CRISTIANO MACHADO
DE PALMAS
A decisão dos Estados Unidos de suspender a compra de carne bovina in natura do Brasil atingirá diretamente dois frigoríficos do Estado do Tocantins: Minerva, em Araguaína (na região norte do Estado); e Cooperfrigu, com sede em Gurupi (sul tocantinense).
Essas plantas frigoríficas são as únicas do Tocantins habilitadas para vender para os Estados Unidos após acordo fechado entre os governos brasileiro e norte-americano em 2016. O Tocantins tem nove frigoríficos com inspeção federal. Juntos, em 2016, abatiam 3.200 animais por dia e geravam 5 mil empregos diretos e 20 mil indiretos.
Nenhuma das unidades havia vendido ainda carne in natura para os Estados Unidos. Porém, uma delas, de Gurupi, já possuía um pedido para exportar.
A SUSPENSÃO
A decisão dos Estados Unidos foi conhecida no final da tarde desta quinta-feira, 22. Quem anunciou foi o secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Sonny Perdue. Segundo ele, foram suspensas todas importações de carne fresca do Brasil, devido a preocupações recorrentes sobre a segurança dos produtos destinados ao mercado americano, segundo comunicado na página do USDA.
A suspensão dos embarques permanecerá em vigor até que o Ministério da Agricultura brasileiro tome medidas corretivas que o USDA considere satisfatórias, diz o comunicado.
Em comunicado, Perdue informou que a suspensão dos embarques permanecerá em vigor até que o Ministério da Agricultura brasileiro tome medidas corretivas que o Departamento de Agricultura americano considere satisfatórias.
INSPEÇÃO DOS EUA
O Serviço de Inspeção e Segurança de Alimentos dos EUA inspeciona todos os produtos de carne que chegam do Brasil e desde março recusou a entrada para 11% dos produtos brasileiros de carne fresca. “Esse valor é substancialmente superior à taxa de rejeição de um por cento das remessas do resto do mundo”, diz a nota do governo americano.
Desde o aumento da inspeção, foi recusada a entrada de 106 lotes de produtos bovinos brasileiros, devido a problemas de saúde pública, condições sanitárias e problemas de saúde animal. A nota dos Estados Unidos diz que o governo brasileiro se comprometeu a resolver essas preocupações.
Na quarta-feira, 21, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) do Brasil suspendeu as exportações de cinco frigoríficos para os Estados Unidos, depois de autoridades sanitárias americanas identificarem irregularidades provocadas pela reação à vacina contra a febre aftosa. Segundo nota do Mapa, a proibição continuará em vigor até que sejam adotadas “medidas corretivas”.
Segundo o secretário de Agricultura dos EUA, "garantir a segurança do fornecimento de alimentos da nossa nação é uma das nossas missões críticas, e é uma tarefa que empreendemos com muita seriedade. Embora o comércio internacional seja uma parte importante do que fazemos no Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês), e o Brasil há muito tempo é um dos nossos parceiros, minha prioridade é proteger os consumidores americanos. Isso foi o que fizemos, interrompendo a importação de carne fresca brasileira", disse.
MEDIDAS CORRETIVAS
Nesta semana, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) suspendeu as exportações de cinco frigoríficos para os Estados Unidos, depois de autoridades sanitárias americanas identificarem irregularidades provocadas pela reação à vacina contra a febre aftosa. Segundo nota do ministério, a proibição continuará em vigor até que sejam adotadas “medidas corretivas”.
De acordo com a pasta, foram suspensas as exportações de três plantas da Marfrig, localizadas em São Gabriel (RS), Promissão (SP) e Paranatinga (MS); uma da JBS, localizada em Campo Grande (MS); e uma da Minerva, em Palmeiras de Goiás (GO).
OUTRA AMEAÇA
A situação poderá piorar. Há uma semana, um dos maiores mercados para a carne brasileira, a União Europeia sinalizou a possibilidade de banir importações vindas do Brasil.
Em carta enviada ao ministro da Agricultura, Blairo Maggi, a Comissão Europeia, braço executivo da UE, afirma que o Brasil não tem feito nada para retomar a confiança do bloco após o escândalo provocado pela Carne Fraca.
A operação, deflagrada em março, revelou que empresas do setor de carnes pagaram propina a fiscais do Ministério da Agricultura, em troca da liberação de produtos fora das especificações sanitárias. (Da Redação do Norte Agropecuário, com agências de notícias)
* Atualizada às 10h30 de 23 de junho de 2017
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