Criada em 05/03/2020 às 06h50 | Agricultura

Em sete anos, produção de abacaxi no Tocantins registra aumento de 126,84% na área, mas rendimento cai 10,95%

Estudo compreende os resultados da cultura de 2012 a 2018. Em números reais, em 2012, a área cultivada da cultura no estado era de 98,7 mil hectares. Já, em 2018, foi de 223,9 mil hectares. Já o rendimento de 2012 chegou a 4.105 frutos. Em 2018, 3.656.

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Região norte: Os estados do Amazonas e do Tocantins são importantes produtores e representam 14.76% e 10,33%, respectivamente, do total produzido no período em questão (foto: Márcio Di Pietro/SecomTO/Arquivo/Divulgação)

No período de sete anos, entre 2012 e 2018, a produção de abacaxi no Tocantins registrou expansão de 125,2 mil hectares de área, mas viu reduzir o rendimento. É o que aponta análise feita pelo Norte Agropecuário do estudo “A participação do abacaxi no desenvolvimento econômico nas regiões produtoras”, divulgado recentemente pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). 

Em números reais, em 2012, a área cultivada da cultura no estado era de 98,7 mil hectares. Já, em 2018, foi de 223,9 mil hectares. Já o rendimento de 2012 foi de 4.105 frutos. Em 2018, 3.656.

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Questionada pelo Norte Agropecuário, a Conab, por meio de sua assessoria de comunicação e com base em dados técnicos da Superintendência de Informações do Agronegócio da estatal, em Brasília, informou os motivos do aumento expressivo de área e, consequentemente, a redução no rendimento: “O Tocantins se tornou um grande polo de produção da fruta no país, dado as suas características de solo e clima favoráveis e o potencial comercial, visto que a colheita ocorre na entressafra de outras regiões. Porém, o grande aumento de área veio com alguns problemas. As novas áreas precisam de correção da fertilidade do solo, o que reduz a produtividade nos anos iniciais de cultivo. Além disso, houve alguns ataques de uma doença conhecida por fusariose com as novas mudas plantadas, o que causou perdas de rendimento”.

OUTROS NÚMEROS

Em 2012, por exemplo, o Tocantins produziu 405.210 mil frutos. Em 2018, foram 818.561 mil. A receita bruta do abacaxi no Tocantins em 2017 foi de R$ 97.711,02. Um ano depois, R$ 116.998,70. Os principais municípios produtores são: Bernardo Sayão, Miracema do Tocantins, Miranorte e Pau D'Arco. O titular da Superintendência de Informações do Agronegócio (Suinf) é o servidor Cleverton Tiago Carneiro de Santana. Já o responsável técnico pelo estudo é Aroldo Antonio de Oliveira Neto.

DETALHES DO ESTUDO

Conforme o estudo, “a produção de abacaxi na Região Norte se concentra no estado do Pará que, na média do período 2012 e 2018, foi responsável pela colheita de 68,20% da produção regional, com crescimento produtivo no período de cerca de 35%, principalmente em razão do aumento da área de plantio (77%)”. “Os estados do Amazonas e do Tocantins são importantes produtores e representam 14.76% e 10,33%, respectivamente, do total produzido no período em questão”, diz a análise, que complemente: “Nas mesorregiões de Centro Amazonense, Sudeste Paraense e Ocidental do Tocantins, apenas sete municípios produzem cerca de 520 milhões de frutos, que representam 74% da produção Norte”.

O levantamento também aponta que “a oferta de abacaxi do sudeste do Pará e da região ocidental do Tocantins, pela proximidade territorial, tende a afetar a comercialização e impactar os preços da fruta”. “O abacaxi dessas mesorregiões abastece estados do Centro-Oeste e Sudeste. Outro fator importante é o calendário de colheita no sudeste paraense, que ocorre entre os meses de janeiro e junho, época de entressafra em outras regiões, o que traz vantagens comparativas aos produtores.”

O estudo cruza as informações com outras culturas: “Na Região Norte, a receita de bovinos é a maior do VBP, com exceção da mandioca e soja no Amapá e da soja no Tocantins. Esses três produtos representam em torno de 46% do valor de produção na região. Como se observa, a exclusão apenas ratifica a participação do abacaxi nos estados do Amazonas, Amapá e Pará. Pode-se verificar maior destaque do abacaxi nos estados do Acre e do Tocantins”.

