Criada em 14/10/2020 às 08h05 | Agronegócio

Agronegócio poderá ter plano estratégico de comunicação

O desenvolvimento de uma estratégia de comunicação no agro, com foco no mercado externo e interno, terá como objetivo esclarecer os empresários, a imprensa brasileira e o mundo a respeito da realidade do setor.

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O foco é esclarecer os empresários, a imprensa brasileira e o mundo a respeito da realidade do setor. (Foto: Divulgação - SNA)

Representantes do agronegócio brasileiro afirmam que o setor, em face das críticas que tem recebido sobre questões ambientais, necessita de um plano estratégico de comunicação para mostrar ao País e ao mundo seu real desempenho, principalmente nas áreas de preservação do meio ambiente, desenvolvimento sustentável da Amazônia e combate a ilegalidades.

A proposta foi debatida na última sexta-feira pelos participantes da videoconferência “A Questão Ambiental e as Exportações do Agro”, organizada pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).

Na ocasião, o presidente da SNA, Antônio Alvarenga, sugeriu a criação de uma ‘força-tarefa’, que deverá contar com o apoio de outras entidades como a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), para o desenvolvimento de uma estratégia de comunicação no agro, com foco no mercado externo e interno, e que terá como objetivo esclarecer os empresários, a imprensa brasileira e o mundo a respeito da realidade do setor.

Segundo Alvarenga, “é preciso identificar pontos de convergência para que o agronegócio esteja unificado e caminhe numa só direção”.

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Bartolomeu Braz, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), salientou que “o produtor brasileiro consegue proteger sua lavoura, suas reservas legais e áreas de proteção permanente, mas tem dificuldades de transmitir isso para a sociedade brasileira e os consumidores, ficando com sua imagem prejudicada”.

Segundo o executivo, o setor precisa trabalhar para melhorar sua comunicação diante de seus compradores e financiadores.

Para o vice-presidente da SNA, Tito Ryff, um plano de comunicação para o agro deve estar sintonizado com os objetivos do governo e priorizar a questão da Amazônia. “Falta um projeto para a região”, disse ele. A ideia, segundo Ryff, “é ter, de um lado, uma comunicação eficiente, e de outro uma gestão eficaz da Amazônia”.

“Propaganda é importante, mas temos de montar uma estrutura e comunicar”, disse o vice-presidente da Caramuru Alimentos, César Borges, que na ocasião falou ainda sobre os investimentos da empresa em obras de logística.

Protagonismo

“A agricultura brasileira caminha para ser a melhor do mundo, mas temos de unir os atores de todas as cadeias produtivas para elaborar uma ação conjunta. Nós fazemos a agricultura mais sustentável do mundo, mas não conseguimos vender isso. Precisamos de um grande embaixador do agro brasileiro para mostrar essas realizações”, disse Cesário Ramalho, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho).

Segundo ele, o mal desempenho do País, nesse sentido, pode ser explicado pela falta de liderança. “Não somos protagonistas, só sabemos nos defender. O governo precisa estar assessorado por comunicadores e publicitários para elaborar uma campanha em defesa não só do agro, como de todo o País. Temos produtividade, eficiência, mas falta fiscalização e punir quem pratica ilegalidades”.

Combate aos incêndios

Ao comentar sobre a necessidade de priorizar a resolução de problemas como regularização fundiária e combate a crimes ambientais, Braz destacou o trabalho que a Aprosoja tem realizado para diminuir as irregularidades e o impacto negativo do setor.

“Vamos começar a monitorar diariamente algumas propriedades rurais em todo o País e também temos trabalhado na proteção contra incêndios, que é a principal condição para o início dos plantios”, disse ele.  E para combater os incêndios, “muitos deles criminosos”, a Aprosoja tem utilizado um sistema interconectado de aviões, tratores e caminhões pipa. Os registros e informações sobre ocorrências são compartilhadas em grupos no WhatsApp.

Além disso, a associação produziu, com o apoio do Ministério das Relações Exteriores, um material para ser divulgado pelos embaixadores, mostrando que o agro brasileiro produz com sustentabilidade e contribui para o desenvolvimento social, com geração de empregos e melhoria das condições de vida de populações desfavorecidas.

Preços competitivos

Por outro lado, destacou Braz, “estamos batendo recordes de exportações de grãos e de carnes. Cerca de 40 milhões de toneladas de grãos para a safra 2021/22 já foram negociados, e a safra posterior registra vendas de 4 a 5 milhões de toneladas”.

Segundo o executivo, o preço da soja não tem sido afetado por causa da questão ambiental. “Os preços estão competitivos, por isso é que está havendo aumento de área. Estamos exportando como nunca”, disse. “A soja está com boa demanda, os preços estão subindo, sem restrições”, reforçou o empresário Walter Horita, um dos maiores produtores de algodão do Brasil.

Sem retrações

Luiz Roberto Barcellos, presidente da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), também defendeu um plano inteligente de comunicação para o agro, falou que “o Brasil está sofrendo uma guerra de informações”, e acrescentou que as exportações do setor de frutas não têm registado retrações por conta das críticas que o País vem recebendo em relação às questões ambientais.

Apesar disso, Barcellos relatou um recente caso de retaliação por parte importadores de limão da Alemanha, que compraram o produto proveniente do México, após alegarem que o Brasil estaria “destruindo a Amazônia”.

Certificação

O executivo comentou também que as normas de certificação internacional para exportação dificultam as vendas. “Os importadores exigem a assinatura de um documento que proíbe qualquer desmatamento de terra, ainda que existam autorizações concedidas por órgãos competentes. Não podemos aceitar isso, temos de colocar em discussão”. Por fim, Barcellos defendeu o pagamento aos produtores por serviços de proteção ambiental.

Contexto social

Ao ressaltar a importância do agro na exploração de energias renováveis, o presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Jacyr Costa Filho, foi enfático ao dizer que “o que degrada o meio ambiente é a pobreza”.

Por isso, disse ele, “devemos valorizar iniciativas como a da Abrafrutas, que está incentivando a fruticultura sustentável e gerando emprego em áreas pobres do Nordeste, e mostrar que empreendedores no Mato Grosso estão gerando riqueza e alimentando o mundo. É isso que deve ser valorizado. Precisamos também colocar a mão no bolso e promover esse grande projeto de comunicação”.

Ataques

“A participação de entidades privadas é importante para enfrentar os ataques do mercado internacional”, disse o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Marcelo Vieira.

Também presente ao debate, o ex-ministro Márcio Fortes declarou que “sempre houve um interesse em desqualificar a atuação do Brasil pelo setor ambiental, e agora isso se tornou uma missão orquestrada. Já que não podem atacar a produtividade, atacam o meio ambiente”. Dessa forma, disse ele, “temos de levar os dados para a mesa, e não ficar no embate. É uma questão de bater com os números, e não com a retórica”. (Do SNA)

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