Criada em 14/06/2019 às 12h13 | Agronegócio

“Cerrado do Matopiba não está ameaçado”, diz Aprosoja ao se voltar contra multinacional e destacar avanços na região

“Região floresceu e a pujança do agronegócio, na contramão das políticas públicas e falta de incentivos, mudou esse panorama. Cidades que “não existiam” hoje são polos produtores e exportadores, com grande geração de empregos e serviços variados ligados ao agronegócio”, diz entidade.

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Aprosoja aponta que “produção de soja no cerrado brasileiro é um caso de sucesso não apenas pelo impacto econômico extremamente positivo para o desenvolvimento do país, mas também pela sustentabilidade social e ambiental desta produção” .

A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) divulgou comunicado sobre a decisão da multinacional Cargill de investir US$ 30 milhões para fins de preservação do bioma cerrado com o objetivo de evitar o desflorestamento da região. “A verdade é que o cerrado do Matopiba não está ameaçado. Mas as pessoas, sem o benefício do desenvolvimento econômico, ficarão ameaçadas pela pobreza e desnutrição, pela falta de oportunidades, de emprego e de qualidade de vida”, afirma a Aprosoja.

A Aprosoja cita dados sobre o potencial econômico e desenvolvimento social da fronteira agrícola do Matopiba após a atuação de sojicultores nos Estados que formam a região (Maranhão, Tocantins, Bahia e Piauí). “Há vinte anos, sem a produção de soja, os municípios da região chamada de Matopiba se encontravam em situação de extrema pobreza. Não havia acesso de infraestrutura, poucas casas eram feitas de alvenaria e não havia oferta de bens e serviços básicos à população”, aponta a entidade. “Vinte anos mais tarde, a região floresceu e a pujança do agronegócio, na contramão das políticas públicas e falta de incentivos, mudou esse panorama. Cidades que “não existiam” hoje são polos produtores e exportadores, com grande geração de empregos e serviços variados ligados ao agronegócio”, complementou.

A geração de empregos é destacada na nota: “Foram criados milhares de postos de trabalho diretamente nas propriedades e indiretamente nas revendas de insumos, máquinas e equipamentos agrícolas, além de hotéis, restaurantes, supermercados, farmácias e butiques, algo nunca visto antes. Tudo isso ocorre com a preservação de 73% da área do cerrado da região e com uma agricultura que não ocupa nem 7% deste território, segundo dados já divulgados pela Embrapa. Ou seja, trata-se de uma produção altamente eficiente e sustentável.”

ANÚNCIO DA CARGILL 

O anúncio da Cargill foi feito na quinta-feira, dia 13. “Estamos pedindo urgentemente que a indústria se junte a nós e invista conosco para acelerar o progresso e para encontrar soluções que ajudem a proteger a terra do Brasil ao mesmo tempo em que proporcionem oportunidades econômicas aos agricultores e às comunidades”, disse a diretora de Sustentabilidade da Cargill, Ruth Kimmelshue, em teleconferência. A informação foi veiculada pela Revista IstoÉ Dinheiro.

Conforme a executiva, a empresa está preparada para realizar o desembolso “o mais rápido possível e assim que virmos ideias que possam conduzir a mudanças substanciais”.

Ruth reforçou que a empresa fez o apelo aos concorrentes, clientes e outros players na indústria de alimentos para que complementem esse investimento. “Nossa esperança é que os US$ 30 milhões se tornem significativamente maiores por meio do envolvimento e investimento de outros”, disse. Segundo ela, a expectativa é reunir vários participantes em um esforço conjunto para identificar a melhor forma de alocar recursos para combater o desmatamento. “Estamos no processo de identificação de um facilitador para reunir organizações.”

MATOPIBA É O FOCO

No Brasil, o foco é o Cerrado e o Matopiba (acrônimo formado com as iniciais dos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Segundo ela, uma das razões para isso é a extensão de área no Cerrado que vem sendo utilizada para agricultura. “É onde a maior parte das terras novas está vindo para produção, está sendo convertida. O Matopiba é crítico porque é uma das áreas de maior prioridade e mais sensíveis relacionadas ao Cerrado.”

