Juliana Matos
DE PALMAS (TO)
Falta de informação e desrespeito à legislação são as duas principais razões que justificam a presença residual de antibióticos no leite in natura. Essa é a conclusão da pesquisa realizada em 22 fazendas da zona metropolitana de Palmas entre julho de 2017 e junho de 2018.
Os resultados foram demonstrados em palestra ministrada pelo médico veterinário e mestre em Ciência e Tecnologia, Cláudio Sayão, nesta quarta-feira, 08, na Feira Tecnológica Agropecuária (Agrotins) 2019, em Palmas.
Sayão é servidor da Secretaria de Desenvolvimento Rural (Seder) de Palmas e trabalha com projetos de extensão e assistência técnica em propriedades rurais que desenvolvem a atividade leiteira.
A pesquisa recebeu apoio de laboratório privado para análise de amostras de leite e envolveu desde propriedades de pequeno e médio porte a laticínios regionais e entrevistas com produtores e lojas agropecuárias. O objetivo foi apurar a prática e o conhecimento dos entrevistados sobre a ordenha, a higiene, o tratamento de vacas doentes, o respeito à pausa pós-tratamento e como tudo isso pode ter relação causal com a comercialização de leite com residual medicamentoso.
Resultados
A mastite, inflamação na glândula mamária da vaca, foi o principal motivo, segundo os entrevistados, para a administração de antibióticos em animais em produção. Por fim, a pesquisa demonstrou que o tratamento da inflamação e práticas inadequadas de manejo favoreceram o resultado inadequado em amostras de leite de três das 22 fazendas pesquisadas.
Foi possível identificar, segundo Sayão, como falhas que favoreceram o resultado inadequado: dosagem acima do recomendado, falha da observação ou não cumprimento dos períodos de carência do medicamento administrado e até mistura do leite não contaminado com o contaminado.
Este residual dissolvido no leite inibe, por exemplo, a cultura de bactérias necessárias para a fabricação de queijos, iogurtes e leites fermentados e também interfere na garantia da validade do leite submetido a tratamento térmico para envasamento. A conservação do produto se torna menor e há ainda riscos para a saúde de quem consome o leite ou derivados com moléculas de antibiótico.
"Se falarmos de âmbito mundial, a legislação brasileira é atual e prevê que o resíduo de antibiótico em leite tem que ser zero, porém em muitas regiões do País esse resíduo ainda é achado, como também podemos observar em pesquisas feitas em outras regiões", disse Sayão.
Produtor assistido
Adotar boas práticas de higiene e de tratamento da mastite e outras causas de adoecimento do gado e recorrer à supervisão técnica, como a oferecida pela Seder gratuitamente a pequenos produtores, são caminhos para que resultados como os demonstrados na pesquisa não voltem a acontecer. Wilton Macêdo produz em uma pequena propriedade no assentamento Entre Rios, em Palmas, cerca de 50 litros de leite por dia. Ele observou atentamente a palestra e se disse motivado a repensar práticas que possam influenciar em mais qualidade ao seu produto. "Na rotina passa muita coisa despercebida e isso aqui foi bom de ouvir para a gente repensar e se policiar, porque o leite é um produto perecível que precisa ter qualidade", afirmou.
"Não adianta pensar em ganhar dinheiro se você não trabalhar com segurança alimentar. Isso é uma exigência mais do que necessária, é uma obrigação da atividade", avaliou o produtor e empresário no segmento de laticínio Adão Rocha Rêgo, ao final da palestra.
Orientação e esclarecimento de dúvidas sobre este e outros assuntos ligados à produção rural podem ser obtidos até o final da Agrotins 2019, que encerra no dia 11, na Fazendinha Calor Humano. No entanto, qualquer produtor de Palmas interessado também pode buscar apoio diretamente na Seder, que fica ao lado do Terminal Rodoviário de Palmas, na Quadra ASR-SE 125, esquina entre as Avenidas NS-10 e LO-27. (Da Secom Palmas)
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