O produtor Helder Lamberti Filho, de Regente Feijó.
Produtor rural de Regente Feijó (no oeste paulista), Helder Lamberti Filho, em entrevista ao Oeste Agropecuário, afirmou que o conflito entre Rússia e Ucrânia provocou um “momento muito perigoso” não só na fronteira entre os países, mas para a cadeia produtiva do amendoim na região, em São Paulo e no Brasil.
“A guerra começou juntamente com a colheita e industrialização brasileira do amendoim. Alguns navios cargueiros foram atacados. Com isso, travou a exportação. As exportações estão totalmente travadas. Trouxe caos muito grande para as indústrias”, afirmou.
Segundo ele, as sanções econômicas à Rússia agravaram a situação, já que quase 40% da produção brasileira vai para este país – e mais 10% para Ucrânia. Entre as consequências, está a queda no preço para o mercado interno. “A saca que no ano passado era vendida a R$ 90 e até R$ 100 caiu para R$ 58 a R$ 65 e até R$ 70. O custo aumentou para a produção, mas o preço caiu. Uma situação complicada, um impacto para indústria e produtores”, citou.
Mercados externo e interno
Entre as soluções, enquanto não há solução de paz entre russos e ucranianos é buscar novos mercados no exterior e valorizar o consumo no próprio Brasil. “Precisamos trabalhar e buscar novos destinos para o produto. Além de novos mercados exterior, necessitamos intensificar o consumo interno, que é baixo”, afirmou.
Segundo ele, nos Estados Unidos, por exemplo, cada pessoa consome 7 quilos de amendoim por ano, na média. A China, 14 quilos/ano. No Brasil, o consumo é de 1,2 kg/ano. “Precisamos entender os benefícios. Por que esses países descobriram os benefícios dos produtos? Temos que conscientizar a população brasileira dos benefícios da pasta e óleo do amendoim na cozinha, entende?”, finalizou.
Os valores
De janeiro de 2020 até fevereiro de 2022 a região de Presidente Prudente (no oeste paulista) vendeu diretamente à Rússia e Ucrânia mais de US$ 13 milhões em amendoim e seus produtos. Foram, ao todo, US$ 8.574.912 ( 6.924.852 quilos) no ano passado. Outros US$ 3.638.302 (3.075.000 quilos) em 2020. E mais US$ 1.139.291 (1.025.000 quilos) em janeiro e fevereiro deste ano.
Esses dados também foram obtidos com exclusividade pelo Oeste Agropecuário junto ao Comex Stat, canal oficial do governo brasileiro que tem estatísticas de comércio exterior do país. No sistema de informação os produtos são identificados como “amendoins não torrados nem de outro modo cozidos, mesmo descascados ou triturados”.
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