Mariana Tokarnia
DE BRASÍLIA
Após a suspensão pelos Estados Unidos de todas as importações de carne fresca brasileira, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) estuda recomendar o fatiamento da carne como solução para as irregularidades encontradas, segundo comunicou nesta sexta-feira, 23, o secretário executivo da pasta, Eumar Novacki. O ministério acredita que os problemas comunicados pelo governo americano são decorrentes da vacinação contra a febre aftosa, que poderia causar inflamações. O secretário garantiu que apenas a aparência fica comprometida e que o produto não oferece nenhum risco a saúde.
Novacki disse que o Brasil exporta para os Estados Unidos a parte dianteira do boi inteira, local onde o gado recebe a vacina contra a febre aftosa. Mesmo que não esteja aparente, alguma inflamação pode ser detectada quando a peça é cortada. "No momento em que vão fatiar para cortes ou vão moer para fazer hambúrger, pode-se detectar, e isso é descartado. Não coloca em risco a saúde pública", disse.
A pasta não trabalha com a perda do mercado norte-americano. Está agendada para o início de julho uma reunião técnica entre os dois países. O ministro da Blairo Maggi também poderá ir pessoalmente ao país caso seja confirmada uma reunião com o ministro da Agricultura americano, Sonny Perdue. A pasta também realiza investigações nas plantas frigoríficas que realizam as exportações desse tipo de produto, assim como investiga os lotes de vacinas contra febre aftosa aplicadas nos animais.
Segundo Novacki, o mesmo problema de inflamação foi comunicado em novembro do ano passado pelo Chile. A solução foi o fatiamento da carne, o que possibilitou a retirada de pedaços que estivessem com aspecto ruim.
CARNE FRACA
Após a Operação Carne Fraca, mercados como os dos Estados Unidos e da Comunidade Europeia determinaram a fiscalização de 100% da carne brasileira. "Nós esperamos reverter essa suspensão o mais rápido possível. O primeiro passo é responder essa carta das autoridades americanas já na próxima semana", disse Novacki. "O mercado dos Estados Unidos é importante não só pelo volume e o que significa, mas porque serve de referência para vários outros mercados", acrescentou.
Foram 17 anos de negociações para que o Brasil conseguisse exportar carne fresca para os Estados Unidos. As exportações começaram a ser feitas em setembro do ano passado. Novacki atualizou para 15 o número de plantas frigoríficas que exportavam carne in natura para os Estados Unidos. Antes eram 13, sendo que cinco dessas plantas já estavam com as exportações suspensas pelo próprio ministério.
Essas plantas acumularam, de janeiro a maio, US$ 49 milhões em exportação. "Se nós observarmos as projeções poderíamos chegar a US$ 100 milhões até o final do ano", estimou o secretário. Hoje os EUA representam até 2,79% das exportações de carne bovina fresca brasileira.
A pasta acredita ainda que pode existir uma certa resistência nos Estados Unidos ao produto brasileiro, uma vez que é bastante competitivo. O mercado brasileiro está aberto aos Estados Unidos, mas eles não conseguiram ter uma grande penetração devido ao preço. O secretário diz que o Brasil foi surpreendido com a decisão dos Estados Unidos de suspender as importações, que ocorreram logo após a suspensão de exportações feita pelo próprio Brasil.
O Serviço de Inspeção e Segurança de Alimentos dos EUA inspeciona todos os produtos de carne que chegam do Brasil e desde março recusou a entrada para 11% da carne fresca. “Esse valor é substancialmente superior à taxa de rejeição de um por cento das remessas do resto do mundo”, diz a nota do governo americano.
Desde o aumento da inspeção, foi recusada a entrada de 106 lotes de produtos bovinos brasileiros, devido a problemas de saúde pública, condições sanitárias e problemas de saúde animal. A nota dos Estados Unidos diz que o governo brasileiro se comprometeu a resolver essas preocupações. (Da Agência Brasil)
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