Criada em 29/07/2021 às 09h00 | Pecuária

Balde Cheio promove intercâmbio de produtores de leite no Tocantins

O projeto tem como uma de suas práticas o intercâmbio entre produtores de leite participantes.

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O Sítio Estiva é uma Unidade Demonstrativa do projeto, que em Palmas conta com a atuação de dois técnicos da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural (Seder). (Foto: Clenio Araujo)

O projeto Balde Cheio, que a Embrapa e vários parceiros desenvolvem em todo o país, tem como uma de suas práticas o intercâmbio entre produtores de leite participantes. Foi o que aconteceu em maio no Sítio Estiva, que fica em Palmas, capital tocantinense. Dois produtores de Brejinho de Nazaré, município da região Centro-Sul do estado, visitaram a propriedade do Seu Anízio Moura Filho e da esposa, dona Santa.

O sítio é uma Unidade Demonstrativa (UD) do projeto, que em Palmas conta com a atuação de dois técnicos da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural (Seder). Além da propriedade do Seu Anízio, há outras seis assistidas na capital do Tocantins. Com a troca de experiências, a ideia é que os produtores de Brejinho de Nazaré, onde o Balde Cheio está numa etapa mais inicial, também possam progredir na atividade leiteira.

Seu Anízio conta que está satisfeito com a participação no projeto: “antes, eu tocava a propriedade, não sabia gerir a propriedade. A partir da metodologia do Balde Cheio, eu passei a anotar tudo; hoje, estou diminuindo custo e tendo mais lucro. Antes, você mexia com um volume de dinheiro e não sabia se era lucro ou se era despesa. Hoje, a gente já tem um norte e está caminhando para melhorar mais a propriedade”.

A produtividade dos animais do Sítio Estiva permanece praticamente a mesma. No entanto, com a redução de custos proporcionada pela gestão mais criteriosa da atividade leiteira, a margem de lucro cresceu. Uma das reduções foi com relação ao custo da energia elétrica, que antes era contada como urbana. Com a mudança para energia rural, ficou mais barato manter a irrigação na propriedade. “São coisas que a gente interfere no projeto e que realmente fazem muita diferença. Não é só a parte agronômica e zootécnica, mas também uma parte comercial e gerencial muito importante”, explica Cláudio Barbosa, zootecnista da Embrapa e coordenador do Balde Cheio no estado.

Recomendação 

Seu Anízio recomenda que outros produtores façam o acompanhamento das contas da propriedade, uma das principais recomendações do Balde Cheio. Entendendo onde são investidos os recursos financeiros da propriedade, é possível se ter uma ideia melhor da condução financeira da atividade de produção de leite e, principalmente, onde é necessário fazer ajustes. Hoje, a produção média do Sítio Estiva é entre 160 e 170 litros de leite por dia, que se transformam em queijo comercializado no distrito de Taquaruçu, em Palmas.

Um dos produtores que visitou o sítio do senhor Anízio foi Kelly Wanderson Silva Lima, que aprovou a troca de experiências. Para ele, é importante visitar outra propriedade que está mais avançada no projeto para “dividir o conhecimento do que ele (o produtor) está tendo, o que ele passou, as falhas e ver onde ele acertou”. Sobre adotar as práticas que estão em execução no Sítio Estiva, Kelly Wanderson diz que “praticamente 80% do que ele está mexendo aqui eu vou levar pra mim. Com certeza”.

Dois técnicos da Seder dão assistência técnica à propriedade do senhor Anízio: o zootecnista Thiago Moreira e o veterinário Cláudio Sayão. Sobre o intercâmbio entre produtores participantes do Balde Cheio, Cláudio entende que “é de fundamental importância a realização, já que Unidade Demonstrativa é uma escola para metodologia e é por ela que se multiplicam para os outros produtores. A unidade está aberta para outros agendamentos, respeitando os requisitos da pandemia”. 

Parceria

O Balde Cheio é um projeto com forte caráter de parceria entre instituições. Por meio de arranjos que levam em consideração as oportunidades e as condições locais, aproveita o que cada parceiro pode oferecer de melhor e, no final, quem mais sai ganhando é o produtor de leite. No caso de Palmas, a parceria é entre a Embrapa e a Seder.

Para o secretário Major Negreiros, “esse entrelaçamento, essa troca de sugestões, essa troca de ideias, essa troca de conhecimento entre os técnicos, chegando até o produtor, com certeza a população é que ganha, porque vai receber um produto de qualidade, e o produtor vai receber uma assistência técnica qualificada pra que possa ganhar mais e trabalhar menos”.

Cláudio Barbosa, da Embrapa, cita o componente social que o Balde Cheio também trabalha: “nesta propriedade, a gente já notou uma mudança social. No início, era somente o casal de produtores (Seu Anízio e dona Santa), era muito trabalho. E agora eles conseguiram, com a rentabilidade mensal maior que passaram a ter com a atividade leiteira, contrataram um ajudante, que era pra ser temporário, mas está se tornando fixo”.

Dessa maneira, além da redução de custos e do aumento de ganhos financeiros da atividade leiteira, o Sítio Estiva começa a ter impacto de ordem social. Em tempos de pandemia, com tantas restrições quanto a trabalho, emprego e renda, a produção de leite se mostra uma atividade resiliente. Sendo trabalhada de maneira profissional, com aplicação de tecnologias adequadas e uma boa gestão, pode ser sustentável sob os três tradicionais aspectos: ambiental; econômico; e social. Os produtores e os técnicos do Balde Cheio mostram isso na prática. (Da Embrapa)

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