Foto: Gisele Rosso
Publicado em:
16/10/2025 - 11:04
O programa Balde Cheio, da Embrapa, foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) entre as melhores práticas e abordagens inovadoras do mundo que promovem a segurança alimentar, o desenvolvimento sustentável e a transformação dos sistemas agroalimentares.
A Cerimônia Global foi realizada na sede da FAO, em Roma, na Itália, nesta quarta-feira, 15 de outubro. O evento faz parte da celebração do 80º aniversário da FAO e também do Fórum Mundial da Alimentação.
Estima-se que as propriedades integrantes do Balde Cheio têm produtividade anual quase quatro vezes maior por hectare ao ano do que a média geral brasileira. Essa diferença confirma a capacidade do programa em potencializar o desempenho do pecuarista. Esse resultado nas fazendas acompanhadas têm por trás várias tecnologias e conceitos utilizados de forma customizada, como sanidade animal, bem-estar, gerenciamento da propriedade, manejo intensivo de pastagens, estruturação de rebanhos, eficiência na reprodução e preservação ambiental. O método é baseado em cinco elementos-chave: anotações zootécnicas e econômicas; adaptação à complexidade e procura de inovações pela recombinação de tecnologias; testes e experimentação no âmbito da fazenda; rede para troca de informações e práticas; e, ritmo cadenciado de introdução da tecnologia, levando em conta a necessidade, o nível e a situação de cada produtor.
Para o coordenador do Balde Cheio, André Novo, que também é chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Pecuária Sudeste, um aspecto relevante comprovado com o reconhecimento da FAO é que o programa abrange múltiplas dimensões. “Além do impacto social e familiar, ele promove a recuperação de áreas de pastagens degradadas, protege mananciais, foca na saúde e no conforto animal e garante o cumprimento da legislação ambiental”, ressalta. Segundo ele, diferente de uma tecnologia pontual, o programa aborda a propriedade em sua totalidade, incluindo o entorno. É uma combinação de elementos econômicos, sociais, técnicos e arranjos institucionais.
A produção de leite média brasileira é de menos de 100 litros por dia. No programa, a maioria produz mais de 200 litros/dia (cerca de 75% dos participantes). Ou seja, dá para produzir mais e ganhar dinheiro.
De acordo com André Novo, recentemente, em um dia de campo em Potirendaba (SP), na região de Rio Preto, os participantes do evento visitaram uma família que está há oito anos no projeto. O produtor de leite iniciou no Balde Cheio com uma produção diária de 30 litros de leite. Atualmente, ele produz 600 litros de leite por dia. “Apesar das dificuldades e do esforço inicial, hoje ele vislumbra um futuro promissor para o filho, diferente do que teria sido possível no passado”, fala Novo.
O Programa
O Balde Cheio está presente em 15 estados e assiste a cerca de três mil produtores. Além disso, conta com mais de 70 parceiros que apoiam o processo de capacitação.
O programa foi criado em 1998 pelo pesquisador Artur Chinelato de Camargo, que atuou com a capacitação de técnicos e o acompanhamento das propriedades assistidas até sua aposentadoria.
Com a metodologia do Programa, o estabelecimento rural transforma-se em sala de aula, chamada de Unidade de Demonstração (UD), onde ocorrem capacitações e o compartilhamento de informações. Também, são ministradas aulas teóricas para extensionistas e produtores nas regiões de atuação do programa. Já as fazendas que apenas recebem assistência são denominadas Propriedades Assistidas (PAs).
Os produtores e os técnicos capacitados trabalham em comum acordo buscando as melhores soluções. As escolhas das tecnologias são realizadas dependendo do estágio de desenvolvimento da propriedade e adaptada às condições locais.
Para participar do programa, o produtor deve cumprir alguns “combinados”, como, por exemplo, realizar exames anuais para detecção de brucelose e tuberculose, fazer o acordado com o consultor durante as visitas e anotar os controles zootécnicos e econômicos básicos da propriedade.
Outro fator importante para o sucesso do programa são as parcerias. São estabelecidas cooperações com serviços de extensão rural governamental, associações de produtores, cooperativas, organizações não governamentais, prefeituras, fundações, agências de desenvolvimento e, principalmente, profissionais autônomos ligados à extensão rural.
ODS
O Balde Cheio contribui com o cumprimento da Agenda 2030 no país, alinhado a vários Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, como ODS 1, de Erradicação da Pobreza, com a proposta de reduzir a proporção de pessoas, de todas as idades, que vivem na pobreza, especialmente no campo; ODS 2 – Fome Zero e Agricultura Sustentável, colaborando para acabar com a fome no campo e alcançar a segurança alimentar; ODS 3 – Saúde e bem-estar, assegurando uma vida saudável e o bem-estar para todos no campo; ODS 8 - Trabalho decente e Crescimento econômico, a diversificação e uso de tecnologias buscam agregar qualidade e valor aos produtos, a intensificação sustentável e o crescimento das pequenas e médias propriedades que produzem leite; ODS 10 – Redução das desigualdades, fomentando o desenvolvimento integral dos produtores e sua família. (Da Embrapa)
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