A atual alta do dólar, acima dos R$ 4,00, seria um cenário favorável para os produtores de soja comercializar a produção, não fosse o tabelamento do frete que tem afugentando as compradoras do grão. É o que aponta o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Tocantins (Aprosoja-TO), Maurício Buffon, preocupado com a instabilidade nos negócios.
“O produtor poderia estar aproveitando uma alta de dólar, mas hoje ele não está porque as tradings (que compram e exportam a produção) estão muito frias no mercado. Não estão querendo assumir o risco dos fretes de retorno e isso está impactando diretamente o mercado”, aponta.
O fato é que na prática o frete do caminhão carregado não mudou após o tabelamento, o problema está no retorno, como explica o presidente da Aprosoja-TO.
“Hoje um caminhão carregado aqui na região de Porto Nacional está saindo a R$ 210,00 a tonelada para ser transportado até o Porto de São Luís (MA). E no passado, antes dessa tabela de frete, era praticamente isso também, não mudou muita coisa", disse.
"O grande problema é que se retornar vazio, as transportadoras podem vir cobrar de quem está transportando, o retorno. Cobrando de 60 a 70% do frete de ida por voltar vazio. Então esse é o grande impacto das compradoras de soja, por esse motivo elas não estão vindo para o mercado com apetite de soja”, completou.
Buffon ressalta que o cenário atual requer cuidado com as finanças.
“É um momento bem delicado para o produtor rural. Ele tem que estar se precavendo com essa questão para poder ver se ele consegue travar pelo menos seus custos com esse dólar, porque daqui a pouco ele pode está plantando com o dólar a R$ 4,15 e quando for a hora de vender sua mercadoria esse dólar retorna para R$ 3,80, R$ 3,50, e aí vai embora toda lucratividade do produtor e acaba virando prejuízo a lavoura”, finaliza Buffon, ao lembrar que praticamente tudo o que se compra para produzir é cotado em dólar como, por exemplo, fertilizantes, químicos, etc.
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