Criada em 17/04/2021 às 04h15 | Agricultura

Entrevista: Agricultor faz rotação da pimenta com batata-doce, abóbora e milho em Adamantina, cidade do oeste paulista

Pimenta é ideal para pequenas áreas de cultivo e há possibilidade de ganho em toda a cadeia, desde a oferta in natura aos atacadistas e compradores avulsos até às pequenas agroindústrias de marcas diversas e às grandes processadoras, destaca o programa Agro & Negócios, da Rádio 101 FM.

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"Muitas variedades tornaram-se mais conhecidas pelos consumidores e muitos estão agregando valor com pequenas agroindústrias que foram surgindo nos últimos 10 anos”, afirma Narciso Silva.


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A colheita da maioria das pimenteiras ocorre a partir de 120 a 150 dias do plantio, mas depois pode passar seis meses ainda em produção. O pico da colheita vai de junho até agosto, mas chega até dezembro, escalonada e com redução, ou seja, um ano de produção, dependendo do manejo correto, dos tratos culturais, da irrigação e adubação necessárias e da variedade escolhida. “A Jalapeño, por exemplo, oferece três colheitas, o pico é em julho”, afirma Narciso Antonio da Silva.

O produtor explica que em São Paulo as pimentas costumam ser cultivadas a partir de 15 de fevereiro; as mudas são produzidas em janeiro e levam cerca de 45 dias para estar prontas a ir para o campo, porém cada Estado planta em uma época. Trata-se de uma cultura bianual, que gosta de clima ameno, noites longas e pouco frio; é possível passar um ano ou pouco mais colhendo. Depois, é preciso fazer a rotação com outras culturas e plantar em outras áreas. “No meu caso, eu faço rotação com batata-doce (outra cultura em expansão), abóbora e milho”, ensina Narciso, que este ano colheu cerca de 20 toneladas da Dedo-de-moça e cinco toneladas da Biquinho.

Em 2020, o produtor optou por não plantar a Jalapeño, porque tinha pouca área, mas costuma reservar 1,5 hectare para a variedade preferida da indústria e, com 50 mil pés, costuma colher em torno de 30 toneladas/ano. Em 2021, vai testar a ardida Carolina Reaper em cinco mil pés já encomendados para o viveirista.

 Narciso Silva: “O mercado
está em plena expansão"

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Na propriedade, em Adamantina, a mão de obra é avulsa e somente quando há necessidade, como no pico da colheita, no qual o maquinário utilizado é só para pulverização. “É uma excelente alternativa para a agricultura familiar”.

O mercado da pimenta não para de crescer para toda a cadeia: dos viveiristas, que produzem as mudas, à produção com oferta in natura para a Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo); outros Estados, como Minas Gerais e Paraná, que compram parte da produção paulista; para as pequenas agroindústrias, que não têm produção própria suficiente; e para as grandes indústrias, que processam para todos os tipos de molho. “É só procurar, existem várias marcas”, indica.

De acordo com Narciso, de 10 anos para cá, houve muita diversificação e valor agregado com a oferta de diferentes sabores: molho de churrasco, caseiro, com alho, defumado, com pequi, cremoso. “As microfábricas estão se expandindo e fazendo esses molhos diferenciados”, conta, provando que entende não apenas de pimenta, mas da história das pimentas.

As pequenas agroindústrias de pimentas surgem a cada temporada e se firmam no mercado, desde as artesanais até as mais processadas. “As grandes indústrias também são um mercado muito promissor, principalmente para a Jalapeño, utilizada como base em todos os molhos e que, por ser mais suave, acabou conquistando um público maior.

Pimenta e maracujá amarelo formam 'dupla perfeita' em Adamantina

A cultura da pimenta no município de Adamantina tem feito uma dupla perfeita com a do maracujá amarelo, outra de destaque na região. O engenheiro agrônomo da Casa da Agricultura de Adamantina, Maurício Konrad, argumenta: “O período de safra do maracujá vai de novembro a maio e o da pimenta Dedo-de-moça tem produção, principalmente, de maio a dezembro; tendo essas duas culturas, os produtores podem ter renda o ano todo”.
Maurício conta que “há vários tipos de agricultores que cultivam pimenta em Adamantina e que essa é uma boa alternativa para a agricultura familiar da região, mas não só para pequenas propriedades, pois encontra clima favorável para o bom desenvolvimento e uma considerável produção”.

As três variedades mais cultivadas, segundo o técnico, são a Dedo-de-moça, a Biquinho e a Jalapeño. A Jalapeño possui dois mercados: quando colhida madura, vai para as indústrias de fabricação de molho; já as colhidas verdes vão para a Ceagesp.

A Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável também promove capacitações relacionadas à pimenta: em março, já durante a pandemia, foi oferecida uma capacitação on-line para a pimenta Maria Bonita, uma nova variedade da Biquinho desenvolvida pela Universidade de São Carlos (UFSCar).

Pimenta é ideal para pequenas áreas de cultivo

Produzidas em todo Brasil e com a oferta de diversas variedades para diferentes nichos de mercado, a pimenta caiu no gosto do brasileiro. É ideal para pequenas áreas de cultivo e há possibilidade de ganho em toda a cadeia, desde a oferta in natura aos atacadistas e compradores avulsos até às pequenas agroindústrias de marcas diversas e às grandes processadoras. (Com informações de Paloma Minke, da Secretaria da Agricultura e Abastecimento de São Paulo)

Diferenças na picância e no aroma:

Pimenta Dedo-de-moça
Tem picância e aromas suaves, sendo uma das espécies mais famosas no País, usada de Norte a Sul do Brasil. Usada pelos índios brasileiros desde antes da chegada dos europeus, também é conhecida como pimenta vermelha ou chifre-de-veado. A pimenta Dedo-de-moça pode ser encontrada nos mercados em conservas, crua, curtida, como ingrediente de molhos e sobremesas.

Pimenta Biquinho
Possui vários benefícios e propriedades saudáveis para o organismo. Essa pimenta contém betacaroteno, uma substância antioxidante e que auxilia o organismo humano a absorver melhor as vitaminas A e C, por isso é um alimento que fortalece o sistema imunológico.

Pimenta Habañero
É uma das mais ardidas do mundo, tem origens na península de Yucatán, no México, e em Havana, capital cubana. É da espécie Capsicum chinense e foi inicialmente produzida pelos povos Maias. Seu fruto pequeno dá um ar inofensivo, mas esconde uma picância única, que é descoberta já na primeira mordida. Nas pimentas desta espécie, o sabor é forte e marcante.

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