Ao mesmo tempo, a empresa vai continuar com o trabalho de combater o desmatamento na Amazônia.

A executiva destacou o êxito da Moratória da Soja na região ao longo dos últimos anos. A empresa também informou ter feito progressos em outras cadeias de suprimento além da soja, como óleo de palma e cacau.

Segundo Ruth, apesar dos esforços coletivos das tradings, “nossa indústria ficará aquém da meta de eliminar o desmatamento até 2020”. O compromisso do setor agora é eliminar o desmatamento na cadeia produtiva da soja até 2030, conforme a executiva. “O progresso que fizemos é significativo. Mas temos mais trabalho significativo para fazer.”

De acordo com a executiva, pedir que as empresas saiam das áreas de maior risco de desmatamento não resolverá o problema, só fará com que ele mude de lugar. “Ao empurrar agricultores para outros compradores, as mesmas práticas continuarão”, disse. “Precisamos urgentemente de ideias ousadas que ofereçam aos agricultores uma maneira de prosperar enquanto protegemos o planeta. Essas são as duas forças concorrentes e complementares que queremos abordar.”

Junto com o financiamento, a empresa informou que está implementando um plano de ação para aumentar a transparência e avançar na adoção da política contra o desmatamento na cadeia de soja. Entre as medidas, está uma avaliação de risco abrangente de fornecedores diretos e indiretos. Segundo a empresa, o foco é trabalhar para a transformação de longo prazo “para que florestas e agricultores possam coexistir”.

Clique aqui e leia a nota na íntegra:

"Posicionamento sobre a produção de soja no Matopiba

A Associação Brasileira dos Produtores de Soja – Aprosoja Brasil, representando produtores associados em 16 estados, especialmente os do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), não encontra motivos que justifiquem a decisão anunciada pela multinacional Cargill de investir US$ 30 milhões para fins de preservação do bioma cerrado com o objetivo de evitar o desflorestamento da região.

Vamos aos fatos. Há vinte anos, sem a produção de soja, os municípios da região chamada de Matopiba se encontravam em situação de extrema pobreza. Não havia acesso de infraestrutura, poucas casas eram feitas de alvenaria e não havia oferta de bens e serviços básicos à população.

Vinte anos mais tarde, a região floresceu e a pujança do agronegócio, na contramão das políticas públicas e falta de incentivos, mudou esse panorama. Cidades que “não existiam” hoje são polos produtores e exportadores, com grande geração de empregos e serviços variados ligados ao agronegócio.

Foram criados milhares de postos de trabalho diretamente nas propriedades e indiretamente nas revendas de insumos, máquinas e equipamentos agrícolas, além de hotéis, restaurantes, supermercados, farmácias e butiques, algo nunca visto antes. Tudo isso ocorre com a preservação de 73% da área do cerrado da região e com uma agricultura que não ocupa nem 7% deste território, segundo dados já divulgados pela Embrapa. Ou seja, trata-se de uma produção altamente eficiente e sustentável.

É evidente que nos municípios em que a soja e o milho são plantados a vida das pessoas melhorou se comparado ao que era antes da chegada da agricultura tecnificada. Nestes, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais que dobrou, conforme dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Não fosse os agricultores que lá estão, não haveria nenhum modelo de desenvolvimento sendo adotado para os municípios da região.

A verdade é que o cerrado do Matopiba não está ameaçado. Mas as pessoas, sem o benefício do desenvolvimento econômico, ficarão ameaçadas pela pobreza e desnutrição, pela falta de oportunidades, de emprego e de qualidade de vida.

A produção de soja no cerrado brasileiro é um caso de sucesso não apenas pelo impacto econômico extremamente positivo para o desenvolvimento do país, mas também pela sustentabilidade social e ambiental desta produção.

Portanto, antes de se falar em recursos vindos do exterior para reduzir a produção de grãos do país, é preciso entender com mais profundidade e conhecimento técnico o modelo de produção brasileiro, definido por leis rígidas nas áreas ambiental, fundiária, trabalhista e tributária.

Aprosoja Brasil"

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