O novo presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Maurício Buffon, que tomou posse em cerimônia, em Brasília (DF), ontem (23) à noite, anunciou duas prioridades para os próximos meses: apoiar o produtor a renegociar suas dívidas e buscar no Plano Safra 2024/25, a ser apresentado até o fim de junho, mais crédito a juros menores. Em entrevista antes do evento, ele disse que a interlocução com o governo federal, independentemente do partido ou posição ideológica, também estará no foco. "Estaremos em todas as mesas de negociação para as quais formos convidados", disse. Produtor rural, natural de Ronda Alta (RS) e radicado em Tocantins desde 2009, onde presidia a Aprosoja Tocantins, Buffon vai suceder na Aprosoja Brasil, Antonio Galvan, pelos próximos três anos.
Buffon assume a Aprosoja Brasil em um dos momentos mais delicados para o setor, decorrente da quebra na produção e do aumento do endividamento, que gerou pedidos de recuperação judicial. "A maioria dos Estados teve problemas de safra, o produtor está sempre muito exposto ao risco e o Brasil não tem um seguro que dê tranquilidade como nos Estados Unidos e na Europa", diz. "Precisaremos sentar à mesa para buscar ajuda. O Brasil não consegue implantar um seguro bem feito. Se tivéssemos um seguro agrícola bem postado, teríamos uma oferta de crédito melhor, com taxas mais baratas e sem necessidade de intervenção do governo."
Segundo ele, o envolvimento das entidades de classe e dos diversos atores do governo na construção de um seguro rural eficiente tornaria o juro mais barato e seria uma garantia para quem vai investir no agro. Ele espera ter uma boa interlocução com o Ministério da Agricultura, além das casas legislativas." O que o setor precisa - e, principalmente, quem investe no setor - é garantia de recebimento", afirmou.
A discussão mais emergencial, segundo ele, é obter do governo federal uma instrução normativa para a renegociação das dívidas que contemple o setor produtivo da soja nos Estados do Norte e Nordeste, que também tiveram problemas. Ele diz esperar que o Plano Safra 2024/25 traga uma oferta de crédito capaz de diminuir os impactos causados pela quebra na safra 2023/24. "Já estamos negociando, fazendo alguns pedidos para o governo, principalmente em relação ao volume de recursos e a redução de taxa de juros", diz. Buffon ainda não tem uma taxa definida, mas afirma que o setor não aguenta mais pagar as taxas de juros cobradas para custear a produção. "O plano precisa trazer essa redução para que a atividade possa ser sustentável", diz. "Se você não conseguir uma renegociação, você acaba ficando de fora e não pode acessar os recursos."
A melhor oferta de crédito permitiria ampliar a infraestrutura de armazenamento e diminuiria a pressão logística, segundo ele. "Se tivéssemos armazenagem dentro do País, teríamos um mercado regulatório de produto capaz de regular os preços, evitando oscilações", afirma. "A maior oferta de armazenagem também tiraria a pressão da logística; a armazenagem resolve muitas coisas do setor", disse.
Para a safra 2024/25, a ser semeada a partir de agosto, o novo presidente da Aprosoja vê preocupação no setor produtivo. "O clima e o investimento em tecnologia vão definir a próxima safra, mas eu vejo o produtor muito tímido. O investimento é alto devido ao custo de produção. Com essa questão do endividamento, ainda há um ponto de interrogação do tamanho da safra; precisamos ter um pouquinho de cautela", afirma. "O produtor sempre quer produzir mais, mas isso tem custo. A boa rentabilidade vai depender realmente do crédito.” (Da Broadcast Agro)
Deixe um comentário