Criada em 09/05/2024 às 08h30 | Agronegócio

Arroz terá cotação afetada pelas enchentes no RS; governo estuda medidas

À catástrofe humanitária, com a perda de vidas e destruição de cidades inteiras, se somam as preocupações com os efeitos que esse cenário pode causar na produção de alimentos. Quando se fala de arroz, o RS é responsável por 70% da produção consumida pelos brasileiros.

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Quando se fala de arroz, o RS é responsável por 70% da produção consumida pelos brasileiros. (foto: Divulgação)

A SNA vem acompanhando, consternada como toda a população brasileira, a tragédia que se abateu sobre o Rio Grande do Sul com as chuvas recordes. À catástrofe humanitária, com a perda de vidas e destruição de cidades inteiras, se somam as preocupações com os efeitos que esse cenário pode causar na produção de alimentos, como mostrou o Portal em recente matéria. O estado é protagonista em diversos cultivos, entre os quais se destacam os grãos, leite e carnes.

Quando se fala de arroz, o RS é responsável por 70% da produção consumida pelos brasileiros. O país só escapou de uma crise de desabastecimento porque a maior parte da safra local já estava colhida quando começaram as inundações. Mesmo assim, quase 20% ainda ficaram nos campos, sobretudo na região central, a mais afetada, onde pouca coisa deve se salvar. Como as cotações já vinham pressionadas pela escassez mundial, é quase certo que isso force o governo a se socorrer de importações para conter a disparada de preços.

Nesse contexto, cabe ressaltar que outros expoentes da rizicultura já vinham enfrentando dificuldades, como a Índia, maior produtora mundial, que proibiu exportações após também enfrentar fortes chuvas, de modo a não prejudicar a própria segurança alimentar. Os países vizinhos do Mercosul, bem como a China, também colheram menos pela mesma razão.Com necessidade de buscar arroz até na Ásia, como já ocorreu no ano passado, a previsão é de que o preço do cereal no mercado brasileiro atinja um novo recorde histórico. Especialistas preveem que o consumidor pode chegar a pagar entre 30 e 50 reais pelo pacote de 5 quilos, ainda em 2024.

Estimativas de importação e providências do MAPA

O Brasil consome 11 milhões de toneladas de arroz anualmente, e as projeções indicam que será  necessário importar outros 3 a 4 milhões de toneladas para compensar as perdas. Sem muita oferta dos parceiros do Mercosul, a saída será apelar para os Estados Unidos, Tailândia e Vietnã. A indústria, contudo, afasta qualquer risco de desabastecimento. Enquanto as perdas gaúchas podem ser compensadas pelo resto do país em outras cadeias produtivas, em termos locais o temor de faltar comida é maior, não só pela espera da retomada nos sistemas de produção, mas também pela dificuldade de acesso e logística de distribuição dos donativos que chegam em peso.

Já trabalhando com essa perspectiva, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, confirmou que sua equipe está preparando o texto de uma medida provisória para permitir a importação direta de até 1 milhão de toneladas de arroz pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A intenção, segundo ele, é evitar a especulação e aumentos exacerbados de preço no mercado. Ele enfatizou que a ideia não é concorrer com os agricultores gaúchos.

A publicação da MP só ocorrerá após a conclusão da votação, pelo Congresso Nacional, do decreto de calamidade pública no Rio Grande do Sul. Além disso, haverá necessidade de edição de uma outra MP para abertura de crédito extraordinário para a Conab fazer a compra do arroz estrangeiro. Não foi apresentada estimativa de custo da medida. O ministro também confirmou que encaminhou uma proposta ao Conselho Monetário Nacional (CMN) para que seja suspensa a cobrança de todas as dívidas rurais de produtores do Rio Grande do Sul por 90 dias.Ainda não há data para que a proposta seja votada. O CMN deverá realizar uma reunião extraordinária para análise do pleito.

E o futuro do arroz?

Em entrevista ao professor Evaristo de Miranda no canal Agro Mais, o  Chefe – Geral da Embrapa Arroz e Feijão, Elcio Guimarães, traçou um panorama dessa produção no país. Entre outros aspectos, ele destacou a introdução de novos cultivares de arroz nas lavouras, mais propícias às técnicas de irrigação por pivôs.

Isso facilita também a drenagem, fundamental para a sustentabilidade, pois otimiza o uso mais racional da água. Segundo ele, a Embrapa cada vez mais encara o arroz como elemento de uma cadeia produtiva mais ampla, que inclui também o feijão e a soja, sendo que podem ser revezados numa mesma área como forma de regenerar o solo e propiciar ao agricultor maior rentabilidade.

Elcio Guimarães finalizou dizendo que isso lança luz sobre o cultivo do arroz para o futuro no país, além de atestar cada vez mais a pesquisa científica e o uso da tecnologia como fator de pujança produtiva, mitigação de efeitos adversos e alicerce de uma agricultura sustentável, sem perda na qualidade dos produtos que chegam à mesa de milhões de consumidores. (Da SNA)

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