Criada em 21/06/2017 às 00h45 | Política brasileira

BNDES teve prejuízos de mais de R$ 847 milhões em pelo menos quatro operações da JBS, afirma secretário do TCU na Câmara

As operações irregulares foram detalhadas em um acórdão do TCU, baseado em tomadas de contas que analisaram aportes de cerca de R$ 8 bilhões do BNDES no grupo JBS para a compra das empresas americanas Pilgrim Pride, Swift e National Beef, bem como a fusão com o grupo Bertim.

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Grupo empresarial fez empréstimos de aproximadamente R$ 8 bilhões junto ao BNDES (foto: Grupo JBS\Divulgação\Arquivo)

Antonio Vital
DE BRASÍLIA

O secretário de Controle Externo da Administração Indireta do Tribunal de Contas da União (TCU), Carlos Borges Teixeira, apontou, durante debate na Câmara, indícios de que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) teve prejuízos de R$ 847,7 milhões em quatro operações com o grupo JBS.

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As operações consideradas irregulares foram detalhadas em um acórdão (3.011/2015) do TCU, baseado em tomadas de contas que analisaram aportes de cerca de R$ 8 bilhões do BNDES no grupo JBS para a compra das empresas americanas Pilgrim Pride, Swift e National Beef, bem como a fusão com o grupo Bertim.

Teixeira participou nesta terça-feira, 20, de audiência pública conjunta das comissões de Fiscalização Financeira e Controle e de Finanças e Tributação. O debate foi proposto pelos deputados Victor Mendes (PSD-MA), Hildo Rocha (PMDB-MA) e Izalci Lucas (PSDB-DF).

O objetivo era discutir operações do BNDES na aquisição de ações do grupo JBS e duas operações que teriam ocorrido pouco antes da divulgação da delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista – a compra de grande quantidade de dólares no mercado futuro e a venda de ações da companhia. Convidado, Joesley Batista não compareceu ao debate.

Os irmãos Batista fizeram acordo com a Procuradoria-Geral da República, homologado pelo ministro Edson Fachin, responsável no Supremo Tribunal Federal pela Operação Lava Jato. Com base na delação, Fachin autorizou a abertura de inquérito contra o presidente da República, Michel Temer. As suspeitas são de corrupção passiva, organização criminosa e obstrução à Justiça. Temer nega as acusações.

DETALHAMENTO DO TEMA

Durante o debate, Carlos Borges Teixeira deixou claro, durante o debate, que as quatro operações analisadas pelo Tribunal de Contas da União ainda estão em fase de contraditório, ou seja, a defesa ainda pode se manifestar, e não há uma decisão final.

Segundo o representante do TCU, há suspeitas em relação a compras de ações e debêntures que fizeram com que o BNDESPar (o braço de participação de empresas do BNDES) passasse a ser sócio do grupo JBS. Esta participação, disse, chegou a 33,4%, percentual reduzido para 24% em 2014, depois de uma série de desinvestimentos da companhia.

Apenas em relação à compra da Swift, de acordo com o representante do TCU, o BNDES teve prejuízos de R$ 70 milhões em função de ágio (pagamento acima do valor de mercado) no preço das ações do grupo JBS.

Teixeira disse que a análise do TCU questiona ainda a aprovação de operações em prazo recorde, de 22 dias úteis. A média no BNDES, assinalou ele, é de 150 dias úteis entre a apresentação da proposta, a análise e a assinatura de contratos.

O representante do TCU acrescentou que o BNDES teria descumprido normas internas e chegado a abrir mão de 10% de multa sobre os valores aportados no caso em que a destinação inicial dos recursos não foi cumprida. “No caso da compra da National Beef, foram aportados R$ 615 milhões, sem comprovação do uso para a finalidade inicial”, disse.

INVESTIGAÇÃO DO CASO

A instalação de uma comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) foi defendida por deputados como maneira de obter mais informações sobre as operações. “A CPMI será instalada em breve e já estamos preparando requerimentos de informações”, disse Izalci Lucas.

O requerimento para criação da CPMI foi lido em 30 de maio, em sessão do Congresso Nacional. Cabe ao presidente do Senado e do Congresso, Eunício Oliveira, enviar ofício aos líderes partidários para a indicação dos integrantes do colegiado. Não há prazo para a CPMI começar a funcionar.

O presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, deputado Wilson Filho (PTB-PB), anunciou que o colegiado vai promover novos debates para aprofundar o assunto, com representantes de outros órgãos e empresas, como o BNDES. “Vamos fazer uma segunda audiência pública com os que faltaram”, disse. (Da Agência Câmara)

 Teixeira: as quatro operações analisadas pelo TCU estão em fase de contraditório, ou seja, a defesa ainda pode se manifestar, e não há uma decisão final (foto: Billy Boss\Agência Câmara)

Teixeira: as quatro operações analisadas pelo TCU
estão em fase de contraditório, ou seja, a defesa ainda
pode se manifestar, e não há uma decisão final
(foto: Billy Boss\Agência Câmara)

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