Criada em 02/06/2021 às 10h25 | Negócios

Com problemas de abastecimento, Brasil já importou mais de US$ 1 bilhão em energia nos primeiros quatro meses deste ano de 2021

Valor é recorde histórico para os primeiros quadrimestres; Ministério de Minas e Energia fala em “maior crise hidrológica dos últimos 91 anos”.

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Na história, o máximo que o Brasil havia comprado de energia elétrica da Argentina foi US$ 34,6 milhões em todo o ano de 2020. (Foto: Divulgação)

DANIEL MACHADO
De Brasília (DF)

Para garantir o abastecimento, o Brasil precisou importar mais de US$ 1 bilhão (R$ 5,28 bilhões) de energia elétrica de países vizinhos apenas nos primeiros quatro meses do ano. O valor é o maior da história para o período e representa um aumento de 113% em relação ao primeiro quadrimestre do ano passado.

Além da já tradicional importação de energia do Paraguai, por causa da administração conjunta dos dois países da Usina Hidrelétrica de Itaipu, o Brasil também fez compras significativas da Argentina – mais de US$ 466 milhões (R$ 2,45 bilhões).

Na história, o máximo que o Brasil havia comprado de energia elétrica da Argentina foi US$ 34,6 milhões em todo o ano de 2020. O montante registrado de janeiro a abril de 2021 é mais de 13 vezes superior.

Os dados foram apurados no Comex Stat, sistema oficial do Ministério da Economia de informações de transações comerciais internacionais.

Valores totais

O valor de importação de energia dos primeiros quatro meses do ano também é expressivo na comparação com todos os anos inteiros. O montante importado de janeiro a abril já representa 55% de tudo que foi adquirido em 2014, até então o ano que o país mais comprou energia elétrica do exterior.

Além dos US$ 466 milhões da Argentina, o país adquiriu US$ 447 milhões (R$ 2,35 bilhões) do Paraguai e US$ 89 milhões do Uruguai (R$ 469 milhões).

A importação de energia do Uruguai também é a maior para o período e já está muito próxima dos US$ 91 milhões de todo o ano de 2017, que representou o máximo já comprado de energia daquele país.

Goiás e Rio de Janeiro

Os registros da energia elétrica importada pelo Brasil em 2021 estão em dois Estados: Goiás e Rio de Janeiro. Os goianos foram responsáveis por US$ 507 milhões (51% do total) e os fluminenses por US$ 494 milhões (49%).

Governo aponta crise hidrológica para explicar importação

Por meio de nota, o MME (Ministério de Minas e Energia) apontou existir a maior crise hidrológica dos últimos 91 anos do Brasil, com escassez de chuvas de setembro de 2020 a abril de 2021.

Segundo o Ministério, apesar da redução da participação das hidrelétricas na matriz elétrica, com a crescente participação de outras fontes, como eólica e solar, “o Brasil ainda é dependente das chuvas para geração de energia”.

O MME também confirmou a necessidade de importar energia. “Para lidar com esse cenário, desde outubro do ano passado, o CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico) iniciou o emprego maior de usinas termelétricas e também determinou a importação de energia da Argentina e Uruguai”, ressalta a nota do ministério.

O Ministério sustenta que mais medidas tiveram de ser adotadas, como a ligação com órgãos e empresas do setor de gás natural, a fim de assegurar que o país tenha combustível para abastecer as termelétricas. “Entre as ações, destacamos a importação de gás da Bolívia, a articulação com a Petrobras (maior gerador termelétrico brasileiro) e o início da operação de novos parques termelétricos”, frisa a nota, ao ressaltar que isso visa maximizar as gerações termelétricas e de outras fontes de energia, permitindo estocar mais água nas represas das hidrelétricas.

De acordo com o Ministério, isso tem o objetivo de dar segurança ao setor elétrico “de forma que se possa chegar em novembro com reservatórios em condições de entrar no período chuvoso”. Por fim, o Ministério assegura que, com o monitoramento permanente do CMSE e as medidas adotadas pelo governo, “a segurança energética do país está sendo preservada para este e os próximos anos”.

Importação de energia elétrica no primeiro quadrimestre:

2021 - US$ 1.002.753.319

2020 - US$ 470.452.731

2019 - US$ 511.107.118

2018 - US$ 591.647.677

2017 - US$ 548.624.119

2016 - US$ 578.017.135

2015 - US$ 547.268.556

2014 - US$ 554.502.258

2013 - US$ 609.243.278

2012 - US$ 601.096.910

2011 - US$ 584.003.167

2010 - US$ 515.498.140

2009 - US$ 561.606.022

2008 - US$ 537.006.683

2007 - US$ 517.160.905

2006 - US$ 442.951.584

2005 - US$ 400.108.029

2004 - US$ 343.218.050

2003 - US$ 345.633.834

2002 - US$ 376.597.283

2001 - US$ 375.004.134

2000 - US$ 362.022.573

1999 - US$ 357.535.972

1998 - US$ 359.283.368

1997 - US$ 342.540.272

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