em âmbito nacional, o foco é divulgar a rígida observância sanitária da cadeia produtiva brasileira, implementação de novas diretrizes quanto ao bem-estar dos animais e outros quesitos que vêm ganhando cada vez mais importância e pesam na hora dos compradores fecharem negócio. Esse controle de qualidade sempre foi o ponto forte do Brasil ao conquistar mercados historicamente exigentes como os do Oriente Médio e Sudeste Asiático.
Segundo o IBGE, o consumo do brasileiro de carnes bovina, de frango e suína somou 96,56 kg/habitante em 2023, enquanto a carne de frango ainda lidera o consumo nacional das proteínas com quase 42 kg por habitante ao ano; a carne bovina corresponde a 34 kg. No ano passado, a produção brasileira de frango foi de 13,3 milhões de toneladas: 4,8 milhões foram exportadas e 8,5 milhões ficaram no mercado interno.
Quanto à carne bovina, a produção em 2023 foi de 8,9 milhões de toneladas: quase dois milhões de toneladas tiveram como destino as exportações e pouco mais de 6,9 milhões de toneladas foram absorvidas pelo mercado interno. Enquanto isso, Brasil produziu 5,2 milhões de toneladas de carne suína: exportou cerca de 1,2 milhão de tonelada e consumiu internamente em torno de 4 milhões de toneladas.
O setor de suínos mira o público que pode ter no produto uma alternativa saborosa e nutritiva, sobretudo com a perspectiva de atingir uma tonelagem de 5,55 milhões em 2024, o que representa um crescimento de 3,7% na produção, de acordo com dados do Ministério da Agricultura.
O MAPA ainda enfatiza que a alta nas exportações não deve impactar a disponibilidade interna, já que a abertura de novos mercados é que eleva as vendas, e não a realocação do volume estimado para o mercado interno, que este ano deve ficar em 4,22 toneladas, novamente acima dos números de 2023. (Da SNA)
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