Fernanda Cruz
DE SÃO PAULO (SP)
A exportação do frango brasileiro foi de 2,3 milhões de toneladas no acumulado de janeiro a julho, queda de 8,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Em receita, o país faturou US$ 3,68 bilhões, queda de 12,4%. Os dados foram divulgados hoje (23) pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa 144 empresas, na capital paulista.
O setor espera absorver as perdas ao longo do ano, com projeção para produção até o final de 2018 de queda entre 1% e 2%, o equivalente a 13 milhões de toneladas. As exportações devem ter retração de 2% a 3%, uma redução de 4,25 milhões de toneladas.
O presidente da ABPA, Francisco Turra, citou a suspensão de 16 plantas exportadoras para a União Europeia, que antes era algo visto como “impensável”. A proibição, em maio deste ano, foi consequência da terceira fase da Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal, em março do ano passado. A investigação apontou fraude em resultados de análises laboratoriais sobre contaminação por salmonela.
O diretor de Relações Institucionais da entidade, Ariel Antônio Mendes, disse que o critério usado para a proibição foi equivocado e que a ABPA pretende questioná-lo na Organização Mundial do Comércio (OMC). O objetivo é saber se há “outras motivações, que não a sanidade, para nos manter no processo de restrição de mercado”.
Suínos
O volume de carne suína exportada de janeiro a julho deste ano foi de 346,5 mil toneladas, queda de 14% em relação ao mesmo período de 2017. A redução de receita no mesmo período foi de 28%, atingindo US$ 686,5 milhões.
O embargo russo à carne suína, país que responde por 38% do volume exportado pelo Brasil, influencia o resultado negativo. O argumento usado foi a presença de substâncias como estimulantes. O bloqueio prejudica o setor desde o final do ano passado.
A projeção para suínos é de aumento de 1% no acumulado até o final do ano, equivalente a 3,8 milhões toneladas. As exportações, entretanto, devem sofrer queda de 10% a 12%, próximo de 620 mil toneladas.
Tabelamento do frete
A entidade é contrária ao tabelamento do frete, pois implicará em aumento do custo logístico em 35%, na média. Algumas modalidades, como transporte de ração, sofrerão maiores impactos, chegando a aumento de 80%. Para o consumidor interno, a alta estimada é de 15%.
A previsão de elevação nos custos de produção inclui os insumos. Algumas alternativas encontradas pelas empresas, de acordo com a entidade, foram a compra de caminhões para uso dos produtores rurais e a compra de milho de países como México, Paraguai e América Central. “O tabelamento do frete veio para matar. Num regime de liberdade [de concorrência], poderia haver entendimento maior”, defendeu o presidente da associação. (Da Agência Brasil)
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