Criada em 17/07/2017 às 14h49 | Agricultura

Biotecnologia permite aproveitar mais nutrientes das rações

A adição de enzimas às rações é uma das respostas da biotecnologia para a demanda por eficiência na nutrição animal. Cientistas estão buscando novas enzimas para resolver dificuldades de absorção de nutrientes que, até pouco tempo, eram problemas pequenos.

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O aprimoramento das enzimas já disponíveis no mercado é outro campo de atuação da pesquisa (foto: Lucas Cardoso/Embrapa)

Como a biotecnologia pode ajudar animais a aproveitarem cada vez mais nutrientes dos alimentos que consomem? Essa pergunta estará no foco das discussões de uma das mesas-redondas do IV Encontro de Pesquisa e Inovação da Embrapa Agroenergia (EnPI 2017), que acontece de 25 a 27 de setembro, em Brasília-DF.

A adição de enzimas às rações é uma das respostas da biotecnologia para a demanda por eficiência na nutrição animal. Nas granjas de suínos, galinhas poedeiras e frangos, por exemplo, a adição aos alimentos de enzimas do tipo fitase começou há mais de 20 anos. “As fitases foram as primeiras enzimas utilizadas comercialmente. Quando na condição ideal de temperatura e pH, normalmente encontradas nos estômagos dos animais, elas atuam na quebra do fitato e liberam uma série de moléculas de fósforo e, em menores quantidades, cálcio, manganês, magnésio, zinco, cobre e alguns aminoácidos”,  lembra o pesquisador da Embrapa Suínos e Aves Everton Krabbe.

Na mesa-redonda sobre nutrição animal do EnPI 2017, Krabbe falará sobre ganhos de desempenho com o uso de enzimas em suínos e aves e os temas em que a pesquisa está investindo nessa área. Ele adianta que os cientistas estão buscando novas enzimas para resolver dificuldades de absorção de nutrientes que, até pouco tempo, eram problemas pequenos. Contudo, atualmente, níveis de eficiência alimentar extremamente elevados foram alcançados, com soluções como o aproveitamento do fosforo fítico. Com isso, outros compostos passaram a ser considerados para aumentar o rendimento dos rebanhos. Exemplos são o melhor aproveitamento de fontes proteicas, assim como a degradação de compostos anti-nutricionais  presentes nas dietas animais e que “podem perfeitamente ser solucionados por meio de recursos oriundo da biotecnologia”.

O aprimoramento das enzimas já disponíveis no mercado é outro campo de atuação da pesquisa, especialmente para adequação a processos de produção de rações sob altas temperaturas, como a peletização e a extrusão. “Estão surgindo novas gerações das mesmas enzimas, que são mais eficientes, capazes de liberar uma quantidade maior de nutrientes”, conta Krabbe.

A aplicação da biotecnologia na nutrição animal não só aumentou o rendimento e melhorou a saúde dos animais, como reduziu o impacto ambiental dos excrementos eliminados, que agora contêm menor volume de compostos poluentes. Na mesa-redonda sobre esse tema, no EnPI 2017, os palestrantes mostrarão também novidades nas rações de bovinos e pets. Além de Krabbe, participarão representantes das empresas DSM e Biorigin/Zilor e da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP.

Para o pesquisador da Embrapa Agroenergia Félix Siqueira, que vai moderar o debate, o tema é fundamental para a produção animal, uma vez que a alimentação responde por cerca de 70% do custo. “Ao utilizar as enzimas, o metabolismo do animal é acelerado, pois a digestão é facilitada. Isso diminui a necessidade de uma suplementação alimentar, diminuindo os custos” avalia. Siqueira credita que encontro será uma oportunidade para observar um panorama do que está em desenvolvimento, além de apontar o surgimento de novos mercados. Rações e enzimas para múltiplas finalidades são produtos importantes na chamada bioeconomia, que é mote dos trabalhos da Embrapa Agroenergia. Por isso, a carteira de projetos e a vitrine de tecnologias da instituição apresentam ações não só para a produção de biocombustíveis, mas também para a cadeia de nutrição animal, agroquímicos, produtos químicos de origem renovável e biomateriais.

Biotecnologia industrial é o tema central do EnPI 2017. Além da mesa-redonda sobre nutrição animal, haverá um segundo painel que vai debater a biotecnologia aplicada a cosméticos. Também no evento, os participantes poderão conhecer as pesquisas em andamento na Embrapa Agroenergia, por meio de trabalhos expostos em pôsteres e de uma palestra que será ministrada pelo chefe de Pesquisa e Desenvolvimento, Bruno Brasil. Haverá, ainda, uma sessão de abertura, que será feita pelo chefe-geral da Unidade, Guy de Capdeville, e contará com uma apresentação do presidente da Associação Brasileira de Biotecnologia Industrial, Bernardo Silva.

Serviço - As inscrições devem ser feitas até 18/09 e têm taxas que variam de R$20 a R$50, de acordo com a categoria. (Da Embrapa)

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