Criada em 07/05/2017 às 15h36 | Mercado

Após catalogar 11 espécies de água doce, laboratório localizado em Goiás se torna referência internacional em DNA de peixes

As 11 espécies inseridas no banco de dados, foram catalogadas, fotografadas e retiradas amostras de tecidos para a geração do barcode de DNA. Os exemplares foram encaminhados para a PUC-Minas, fixados e preservados em museu.

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Ribeirinho exibe exemplar durante pesca de piracatinga, uma das espécies catalogadas pelo Lanagro, de Goiás (foto: Adriana Gambarini/Divulgação)

O Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), localizado em Goiânia (GO) tornou-se referência nacional e internacional depois de implementar o sequenciamento genético (DNA) de 11 espécies de peixes de água doce brasileiros, que se encontram disponíveis no banco de dados do Bold Systems da University of Guelph, em Ontário, no Canadá.

Foram identificadas e catalogadas as seguintes espécies: bandeirado, cangatá, timbiro, cambeua, guarijuba, piramutaba, cara-de-gato, piracatinga, piranambu, uritinga e mandira. Desde janeiro de 2015, a metodologia DNA barcoding (código de barras genético), que é um bioidentificador molecular universal, é utilizada pelo Mapa como padrão. Um barcode de DNA é um pequeno fragmento, de região conservada do genoma, o que permite a separação de indivíduos de diferentes espécies, como se fosse um código de barras.

Nas análises, é utilizada uma molécula do DNA encontrada nas células, em certas regiões conservadas e que são semelhantes para indivíduos de uma mesma espécie biológica. A técnica utilizada chamada de PCR (reação em cadeia da polimerase) permite fazer cópias dessa região. A partir delas, é feito o sequenciamento e descoberta da identidade do fragmento gerado, de forma que, no fim das análises para cada amostra de peixe ua sequência de DNA é gerada.

“Para identificar a espécie a qual a sequência pertence, a informação validada é buscada em banco de dados internacional, no caso, o do Bold Systems, sistema de barcode da vida. A previsão é de que nos próximos anos todas as espécies do planeta tenham o seu barcode depositado nesse banco de dados” afirmou, Maria da Glória Trindade, auditora fiscal federal agropecuária e geneticista do Lanagro.

As 11 espécies inseridas no banco de dados, foram catalogadas, fotografadas e retiradas amostras de tecidos para a geração do barcode de DNA. Os exemplares foram encaminhados para a PUC-Minas, fixados e preservados em museu, onde um taxonomista especialista em pescado faz a classificação baseada nas características morfológicas de cada indivíduo encaminhado.

“O barcode de DNA gerado no Lanagro (GO), as fotografias, as informações sobre os locais e os responsáveis pela coleta e, ainda, o nome científico fornecido pelo museu da PUC-Minas são depositados na biblioteca do Bold Systems e disponibilizado para usuários do mundo todo. A metodologia adotada é validada pela US Food & Drug Administration (FDA) e mundialmente aceita”, complementa Maria da Glória.

BANCO DE DADOS

Em 2003, o pesquisador canadense Paul Hebert, da Universidade de Guelph, propôs iniciativa global denominada Barcode of Life Project, com o objetivo de catalogar o DNA barcode de todos os organismos descritos pela ciência em todo o mundo.

Depois mais de uma década de pesquisas científicas, há grande suporte de trabalhos com invertebrados, pássaros, peixes e outros. São as chamadas de Bibliotecas de DNA Barcode esenvolvidas para peixes da Austrália, Argentina, Brasil, Canadá, Cuba e México, com mais de 5 milhões disponíveis para consulta no site: www.boldsystems.org.

No Brasil, o responsável pelo Bold Systems, é o professor adjunto da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais, Daniel Cardoso de Carvalho, coordenador do laboratório de Genética da Conservação, doutor em genética animal.

De acordo com o professor, o sistema de dados on-line é público, está hospedado na universidade de Guelph, mas possui backups em várias outras instituições e trata-se de certificação das espécies. “A identificação inequívoca das espécies sequenciadas é fundamental para o incremento da pesquisa em conservação na identificação de novas espécies e espécies crípticas. Também auxilia no manejo e na sustentabilidade, além de viabilizar a detecção de fraude ou substituição delas em transações comerciais”. (Do Mapa)

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