Criada em 02/02/2023 às 07h32 | Agronegócio

Artigo: "A Cadeia Produtiva de Hortaliças e o Valor Bruto da Produção"

Warley Marcos Nascimento, chefe-geral da Embrapa Hortaliças, destaca em artigo que grande parte das hortaliças no Brasil é comercializada por pequenos agricultores, geralmente denominados como “familiares”, onde a produção tem sido prioritariamente voltada para o mercado interno.

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O baixo consumo de hortaliças tem sido também acentuado pelo cenário econômico, inflação e baixo poder aquisitivo da população. (Foto: Lilian Uyema/Ceagesp)

Por Warley Marcos Nascimento – Chefe-geral da Embrapa Hortaliças

O mercado brasileiro de hortaliças é altamente diversificado e segmentado, com dezenas de olerícolas sendo comercializadas e consumidas nas diferentes regiões do País. Grande parte das hortaliças no Brasil é comercializada por pequenos agricultores, geralmente denominados como “familiares”, onde a produção tem sido prioritariamente voltada para o mercado interno.

As hortaliças, sem dúvida, são importantes fontes de vitaminas, sais minerais, fibras e antioxidantes. Entretanto, o consumo delas em nosso País permanece bem abaixo dos valores diários preconizados por instituições de saúde. Esse baixo consumo tem sido também acentuado pelo cenário econômico, inflação e baixo poder aquisitivo da população.

O agronegócio de hortaliças possibilita a geração de grande número de empregos, sobretudo no setor primário, devido à elevada exigência de mão-de-obra nas diversas etapas da produção, incluindo a semeadura, tratos culturais, colheita, beneficiamento e comercialização. Essa cadeia produtiva é bastante dinâmica e apresenta vários desafios, onde há produção o ano inteiro nas diferentes regiões do País, com diferentes níveis de tecnologia, de produtividade e de fluxo de caixa para investimento.

As hortaliças são mais lucrativas que outras culturas, como as de grãos, por exemplo, com uma realidade bem mais complexa, e o sucesso dos negócios com essa cadeia produtiva depende de vários fatores. Sabe-se que as hortaliças são culturas temporárias e, assim, necessitam de um maior investimento inicial, sendo que nos últimos anos tem-se verificado um aumento expressivo dos custos de produção. Como exemplo, apenas na cultura do alho, de acordo com o recente levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), realizado nas quatro principais regiões produtoras do País, o custo de produção em 2022 ultrapassou os R$ 200 mil por hectare, valor esse verificado na principal região produtora do Brasil, em São Gotardo, MG. Vale mencionar que essa região, juntamente com Cristalina (GO), são as principais produtoras de alho do cerrado brasileiro e possuem as fazendas mais tecnificadas nessa cultura, segundo a Associação Nacional dos Produtores de Alho (Anapa).

O Valor Bruto da Produção (VBP) da agropecuária, que projeta a receita do setor primário dentro da porteira, deve ter batido recorde e alcançado R$ 1,32 trilhão em 2022, alta de 2,1% na comparação com 2021, segundo estimativa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Nesse cenário, o VBP em 2022 das principais cadeias agrícolas foi: soja (R$ 385,2 bilhões), milho (R$ 165,5 bilhões), cana-de-açúcar (R$ 80 bilhões), café (R$ 57,5 bilhões) e algodão (R$ 50,1 bilhões). E as hortaliças?

Esse estudo do VBP mencionou apenas três cadeias produtivas: batata (R$ 13,2 bilhões), tomate (R$ 11,7 bilhões) e cebola (R$ 4,9 bilhões). Considerando apenas estas três cadeias, o VBP atingiu a soma de R$ 29,8 bilhões, valor superior ao das cadeias do arroz, feijão e tantas outras. Com isso, podemos (re)afirmar a grande importância e a dimensão da cadeia produtiva de hortaliças para a economia brasileira.

Comparando com o ano de 2021, houve um crescimento do VBP de 99,1% para cebola, 40,3% para a batata e 15,5% para o tomate. Em que pese o aumento dos custos de produção, as condições climáticas não tão favoráveis em determinados locais e a pandemia, a produção dessas importantes hortaliças foi bastante razoável de uma forma geral nas diferentes regiões produtoras, trazendo renda para os agricultores (setor primário), e movimentando os setores secundário (insumos e agroindústrias) e terciário (distribuidores, transportadoras e comerciantes de produtos agrícolas). (Da Embrapa)

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