Clenio Araújo
DE PALMAS (TO)
O Balde Cheio em Rede tem ajudado a mudar hábitos em propriedades que se dedicam à pecuária leiteira no Tocantins e no Sul do Pará. Esse é um projeto de transferência de tecnologia que, em vários estados brasileiros, vem mostrando que os produtores podem ter mais ganhos em sua atividade. Não é diferente nas duas regiões citadas, onde quem coordena o projeto é Cláudio Barbosa, zootecnista da Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO).
“Apesar das dificuldades impostas pela pandemia do novo coronavírus, o projeto continua sendo executado na região com resultados realmente efetivos. Porque os técnicos aderiram à metodologia do projeto, de gestão, e os produtores adotaram essa metodologia também. O hábito de anotar os controles de clima, temperatura e pluviosidade, os dados produtivos, o controle leiteiro das vacas, o controle reprodutivo, as fichas individuais das vacas da propriedade, a parte de gestão dos custos, a parte financeira de anotação dos custos com a atividade e a anotação das receitas”, conta Cláudio.
O projeto é baseado na capacitação periódica de técnicos de campo que colocam em prática o conhecimento teórico nas chamadas Unidades Demonstrativas (UDs), que são propriedades rurais que adotam tecnologias indicadas para suas realidades. O Balde Cheio, além de trabalhar com tecnologias que visam a maior e melhor produção leiteira, foca na gestão da propriedade; tudo isso acaba mostrando aos produtores a viabilidade técnica e financeira da pecuária de leite.
Hoje, são nove técnicos participantes do projeto no Tocantins, sendo quatro do Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado do Tocantins (Ruraltins), dois da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural de Palmas (Seder), outros dois do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Tocantins (Senar Tocantins) e um de consultoria privada. Ao todo, eles coordenam oito UDs e fazem assistência em mais cinco propriedades. Já no Sul paraense, são dois técnicos da iniciativa privada que coordenam duas Unidades Demonstrativas e prestam assistência a outras duas propriedades.
Um dos técnicos participantes do Balde Cheio é Cláudio Sayão, veterinário da Seder. Ele e Thiago Moreira, zooctenista da mesma secretaria, atendem diversas propriedades na capital tocantinense. Uma delas é o Sítio Estiva, que é uma Unidade Demonstrativa do projeto. São 20 anos de pecuária leiteira; em 2014, o projeto havia sido instalado por lá e, em setembro de 2018, foi retomado. Hoje, 17 vacas em lactação produzem em média 225 litros por dia; a meta do produtor Anizio Moura Filho é chegar aos 500 litros diários.
De acordo com Cláudio Sayão, o “produtor ajustou a correção e adubação de pastagens, fez alguns acertos na irrigação, ampliou a área de capineira, adequou o sal mineral, acertou os dados de gestão, reduziu o custo com concentrado, dentre outros fatos”. Caminho sendo trilhado, portanto, para que o sr. Anizio consiga chegar à meta. A ideia em Palmas é aumentar o número de propriedades participantes do Balde Cheio. E o Sítio Estiva tem servido de referência, como é a função das Unidades Demonstrativas.
“A Seder está utilizando a mesma metodologia em várias outras propriedades e tem levado produtores para conhecer o projeto na UD. Estamos com outros três produtores com sistema implantado e com planos de trabalhos em elaboração para atender outras nove propriedades nesse próximo período chuvoso, totalizando 13 com a UD”, relata Cláudio Sayão. Boas notícias devem chegar nos próximos meses.
Retomada – O Balde Cheio já aconteceu em outra oportunidade no Tocantins, mas acabou não tendo a devida sequência. “A retomada do projeto no Tocantins e Sul do Pará desde 2018 tem sido feita com dois objetivos muito claros: o treinamento dos técnicos da extensão rural e a formação de parcerias sólidas. Até o momento, mesmo no contexto da pandemia, o envolvimento dos técnicos e produtores tem sido muito bom. Os treinamentos teóricos e algumas visitas realizadas até antes do isolamento social foram muito bem sucedidos. As reuniões online têm sido muito úteis para manter o engajamento e a orientação dos técnicos e enquanto os encontros presenciais não são permitidos”, explica André Novo, coordenador nacional do Balde Cheio em Rede e chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP).
Cláudio Barbosa, da Embrapa Pesca e Aquicultura, comemora: “alguns resultados efetivos já podem ser demonstrados por meio de dados de planilhas de unidades demonstrativas que já completaram um ano de registro de dados. É perceptível a evolução que a gente vê comparando 12 meses atrás com o mês atual. A gente percebe uma evolução na produção, na produtividade de leite por hectare, na produtividade de litros de leite por vaca por dia e na produtividade por lactação das vacas, uma vez que a gente hoje trabalha também com alimentação eficiente tanto pras vacas em lactação como pras vacas que estão em pré-parto no período seco”.
Nos dias 31 de agosto e 11 de setembro, os técnicos do projeto no Tocantins e no Sul do Pará mostraram os resultados do trabalho no campo. Em reuniões virtuais, com bastante troca de experiência, eles falaram das respectivas Unidades Demonstrativas em que estão colocando em prática o conhecimento adquirido nas capacitações e também nas conversas diretamente com a coordenação do Balde Cheio em Rede. Participaram das reuniões, além dos técnicos, o coordenador regional Cláudio Barbosa, o coordenador nacional André Novo, o instrutor Junior Colombo (responsável pela capacitação dos técnicos) e Artur Chinelato, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste que está à frente do projeto há mais de 20 anos. (Da Embrapa Pesca e Aquicultura)
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