O IDH

O índice de de¬senvolvimento humano (IDHM) também é avaliado: “Os municípios de Conceição do Araguaia (PA), Miracema do Tocantins (TO), Miranorte (TO), Bernardo Sayão (TO) e Pau D’Arco (TO) têm IDHM médio (indicador na faixa de 0,63 a 0,68) e apresentam maior diversidade nas atividades econômicas que compõem o Produto Interno Bruto Municipal. O abacaxi tem destaque nas localidades de Conceição do Araguaia, Bernardo Sayão e Pau D’Arco, que apresentam boa participação da agropecuária no seu PIB”.

DISTRIBUIÇÃO DE RENDA

O cultivo do abacaxi pode gerar riqueza e distribuição de renda no setor produtivo do país e ainda atender às necessidades do consumidor final. É o que mostra o novo compêndio de estudos divulgado, nesta semana, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), sob o título A Participação do Abacaxi no Desenvolvimento Econômico nas Regiões Produtoras.
A partir da análise do cenário produtivo da fruta no país, o documento revela que o abacaxi, natural ou processado, tem potencial para ocupar espaço no mercado internacional. Além de favorecer o desenvolvimento local, gerar riquezas e distribuição de renda, a cultura ainda motiva a criação intensiva de empregos, a difusão tecnológica e a modernização de infraestruturas.

Segundo o estudo, o abacaxi é cultivado em praticamente todo o território nacional. No período analisado no compêndio, de 2012 a 2018, o Brasil produziu cerca de 11,9 bilhões de frutos, sendo Nordeste, Norte e Sudeste as principais regiões produtoras. No caso do Nordeste, a Paraíba representa 51,49% do total produzido, também no período entre 2012 e 2018. Houve crescimento de 13,66% em razão do aumento de 11% na área de plantio. Já Bahia e Rio Grande do Norte colheram 15,73% e 14,04% da produção regional de abacaxi. Nesses estados, ocorreu redução de área. Na Bahia, o rendimento foi reduzido em cerca de 68%. A estiagem na região nordestina, nesse período, refletiu negativamente (3,36%) no cultivo regional.

Além do potencial produtivo, o estudo traz também informações relativas ao custo de produção e à comercialização da fruta no mercado interno e para exportação.

MERCADO E EXPORTAÇÃO

O aspecto econômico também é tema do compendio: “O mercado internacional de abacaxi nas modalidades de fruta in natura e enlatado movi¬mentou em torno de US$ 33 bilhões de dólares americanos no período entre 2012 a 2016. As Amé¬ricas são o maior exportador da fruta, e a Ásia tem destaque na exportação do abacaxi proces¬sado. Observa-se que os Estados Unidos da América e a Europa têm relevância como principais mercados consumidores. Deve-se ressaltar ainda que países europeus têm presença destacada no mercado internacional como exportadores de abacaxi in natura e enlatados.”

O Brasil, conforme a Conab, é grande produtor de abacaxi, mas sua participação no mercado internacional não é relevante. “No período de 2012 até agosto/2019, o país exportou aproximadamente 48 mil toneladas da fruta no montante de US$ 80 milhões. Deve-se registrar que, a partir de 2018, o país aumentou significativamente o destino do abacaxi in natura, preparado e processado, além do suco da fruta. Esse movimento incluiu mercados consumidores potenciais, como o americano e o europeu. Tal situação indica que há espaço para atuação e crescimento do setor exportador”, avaliam os técnicos da companhia.

Houve redução nos negócios, apesar de diversificação do destino: “Em que pese a diversificação de destino, pode-se perceber que a partir de 2017 a exportação do abacaxi preparado e processado e do suco teve redução contínua até agosto/2019. Esse mo¬vimento foi também observado na exportação da fruta in natura a partir de 2018. Em resumo, aspectos relacionados com a redução de área e problemas climáticos prejudicaram a safra de abacaxi nacional”. “A dispersão produtiva do abacaxi é característica predominante, pois está presente em cerca de 18% dos municípios brasileiros (base 2018). No entanto, 23 municípios produzem aproxi¬madamente 71% do abacaxi nacional. Se a amostra se restringir à produção acima de 50 milhões de frutos, somente 6 municípios são representativos”, apontam os pesquisadores da Conab. (Com informações da Conab)

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