Criada em 16/05/2017 às 15h35 | Mercado

Ex-superintendente do Mapa reduzia valores e anulava multas de empresas em troca de propina, acusa PF

Em nota, a PF confirma que apurou, por meio de quebras de sigilos fiscal e bancário, que a chefe de Fiscalização do MAPA, à época dos fatos, recebia de empresas fiscalizadas valores mensais para custear despesas familiares.

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Em entrevista coletiva, Polícia Federal esclareceu detalhes da investigação sobre a operação "Lucas" (foto: Divulgação)

A ex-superintendente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no Tocantins, Adriana Carla Floresta Feitosa, seu marido, o ex-marido e dois filhos estão entre os presos da operação Lucas, da Polícia Federal, deflagrada nesta terça-feira, 16. Os demais detidos são funcionários de frigoríficos do Tocantins. Os nomes dos demais acusados não foram divulgados.

Eles estão envolvidos, conforme a Polícia Federal, em esquema de favorecimento de empresas de frigoríficos e laticínios no Tocantins e em outros quatro Estados.

A ex-superintendente, conforme a PF, reduzia os valores ou anulava as multas a empresas em troca de propina. “A princípio há uma indicação de que alguns frigoríficos tenham feito os pagamentos. Seria até agora identificados Frangonorte, Latícinio Veneza, Santa Izabel Alimentos, Frigorífico Minerva, Masterboi, Laticínio Fortaleza, Laticínio Palac. São esses até o momento”, afirmou, ao jornal O Estado de S.Paulo, o Superintendente da Polícia Federal no Tocantins, Arcelino Vieira Damasceno.

Foram bloqueados R$ 2,2 milhões da família da servidora. Alvo principal da Operação Lucas, Adriana Carla Floresta Feitosa é fiscal agropecuária, atuou como chefe da fiscalização na Superintendência do Ministério no Tocantins e ‘durante um período’, foi superintendente substituta no Estado.

PAGAMENTO DE DESPESAS

Agentes da PF descobriram durante as investigações que a propina no Mapa pagou faculdade de medicina dos dois filhos da ex-superintendente. E mais: foram detectados depósitos de frigoríficos na conta da família dela.

Em nota, a PF confirma que apurou, por meio de quebras de sigilos fiscal e bancário, que a chefe de Fiscalização do MAPA, à época dos fatos, recebia de empresas fiscalizadas valores mensais para custear despesas familiares. Apenas em sua conta pessoal a investigação identificou a diferença de mais de 200% do declarado em seu imposto de renda. Também foi detectado que o esquema criminoso movimentou cerca de R$ 3 milhões, entre os anos de 2010 a 2016.

CORRUPÇÃO É O FOCO

O superintendente da PF no Tocantins, Arcelino Vieira, fez questão de afirmar durante a entrevista coletiva na seda da PF em Palmas que a investigação nada tem a ver com problemas do ministério relacionados à saúde pública. “O foco é corrupção passiva e ativa, praticada pelos servidores públicos e empresários com pagamentos indevidos”, disse. A ressalva tem objetivo de evitar repercussão negativa, como ocorreu em relação à Operação Carne Fraca, da PF, realizada há cerca de dois meses.

DENÚNCIA DE FRIGORÍFICOS

Os 120 policiais federais cumpriram 62 mandados judiciais, sendo 10 prisões temporárias, 16 mandados de condução coercitiva e 36 mandados de busca e apreensão nos estados de Tocantins, Pará, São Paulo e Pernambuco, além do bloqueio de contas bancárias e indisponibilidade de bens móveis e imóveis nos valores de R$ 2,2 milhões.

De acordo com a Polícia Federal, a investigação começou após denúncia de que frigoríficos e empresas de laticínios fiscalizadas teriam sido favorecidas em processos administrativos, por meio do retardamento na tramitação e anulação de multas.

As pessoas investigadas, na medida de suas participações, poderão responder pelos crimes de corrupção passiva e ativa, cujas penas podem chegar a 12 anos de reclusão.

O nome da operação faz referência à passagem Bíblica do livro de Lucas que diz: “Não peçais mais do que o que vos está ordenado” e “A ninguém trateis mal nem defraudeis, e contentai-vos com o vosso soldo”. (Com informações da Polícia Federal)

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