Criada em 05/07/2017 às 11h25 | Pecuária

“Se tem crise, está na hora de toda cadeia reduzir seu lucro, não só o pecuarista”, afirma diretor do Sindicato Rural de Araguaína

Nesta quarta-feira, discutem a mobilização da categoria para colocar em prática as reivindicações e cobrar os responsáveis. Entre as medidas defendidas pelo grupo estão: não vender para frigoríficos o gado abaixo de R$ 130 a arroba e redução da alíquota do ICMS.

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Wagner Borges: "Com 55% de ociosidade ficam mais bois retidos nas mãos dos pecuaristas. Não tem razão disso" (foto: Divulgação)

Ao avaliar a repercussão do anúncio do movimento “abate zero”, principalmente após a manifestação do sindicato que representa os frigoríficos, o diretor do Sindicato dos Produtores Rurais de Araguaína (SRA), Wagner Borges, declarou que a iniciativa não tem objetivo de confrontar a indústria processadora da carne, mas “equacionar a cadeia produtiva”.
“Se tem crise, está na hora de toda cadeia reduzir seu lucro, não só o pecuarista. Se quebra uma parte da cadeia, toda a cadeia se arrebenta. E o melhor é que o consumidor fosse o beneficiado”, afirmou Borges.

Ele deixou clara a relação entre pecuarista e frigoríficos referente à questão: "Nosso movimento não é um movimento contra os frigoríficos. É um movimento para recompor o valor da arroba do boi. No ano passado era pago R$ 133. O que queremos é voltar aos parâmetros. Não pedimos nada mais que o que pode ser pago pela indústria".

Para Borges, o objetivo é buscar o equilíbrio porque neste momento tanto pecuaristas e membros da indústria “sabem como é difícil tocar uma fazenda nesses patamares". “Se houver desemprego, vamos desempregar mais: no campo, no comércio, na indústria de insumos, nas oficinas, enfim, em todo o emprego direto e indireto que a pecuária gera e também a indústria.”

A manifestação do diretor do SRA, que ao lado de outros pecuaristas lidera o movimento, ocorre após entrevista do presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Carnes Bovinas, Suínas, Aves, Peixes e Derivados (Sindicarnes), Oswaldo Stival Júnior. Entre outras questões, ele declarou que o “Sindicarnes está atento às decisões que atendam somente um elo da cadeia sem analisar todos integrantes” e que a entidade quer participar das discussões entre pecuarista e governo do Estado.

Stival Júnior também abordou a questão da contenção do gado no pasto, que o movimento chama de “abate zero”. “As indústrias instaladas no Estado têm capacidade de abater 2.000.000 cabeças/ano e só abate 900.000 cabeça/ano por falta de matéria-prima. Se falta como podemos concordar com a saída de mais animais acabados para abate do Estado? Creio que 55% de ociosidade das indústrias não é possível”, disse.

Para o diretor do SRA, esse tema levantado pelo Sindicarnes deve ser debatido também no momento. “Com 55% de ociosidade ficam mais bois retidos nas mãos dos pecuaristas. Não tem razão disso. Poderia muito bem reduzir os abates e baixar a margem de lucro. Isso é jogada de mercado para diminuir o preço da arroba ofertada ao produtor e ao mesmo tempo segurar ou subir o preço da carne. Na gôndola subiu e para o produtor está uma defasagem monstruosa”, comentou.

MOBILIZAÇÃO DOS PECUARISTAS 

Na noite desta quarta-feira, 5, os pecuaristas voltam a se reunir. Agora, para discutir a mobilização da categoria para colocar em prática as reivindicações e cobrar os responsáveis. Entre as medidas defendidas pelo grupo estão: não vender para frigoríficos gado abaixo de R$ 130 a arroba e redução da alíquota do ICMS ( Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) para venda de gado do Tocantins para outros Estados. Atualmente, o índice é de 7%. Os criadores sugerem índice em torno de 3%. Essas são as principais pautas de reivindicação.

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