Publicado em:
26/09/2025 - 12:55
A CNA destacou o posicionamento do agro e as expectativas do setor para a COP 30 durante evento realizado em Brasília, na quarta (24), com a presença de presidentes de federações estaduais de agricultura e pecuária, entidades, autoridades, convidados e diretores do Sistema CNA/Senar.
Na ocasião, a entidade apresentou o documento “Agropecuária Brasileira na COP 30” para a Conferência que acontece, de 10 a 21 de novembro, em Belém (PA). Acesse o position paper no link: https://mla.bs/c64f91f3
Durante o evento, o presidente da Comissão Nacional de Meio Ambiente da CNA, Muni Lourenço, afirmou que o documento traz a força e legitimidade da Confederação e leva em consideração que a produção de alimentos tem papel cada vez mais crucial no enfrentamento das metas climáticas.
“Nós acreditamos e confiamos que os negociadores brasileiros terão esse documento como um referencial para levar o ponto de vista do agro, que é um setor estratégico para o Brasil, nas deliberações da plenária da COP”.
Segundo Muni, que também é vice-presidente da CNA, os temas discutidos na Conferência são complexos do ponto de vista técnico e jurídico, mas têm ligação direta com a realidade de milhões de produtores brasileiros.
“O agro é o setor mais impactado pelos fatores climáticos. Por outro lado, é o que melhor se apresenta como provedor de soluções climáticas”, disse.
Em sua fala, Muni Lourenço citou os principais temas do documento da CNA e posições a serem adotadas nas negociações que evidenciam o papel da agricultura tropical frente aos desafios do clima. São eles: Agenda de Ação; Financiamento; Agricultura e Segurança Alimentar; Balanço Global; Transição Justa; Adaptação; Mitigação; Artigo 6 do Acordo de Paris e o Legado da COP 30 na Amazônia.
“Considerando o simbolismo e o ineditismo de termos a primeira COP no Brasil e no coração da Amazônia, esse documento abre um capítulo específico sobre a região. Temos a expectativa de que nessa Conferência saiam decisões que possam melhorar e apoiar o desenvolvimento econômico e social de 30 milhões de brasileiros que residem e produzem lá”, destacou.
O evento também contou com um painel sobre “O que o Agro espera da COP30?”. Participaram o enviado especial da Agricultura para a COP 30, Roberto Rodrigues, e o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Daniel Vargas.
Soluções – O coordenador de Sustentabilidade da CNA, Nelson Ananias, moderou o debate e ressaltou que após anos participando da Conferência, o agro entendeu que as obrigações e ações, que no início se apresentavam como obrigações, hoje vão além das vantagens comparativas e competitivas do setor: são um aceno para ações que trazem retorno ao produtor rural.
“O agro já vem cumprindo as metas estabelecidas há muitos anos com agricultura de baixa emissão de carbono e cumprindo um Código Florestal restritivo. Então a COP 30 precisa discutir a agricultura tropical para que, nas próximas edições, ela seja reconhecida como a solução global para as questões climáticas”.
Critérios – Em seguida, o professor da FGV Daniel Vargas explicou que os critérios sobre o que é considerado “verde” no mundo foram definidos pelos países ricos, de acordo com suas realidades produtivas, e que esses mesmos critérios foram usados como referência ao longo dos anos para países com agricultura tropical.
“O Brasil já entra perdendo em uma negociação lá fora porque nós temos modelos de produção que não são reconhecidos pelos parâmetros internacionais. O grande elemento do jogo não é organizar a economia do conhecimento, tecnologia e técnica, mas o que é considerado verde ou não. E esse é o nosso grande desafio”.
Para Daniel Vargas, a COP tem várias funções, mas as principais envolvem as obrigações dos países; a definição de quem vai pagar a conta; e as regras e critérios do jogo. “As métricas atuais não se encaixam no mundo tropical e, quando são traduzidas para nós, criam uma caricatura da nossa realidade e ocultam nossas virtudes. Ou seja, tudo que é único na nossa produção não aparece na hora de fazer um balanço ambiental”.
Segundo ele, o Brasil deveria aproveitar a COP 30 e oferecer uma agenda climática focada no desenvolvimento, com segurança alimentar e energética. “Essa é a nossa vocação”.
Ciência e tecnologia – Já o enviado especial da Agricultura para a COP 30, Roberto Rodrigues, falou sobre o seu papel na Conferência e a oportunidade de o agro mostrar para o mundo o que a agricultura brasileira vem fazendo há anos sob a ótica da ciência e tecnologia para alcançar a produção sustentável.
“Teremos muito trabalho. Meu papel como enviado especial é apresentar nossa vitrine e dizer que o Brasil está à disposição do mundo tropical para mostrar que o que é feito aqui pode ser replicado lá fora”, disse.
Roberto também falou sobre os impactos do multilateralismo no mundo e os quatro grandes desafios enfrentados pelos países atualmente, sendo eles as inseguranças alimentar e energética, mudanças climáticas e desigualdades sociais.
“Essa COP no Brasil é uma chance de dizer que é possível alimentar o mundo gerando emprego e renda, reduzindo a desigualdade social. Nós fazemos isso. É possível uma transição energética justa e decente”. (Da CNA)
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