Criada em 08/07/2019 às 10h35 | Gado

Pecuarista vê questão mercadológica complexa; já pesquisador afirma: "frigoríficos pressionam para comprar gado mais barato"

Criador de gado e doutor em produção animal analisam as causas e os reflexos da queda do rebanho bovino tocantinense. Para agropecuarista,há necessidade de maior diálogo entre os criadores e a indústria frigorífica. Já zootecnista diz que situação “deixa pecuaristas no sufoco, enforcados".

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Nasser: "As margens estão cada vez mais reduzidas"


Miranda Neiva: "Chegou a hora e os dois lados precisam ceder"

A queda do rebanho bovino tocantinense foi o destaque do Norte Agropecuário no Rádio deste domingo, dia 7, na UFT FM. Um dos pontos abordados foi a relação comercial entre pecuaristas e a indústria frigorífica. Pecuarista e ex-secretário da Agricultura do Estado, Nasser Iunes defende diálogo. Já o professor José Neuman Miranda Neiva critica os frigoríficos pela pressão para redução de alíquota do ICMS, reduzindo ainda mais a margem de lucro dos criadores de gado.

A discussão sobre a queda do rebanho ressurgiu após o Norte Agropecuário noticiar, com exclusividade, que o Tocantins teve queda de mais de 326 mil animais em pouco mais de dois anos. Conforme levantamento exclusivo do Norte Agropecuário, o rebanho bovino tocantinense registrou perda de 362.924 animais em pouco mais de dois anos. A redução, como não poderia deixar de acontecer, trouxe impactos negativos para a indústria frigorífica como ociosidade nas plantas e redução de postos de trabalho. Conforme o sindicato que representa o setor, o Sindicarnes, cerca de 10 mil postos de trabalho deixaram de ser preenchidos.

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Além dos pecuaristas, o Norte Agropecuário também ouviu o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Tocantins (Fieto), Roberto Pires, que classificou de “problema grave” os reflexos para os frigoríficos da queda do rebanho bovino tocantinense. Segundo ele, há plantas que estão com ociosidade de 70% da capacidade. Outros, informou, trabalham em dias alternados. Uma das medidas, segundo ele, é a equiparação da pauta fiscal do Tocantins com índices dos Estados vizinhos. “Dessa forma daria mais força para o mercado interno e estimularia o aumento do rebanho bovino aqui do nosso Estado. Volto a frisar que isso depende exclusivamente de uma política pública e a gente acredita que o Estado tem sido sensível a essas demandas, a esses gargalos que vem surgindo, e acreditamos que não será diferente com essa questão também”, disse.

OPINIÃO DO PECUARISTA

Com a experiência de quem foi secretário estadual da Agricultura no Tocantins, o agropecuarista Nasser Iunes, da região de Araguaína (norte do Estado), considera o problema uma “questão mercadológica complexa” e defende diálogo para a solução do problema. “É uma questão mercadológica e complexa. Não pode colocar culpa A B ou C. Estamos todos no mesmo ‘barco’, é na cadeia que vem acontecendo isso. Pelo lado do produtor, a nossa impressão é que isso tem acontecido pelo abate maior de fêmeas”, disse.

Ele, por outro lado, destaca que o produtor tem visto reduzir a margem de lucro nos últimos anos. “Há o endividamento do produtor, há uma crise e o produtor recebe a mesma coisa já há algum tempo. As margens estão cada vez mais reduzidas. Em alguns casos chegam a ficar negativa”, destacou.

Ainda conforme Nasser Iunes, as matrizes são abatidas para que o produtor tente alcançar margem de lucro maior. “O que tem acontecido diante dessa situação? Parte das matrizes vem sendo abatida para [o produtor] cumprir os compromissos. E parte vem sendo abatida por que? Um novo negócio mais firme hoje, onde se tem carne de melhor qualidade, além de ser um bom negócio para determinados tipos de sistema de produção”, comentou.

PRESSÃO DOS FRIGORÍFICOS

Já o doutor em produção animal, professor e pesquisador da Universidade Federal do Tocantins (UFT), o zootecnista José Neuman Miranda Neiva, é mais contundente: “O que está em jogo é subir a alíquota do ICMS para impedir que o gado do Tocantins saia e a indústria compre por um preço mais favorável a ela, enforcando ainda mais o produtor rural. E o produtor precisa olhar para dentro de sua fazenda e melhorar os índices de produção e não ficar culpando apenas a indústria frigorífica”.

Miranda Neiva refuta tese da redução do rebanho. Para o professor, a queda é uma oscilação normal. “Há uma saída de animal jovem. A relação do produtor com a indústria tem sido muito desigual. Para o invernista está tornando muito pouco competitivo. Se ele se torna pouco competitivo, a tendência é que outros estados venham e compram animais mais jovens, compram bezerro. Até o Maranhão, que sempre foi local para se buscar animais jovens para fazer recria e terminação, hoje vem buscar gado aqui”, comentou.

Como Nasser Iunes, o professor José Neuman Miranda Neiva defende diálogo entre produtor e indústria frigorífica. “É preciso urgentemente que a indústria sente com os produtores e discuta. Chegou a hora e os dois lados precisam ceder. Precisam entender que só existe indústria forte se houver produtor forte. E o produtor entender que só existe produtor forte se a indústria estiver forte”, finalizou.

O PROGRAMA

Na UFT 96,9 FM, o Norte Agropecuário no Rádio alcança um público de aproximadamente 400 mil pessoas que vivem em 20 cidades no entorno da capital tocantinense. O programa também está na internet, para a restante do Brasil e para o mundo no portal www.norteagropecuario.com.br e nos seus canais nas redes sociais (Twitter, Facebook e Youtube).

A atração da nova temporada na UFT FM é uma veiculação do programa em dois dias diferentes: aos domingos, a partir das 8h, e reprise às quartas-feiras, a partir das 6h20. O programa tem 30 minutos de duração, com uma apresentação do jornalista Cristiano Machado e Daniel Machado.

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